Indígenas aguardam a entrega de 40 vacas leiteiras para iniciar produção.
Plano dos índios é vender o leite produzido para cooperativas.
Índios se capacitam para tirar leite com ordenhadeira (Foto: Reprodução/ TVCA)
A tecnologia tem modificado a realidade de índios da etnia Bororo, na
aldeia Jarudore em Poxoréu, a 259 km de Cuiabá. Com o intuito de
garantir a autonomia financeira da comunidade, os indígenas estão
participando de cursos técnicos para aprenderem a manusear ordenhadeiras
mecânicas. Os cursos de ordenha e controle de qualidade do leite é
ensinado em uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
(Senar).
Abandonando a caça e a pesca, os bororos buscam garantir a própria
renda através do leite. A oportunidade de ganhar o próprio dinheiro
chegou à aldeia juntamente com a rede de energia elétrica. Os
equipamentos só puderam ser adquiridos através de uma indenização paga
pela empresa responsável pela instalação da rede na área da reserva
indígena. Pelo impacto ambiental e social na área, a organização pagou
cerca de R$ 500 mil.
“Nós estamos caminhando para, futuramente, sermos independente da
Funai. A gente quer ter dinheiro para ir em lojas e comprar, ir no
hospital e pagar a consulta e não depender só do SUS e nem da boa
vontade dos outros”, justificou a índia bororo Emilene dos Santos Bakari
Egiri.
Curso de ordenha mecânica é dado para índios bororos (Foto: Reprodução/ TVCA)
Para garantir a qualidade do leite, os índios aprendem não apenas a
operar o equipamento, mas a identificar doenças nas vacas, conservar o
equipamento, produção sustentável, além de técnicas de recuperação de
pastagens. “Esse curso é muito bom para nós, porque vamos estar aptos a
tirar o leite e aprender a dar a primeira qualidade do leite”, disse o
índio Arlindo de Souza Gomes. Cada curso dura em média 40 horas e para a
aulas uma zootecnista foi até a aldeia para ensinar os índios.
Os indígenas aguardam a entrega de 40 vacas leiteiras e dois touros
para inciar o processo de produção. Quando tudo estiver funcionando,
quatro vacas poderão ser ordenhadas ao mesmo tempo e, cada uma deve
produzir de 15 a 20 litros de leite por dia. Para garantir a renda, os
índios planejam vender o leite para uma cooperativa da região.
Para a cacique Maria Aparecida dos Anjos Toroukeurewdo, a oportunidade
serva também para acabar com o preconceito contra os índios. “A gente é
muito discriminado, então isso serve para a gente mostrar que nós temos
capacidade de pôr no mercado um produto de qualidade igual a todos”,
disse.
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