Haitiano Justin é o responsável pela 'Haitidelícia', em Manaus (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
Eles chegaram há alguns anos na capital do Amazonas e, desde então,
contam com o apoio da igreja católica. Aos poucos, os haitianos estão
conseguindo oportunidades e uma vida melhor em Manaus. É deles a
responsabilidade por manter uma fábrica de picolé. A "Haitidelícia" foi
fundada com recursos doados por uma igreja do interior paulista. Hoje, a
pequena empresa já emprega dezenas de imigrantes, e os administradores
já planejam aumento do negócio.
A paróquia de São Geraldo é o principal local que passou a abrigar
imigrantes haitianos após o terremoto no Haiti, em 2010. Foi o padre
Valdecir Mulinari, responsável pela igreja, que viu no calor amazônico e
no hábito local uma oportunidade de ajudar os recém-chegados.
Haitiana retira picolés que serão vendidos nas ruas
de Manaus (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
Sem ter fluência no português e tendo que concorrer com a mão de obra
local, muitos haitianos ainda têm dificuldades para conseguir emprego.
"Conseguimos R$ 25 mil de doação de uma igreja de São Bernardo do Campo,
em São Paulo. A comunidade ficou comovida com nossas ações e doou esse
valor para começarmos a fábrica. Um grupo de universitários de
administração ajudou a organizar a gestão da fábrica e escolher o nome
Haitidelicia. A igreja coordena a fábrica, mas o responsável é o
haitiano Justin, e todos os que vendem os picolés na rua também são
haitianos", ressalta o padre paranaense que mora na capital há sete
anos.
Jean Wilkenson Justin, de 29 anos, é o responsável pela administração
da empresa. Ele não quis posar para fotos, pois afirmou ter medo da
violência local. Para ele, a criação da fábrica de picolés foi essencial
para empregar os haitianos que não têm renda. A produção diária da
fábrica varia entre 1,2 mil e 1.5 mil picolés e conta com o trabalho de
quase 30 haitianos, conforme o responsável.
Fábrica produz diariamente cerca de 1,5 mil picolés
(Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
"O calor aqui é muito forte e tivemos uma pequena alta na produção.
Hoje temos duas pessoas na produção dos picolés, 15 vendendo nos
carrinhos e uns seis ou sete que trabalham com as caixas. Fabricamos 15
sabores, os mais vendidos são os feitos com frutas daqui como cupuaçu,
açaí e buriti", afirma Justin.
Segundo o padre Valdecir, o objetivo é que no futuro Justin e outros
haitianos possam gerir sozinhos a empresa. Justin já tem planos de
ampliar o negócio.
"Um empreendedor sempre tem uma visão para ampliar, melhorar. Meu
objetivo é abrir unidades em outras áreas da cidade para conseguir
alcançar mais pessoas tanto para vender como para comprar. Estamos
planejando ainda, mas trabalhando para dar certo", revela o haitiano.
Máquina em que são produzidos picolés vendidos por haitianos em Manaus (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
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