O bombardeio realizado pela aviação russa quarta-feira
(30/9) na Síria contra grupos insurgentes do regime de Bashar al-Assad provocaram
tensões entre Moscou e Washington.
As informações foram publicadas nesta quinta-feira pelo Jornal El País.
Segundo o jornal espanhol, o Ministério da Defesa da Rússia informou
que os ataques atingiram alvos do Estado Islâmico (EI). O secretário de Defesa
dos Estados Unidos, Ashton Carter, no entanto, disse que as primeiras
indicações são de que os bombardeios afetaram "provavelmente" a áreas
sem presença de EI. "Essas ações vão inflamar guerra civil",
lamentou.
Segundo o jornal The New York Times, entre os alvos
atingidos pela operação russa está um grupo rebelde treinados pela CIA. Ambos
Carter, como o Secretário de Estado, John Kerry, criticaram a Rússia pelo avanço
limitado e precisão com a qual a Rússia informou ataques.
O governo russo rebateu os EUA, dizendo que sua aviação realizou 20 saídas e atingiu "oito alvos do grupo Estado Islâmico".
De acordo com o El País, na terça-feira à noite, o presidente Vladimir Putin reuniu-se
com o conselho de Segurança para discutir a luta contra o terrorismo. Depois de
obter a aprovação da Câmara Alta do Parlamento russo para usar as forças armadas
na Síria, Putin disse em uma sessão de governo que não era sua intenção
"mergulhar de cabeça" no conflito sírio e disse que a intervenção
russa terá lugar "severamente nos quadros estabelecidos" e seria
limitada ao apoio aéreo do exército do presidente Bashar al-Assad ", sem a
participação de operações em terra."
A missão será limitada ao "prazo de operações ofensivas
pelo Exército sírio", disse Putin, salientando que a participação da
Rússia na operação antiterrorista na Síria, com base no direito internacional é
uma resposta ao pedido oficial do presidente Assad. Putin ressaltou que os
Estados Unidos, Austrália e França, cuja força aérea bombardearam as posições
dos EI, não obtiveram mandato do Conselho de Segurança da ONU e não têm o
pedido do país em busca de ajuda militar.
A Rússia "considera possível e indicado unir os
esforços de todos os Estados interessados" na luta contra o Estado
Islâmico, contando com a Carta das Nações Unidas, disse ele. O único "caminho
certo" na luta contra o terrorismo internacional é "ato de
antecedência, combater e aniquilar os combatentes e terroristas que já
conquistaram território e não esperar por eles para vir à nossa casa",
disse ele.
O Secretário de Defesa dos EUA Ash Carter, considerou nesta
quarta-feira que a estratégia russa na Síria está condenada ao
"fracasso". Carter disse que o objetivo da Rússia de combate o EI,
apoiando o regime de Bashar al-Assad é "contraditório" e só aumenta o
risco de deterioração da guerra civil síria porque fortalece grupos extremistas
sem procurar uma solução política para conflito.
Rússia garante coordenado com o Irã e o Iraque, de um centro
de recém-fundada no Iraque, mas não está claro o grau de informação mútua que
flui entre Moscou e as outras potências ocidentais que bombardeiam os islâmicos
na Síria. A julgar pelos relatórios ocidentais, a Rússia antecipou conversações
com representantes militares dos dos Estados Unidos.
O secretário de Estado, John Kerry e seu colega russo,
Sergey Lavrov, anunciaram quarta-feira
em uma aparição conjunta diante de jornalistas depois de uma reunião do
Conselho de Segurança das forças armadas que os ambos os países das Nações
Unidas serão contactados logo para evitar possíveis incidentes.
O acordo tem como objetivo "evitar incidentes
indesejáveis", disse Lavrov em declarações aos jornalistas com o norte-americano,
com quem teve sua terceira reunião nos últimos dias. De acordo com Kerry, que
reiterou as "preocupações" dos Estados Unidos sobre os objetivos da
intervenção russa na Síria, os contatos podem começar tão cedo quanto
quinta-feira.
Segundo o jornal Novaya Gazeta, os militares russos
consultados pelos representantes do setor de petróleo perguntaram sobre as estações de bombeamento
que não devem ser utilizadas para evitar o transporte e contrabando de
petróleo. As petroleiras deram aos representantes do Ministério da Defesa
informação exaustiva sobre a localização das instalações controladas pela EI.
Contrabando de petróleo é uma das fontes de financiamento do grupo terrorista.
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