Presidente não pode repetir o erro de sua antecessora e ter contra si parte da base aliada
Qual deve
ser a postura correta do governo Michel Temer na disputa pela
Presidência da Câmara? Só há uma: ficar longe. E por vários motivos.
Em
primeiro lugar, não há nenhuma possibilidade de se chegar a um nome
hostil ao Palácio do Planalto. Qualquer que seja o escolhido, será um
aliado do governo. Em segundo lugar, a base de apoio ainda está em
consolidação; qualquer movimento do Planalto em favor de um nome ou de
outro pode gerar instabilidade. Em terceiro lugar, se Temer entra na
disputa, imediatamente tem início o mercado das trocas, e aparecerão os
patriotas dispostos a trocar votos por agrados.
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É claro
que o presidente tem de acompanhar a disputa. Em seu lugar, definidas as
pré-candidaturas, receberia a todos no Palácio do Planalto num sinal de
interesse e equidistância, deixando claro que, mais importante do que
esse ou aquele, é a agenda. O país não pode se dar ao luxo de escolher a
crise ao… afastar a crise.
É bom que a
gente se lembre: uma das sementes do desastre político em curso foi
devidamente plantada pela presidente Dilma Rousseff, ora afastada,
quando definiu que não aceitava que Eduardo Cunha fosse presidente da
Câmara. Aquela senhora se achava na condição de impor o nome que
presidiria a Casa.
Entrou
tardiamente na disputa. Cunha estava na corrida desde o dia em que se
tornou deputado; havia se preparado para aquilo; tinha já definida a sua
clientela. Não havia a menor possibilidade de ser derrotado
E, no
entanto, Dilma chamou Arlindo Chinaglia e o fez candidato à disputa — um
candidato planaltino. Convocou para uma conversa o então
vice-presidente Michel Temer e expediu a ordem: “Cunha não pode vencer”.
De ambos, a
sábia ouviu que o esforço era inútil; que não valia a pena caminhar
para uma derrota que era certa; que melhor faria a presidente se ficasse
longe do imbróglio, permitindo que vencesse o candidato da base que a
base queria.
Mas não! isso era mais realismo político do que Dilma poderia suportar.
O resto da história é conhecida.
O
candidato mais Identificado com o Planalto é Baleia Rossi (SP), que
pertence, afinal, ao PMDB de Temer. Rogério Rosso (PSD-DF) também está
na lista e leva vantagem porque considerado muito hábil. Presidiu a
Comissão do Impeachment na Câmara e se conduziu com segurança e
correção. Tem o apoio do chamado “Centrão”. Osmar Serraglio (PMDB-PR),
presidente da CCJ é tido como um bom nome, mas não tanto trânsito quanto
seria desejável. Rodrigo Maia (DEM-RJ) também desponta como o nome
identificado com as antigas oposições, que tiveram um papel fundamental
no impeachment de Dilma.
E há
outros nomes da lista. Qualquer um deles tem condições de dar ao governo
Michel Temer a necessária estabilidade para o que vem pela frente.
Por isso, o melhor a fazer é não fazer nada.
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