Evento é uma prévia da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica).
Márcia Tiburi e Edney Silvestre foram atrações da tarde deste sábado (9).
Mediada por Malu Fontes, mesa com Állex Leilla e Edney Silvestre encerrou Pré-Flica (Foto: Henrique Mendes / G1)
As polêmicas midiáticas nas redes sociais e os desafios da literatura
marcaram as duas últimas mesas da Pré-Flica na noite deste sábado (9). Outros dois debates ocorreram pela manhã. O evento, que ocorreu no Espaço Caixa Cultural, em Salvador, é considerado uma prévia da Festa Literária Internacional de Cachoeira
(Flica), que ocorre no recôncavo baiano. O encontro de escritores
nacionais e do mundo ocorre entre os dias 13 e 16 de outubro deste ano.De início, Márcia Tiburi afirmou que a televisão é hoje um grande instrumento de alienação. Há anos sem televisor em casa, avaliou que os produtos exibidos têm em geral a grande missão de deixar "as pessoas mansas" onde estão, sem que se questionem sobre diversas estruturas sociais opressoras. "A pessoas são ‘protetisadas’. É como se tivesse se colocado uma prótese. É como se tivessem um chip de conexão [da alienação]", disse.
Do outro lado, Antônio Prata se considerou menos pessimista na relação TV x telespectador. Para ele, a televisão tem um direcionamento progressista, se colocando muitas vezes à frente da própria sociedade. "Hoje você um beijo gay na TV", destacou.
Mediada por Danutta Rodrigues, mesa teve Márcia
Tiburi e Antônio Prata (Foto: Henrique Mendes / G1)
Durante as discussões, ambos os autores concordaram que os ambientes
virtuais têm sido espaços de propagação do ódio. Para Márcia Tiburi, por
exemplo, "as redes tiraram as máscaras" das pessoas e "deixaram o
inconsciente delas a céu aberto". Deste modo, por exemplo, a
manifestação do racismo, da homofobia e da misoginia tem se tornado
latente.Tiburi e Antônio Prata (Foto: Henrique Mendes / G1)
Para além dos aspectos negativos, Antônio Prata destacou no encontro com as redes sociais também têm se colocado como espaço de luta por direitos. Ele destacou, por exemplo, como o feminismo se apoderou da ferramenta na luta por empoderamento. "A internet dá um alto falante aos ofendidos que é muito importante", ressalta.
Márcia Tiburi avaliou que a internet é um espaço democrático, mas ressaltou que " a democracia não é a gente dá espaço para todo o discurso de ódio". A afirmação foi referente ao uso que as pessoas fazem das redes sociais como instrumento de ofensa. Ela destaca que sofreu muitos desses ataques, por exemplo, por ter escolhido ser feminista. "Não é possível discordar de nada sem achar que o outro é idiota", diz ela sobre o comportamento de muitos internautas.
Neste sentido, Antônio Prata foi taxativo ao concluir que "as mídias sociais criaram um espetáculo geral". Para ele, as pessoas estão busca de ibope, nem que isso tenha que ser alcançado com a propagação do ódio. "Muita gente quer lutar pelo direito de ser babaca no Brasil".
Públicou acompanhou debates da Pré-Flica
neste sábado, 9 (Foto: Henrique Mendes / G1)
'Resiliências'neste sábado, 9 (Foto: Henrique Mendes / G1)
"As resiliências da escrita" marcaram a última mesa da Pré-Flica. Sob mediação da jornalista Malu Fontes, a professora baiana Állex Leilla e o jornalista Edney Silvestre compartilharam com o público as histórias que os envolvem como escritores.
Para ambos, a observação do cotidiano é obra-prima da literatura. Álllex destacou que a "janela do ônibus" é um espaço produtivo de inspiração. Já Sidney Silvestre ressaltou que as andanças pelo país trazem à tona "brasis preciosos".
Para além das inspirações externas, a escritora de Bom Jesus da Lapa revelou que "a tristeza" é um combustível para a arte literária. "Normalmente, os momentos difíceis nos levam a uma introspecção reflexiva. É difícil escrever quando se está feliz. Algo tem que estar nos incomodando. Toda a história nasce de uma falta ou de um excesso", contou.
Por sua vez, o carioca Sidney Silvestre relatou que o conhecimento sobre o Brasil, por meio das experiências jornalísticas, também produz um impacto nas suas produções literárias. "Eu não separo o escritor do jornalista. Uma coisa leva a outra a outra leva a uma", esclareceu.
Otimistas, ambos os escritores afirmaram que o Brasil vive um momento de intensa produção literária. "Nunca na minha vida jornalística vi tanto interesse pelo livro, pela cultura. A internet ajudou nisso", atestou. Para Állex, esse avanço prova, progressivamente, que o livro físico não irá sucumbir às novas tecnologias. "O livro é a maior tecnologia já produzida", afirmou.
Aos novos escritores, Állex indicou a necessidade de muita leitura. Edney, por sua vez, sugeriu paciência. "Escreva e dê um tempo. Releia. Corrija. Corte. Releia. Dê tempo para a própria criação", alertou.
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