O uso de 20 cães saudáveis do canil municipal de Viçosa em pesquisas da Universidade Federal de Viçosa gera revolta na cidade; eles serão submetidos a uma doença e depois executados ao fim da experiência
por
iG Minas Gerais - Juliana Baeta
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Todos
os cães que ilustram essa reportagem serão eutanasiados dentro de dois
meses, mesmo sendo saudáveis. O uso dos animais em experimentos do
departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa, na Zona
da Mata, motivou um protesto de ativistas e protetores de animais na
quinta-feira (15/10).
Cerca de 20 cães que estavam abrigados no canil municipal foram encaminhados ao departamento, onde estão sendo submetidos a uma doença. Depois do experimento, que tem duração de dois meses, eles serão mortos.
A Sociedade Viçosense de Proteção aos Animais (Sovipa) explica que, por causa de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela prefeitura de Viçosa e pela UFV perante o Ministério Público Federal, apenas os animais gravemente doentes e sem expectativa de vida poderiam ser usados nos experimentos. Os cachorros saudáveis são tratados por entidades de proteção e pela própria Sovipa e, posteriormente, encaminhados para adoção.
Uma voluntária da sociedade, que prefere não ser identificada, explica que em 2009 houve uma denúncia de que os animais do canil que ficava no departamento de veterinária da UFV eram executados de forma cruel. Com a pressão das entidades e ativistas, foi assinado o TAC tornando a prefeitura responsável pelo canil com a responsabilidade de cuidar os animais de rua.
“Só os animais doentes poderiam ser usados nos experimentos. É claro que não é o ideal, mas infelizmente, está dentro da legalidade utilizar animais em experimentos”, conta.
O TAC foi novamente levado a Justiça Federal em 2013 para que este compromisso fosse reafirmado. “Mas em junho deste ano, o professor do departamento de veterinária que também era coordenador do canil e nos ajudava neste trabalho de resgate e tratamento dos animais de rua pediu para sair da coordenação por algum problema interno”, diz a voluntária.
Com a saída do professor, foi nomeada uma comissão para coordenar o canil, composta por professores do departamento de Veterinária e por veterinários da prefeitura.
“Mas desde que essa comissão assumiu a coordenação, a entrada de veterinários no local foi proibida, assim como as nossas campanhas de doações, de vacinação. Por exemplo, tínhamos conseguido uma boa doações de vacinas, mas não pudemos entrar para tratar os animais e acabamos perdendo todas”, lembra.
Há cerca de duas semanas, a comissão liberou 20 cães saudáveis do canil para serem utilizados pelo departamento de veterinária em um experimento tido como cruel pelos ativistas.
Os animais estão sendo submetidos a uma doença que eles não tinham, chamada displasia coxofemoral, para que sejam utilizados como cobaias no estudo sobre ela. Ao final de dois meses, todos serão sacrificados.
“Eu reafirmo que estes animais estavam saudáveis. E essa doença atinge só animais de raças específicas e todos estes cães são vira-latas. A comissão alega que os animais eram velhos ou agressivos, mas não é verdade. Todos estes cães têm aproximadamente 2 anos. E quando eles falam sobre cães agressivos, se referem a apenas alguns animais que corriam atrás de motos no campus, mas que nunca atacaram ninguém. Eles são super mansos, nunca fizeram nenhum mal a seres humano”, explica.
Ainda conforme a Sovipa, a “briga” não é pela legalidade ou não do uso de animais nos experimentos, mas pelo descumprimento do TAC.
“Depois que fomos impedidos de entrar no canil apareceram pessoas interessadas em adotar dois cães que estão lá. Um voluntário, inclusive, foi lá pessoalmente adotar um dos animais e foi proibido. A prioridade era que estes animais fossem encaminhados para adoção e não para as experiências. Não nos deram nem a oportunidade de trabalhar nisso, de fazer a campanha de adoção”, relata a voluntária.
Protesto
Na quinta-feira (15/10), ativistas se uniram em um protesto pacífico na universidade. Eles levaram cartazes com as fotos e os nomes dos cachorros que foram levados do canil.
“Tivemos apoio do movimento estudantil neste ato em tentativa de mostrar para a comunidade acadêmica e a sociedade de Viçosa o que está acontecendo. Vamos fazer pressão mesmo para que a direção da universidade repense essa postura”, conta Francisco Duarte, voluntário da Sovipa e aluno da UFV.
“O uso dos animais na pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética da universidade, mas este comitê é muito homogêneo. Formado por biólogos e pessoas que tem mais esse pensamento de priorizar a ciência. Nós, por exemplo, da Sovipa, temos apenas uma cadeira no comitê que destoa dessa filosofia homogênea”, explica ainda.
“O dever de organizar programas de adoção é da prefeitura, mas a Sovipa vem fazendo este trabalho. Só que em 2013 tivemos problemas financeiros que nos impediram de continuar e ao invés de continuar este trabalho, o departamento o inviabilizou. Esses animais não são alvo de projeto de adoção sério, que é uma obrigação da prefeitura”, relata.
Ele também deixa claro que o problema não é com o departamento de Veterinária, mas com a conduta adotada pelo setor. “A gente é contra essa filosofia que consideramos anti-ética, de que a ciência está acima de tudo. A gente acredita que a ciência precisa caminhar para uma forma menos destrutiva e parar de tratar animais, cachorros, como objeto. E essa é uma divergência positiva, já que a universidade é um lugar de debate, de discussão de ideias. Vamos continuar protestando pacificamente contra isso”, pondera.
Ainda conforme Francisco, a falta de transparência do departamento em informar sobre o assunto, gera dúvidas. “Eles pegaram 20 cachorros, mas não temos certeza se todos estes cães serão usados. Como ficamos sabendo, a experiência vai utilizar oito cães e outros oito como grupo de controle. E os outros quatro? A gente não sabe”, conclui.
Mobilização
A polêmica em torno do caso levou o deputado Noraldino Junior, presidente da Comissão de Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a uma visita na cidade. Segundo ele, o caso foi levado para a CPI de maus-tratos em Brasília.
“Denunciei a veterinária responsável pelo descumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e por maus-tratos, de acordo com a Lei Federal 9.605. Também fiz denúncia à CPI de maus-tratos de Brasília, para que estes fatos sejam incluídos em suas investigações”, relatou.
O caso também está gerando grande repercussão nas redes sociais. A apresentadora Luísa Mell postou em sua página pessoal nessa quinta-feira (15/10) a indignação em relação ao assunto, e a postagem gerou quase 20 mil curtidas e cerca de 5 mil comentários.
Veja o post completo:
“Amigos, olhem que absurdo! Recebi a denúncia de que os cães do canil municipal de Viçosa estão sendo enviados para serem cobaias da universidade Federal de Veterinária de Viçosa, em Minas Gerais. Segundo a denúncia da Sovipa, há duas semanas, 20 cães saudáveis que estavam abrigados no canil foram encaminhados para um experimento que, ao final, os levará à morte. Mais precisamente, eles serão eutanasiados ao final de dois meses de sofrimento em que serão induzidos a desenvolver uma doença chamada displasia coxofemoral. Eu não me conformo. Não vou aceitar mais esta barbaridade. Os animais que já sofreram nas ruas com o abandono e maus tratos ainda são submetidos a essas torturas?????? Não vamos nos calar!!
Faculdade de veterinária tem que ensinar a amar e cuidar dos animais! Não a tratá-los como cobaia!!!!!! Parece que ensinam que os que não tem dono, não podem pagar, não merecem respeito! É isso?? Vamos torturar vira-latas abandonados para quem sabe um dia achar um remédio para os cães que tem donos? Lamentável!
As faculdades de veterinária deveriam é ter ambulatórios para atender os animais de pessoas carentes!! Isso sim iria fazer os alunos terem experiência e ajudaria muito os animais”.
A resposta da UFV, no entanto, vai contra todas as denúncias e apuração feitas pelos ativistas e pelas entidades. Segundo nota publicada no site da universidade nessa sexta-feira (16/10), “o Canil, administrado por uma Comissão integrada por representantes da UFV e da Prefeitura de Viçosa, prioriza a adoção como destino dos animais”.
Resposta
Confira o posicionamento da UFV sobre o assunto na íntegra:
“A UFV é uma instituição que, há 89 anos, apresenta-se como um centro avançado de pesquisas nas mais diversas áreas. Assim como acontece em outras instituições, a participação de animais em experimentos científicos é uma prática adotada pela Universidade, que segue todos os procedimentos regulamentados por órgãos competentes como Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), e Conselho Federal de Medicina Veterinária. Isso acontece com roedores, suínos, bovinos, cães e outros animais.
É fato que a participação de animas em tal finalidade é uma questão em debate em todo o mundo, sobre a qual ainda não há consenso. A justificativa que prevê tal prática se fundamenta na impossibilidade de realização de testes importantes para avanços de conhecimentos relacionados à saúde humana e animal.
No caso dos cães, os experimentos na UFV acontecem somente quando há entendimento de que esses animais são imprescindíveis para o resultado de uma pesquisa. Quando isso ocorre, eles são liberados mediante parecer aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua) da Universidade, órgão do qual faz parte a Sociedade Viçosense de Proteção dos Animas (Sovipa). Tal procedimento é adotado, inclusive, com os cães do Canil Municipal e nem sempre resulta em eutanásia.
É importante ressaltar que o Canil, administrado por uma Comissão integrada por representantes da UFV e da Prefeitura de Viçosa, prioriza a adoção como destino dos animais. Tanto é assim que um levantamento realizado pela Comissão apontou que a taxa de adoção de cães entre janeiro de 2011 a abril de 2015 foi de 30%. Esse valor é superior aos encontrados na literatura disponível, que registra valores menores que 15%. Contudo, é ainda muito aquém do necessário para que não haja acumulação de animais e, portanto, lotação do Canil.
Assim, os pesquisadores da UFV envolvidos em pesquisas com animais são conscientes de seus deveres e conduzem seus experimentos respeitando e cumprindo todos os preceitos éticos e normas legais que regulamentam tais práticas”.
Cerca de 20 cães que estavam abrigados no canil municipal foram encaminhados ao departamento, onde estão sendo submetidos a uma doença. Depois do experimento, que tem duração de dois meses, eles serão mortos.
A Sociedade Viçosense de Proteção aos Animais (Sovipa) explica que, por causa de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela prefeitura de Viçosa e pela UFV perante o Ministério Público Federal, apenas os animais gravemente doentes e sem expectativa de vida poderiam ser usados nos experimentos. Os cachorros saudáveis são tratados por entidades de proteção e pela própria Sovipa e, posteriormente, encaminhados para adoção.
Uma voluntária da sociedade, que prefere não ser identificada, explica que em 2009 houve uma denúncia de que os animais do canil que ficava no departamento de veterinária da UFV eram executados de forma cruel. Com a pressão das entidades e ativistas, foi assinado o TAC tornando a prefeitura responsável pelo canil com a responsabilidade de cuidar os animais de rua.
“Só os animais doentes poderiam ser usados nos experimentos. É claro que não é o ideal, mas infelizmente, está dentro da legalidade utilizar animais em experimentos”, conta.
O TAC foi novamente levado a Justiça Federal em 2013 para que este compromisso fosse reafirmado. “Mas em junho deste ano, o professor do departamento de veterinária que também era coordenador do canil e nos ajudava neste trabalho de resgate e tratamento dos animais de rua pediu para sair da coordenação por algum problema interno”, diz a voluntária.
Com a saída do professor, foi nomeada uma comissão para coordenar o canil, composta por professores do departamento de Veterinária e por veterinários da prefeitura.
“Mas desde que essa comissão assumiu a coordenação, a entrada de veterinários no local foi proibida, assim como as nossas campanhas de doações, de vacinação. Por exemplo, tínhamos conseguido uma boa doações de vacinas, mas não pudemos entrar para tratar os animais e acabamos perdendo todas”, lembra.
Há cerca de duas semanas, a comissão liberou 20 cães saudáveis do canil para serem utilizados pelo departamento de veterinária em um experimento tido como cruel pelos ativistas.
Os animais estão sendo submetidos a uma doença que eles não tinham, chamada displasia coxofemoral, para que sejam utilizados como cobaias no estudo sobre ela. Ao final de dois meses, todos serão sacrificados.
“Eu reafirmo que estes animais estavam saudáveis. E essa doença atinge só animais de raças específicas e todos estes cães são vira-latas. A comissão alega que os animais eram velhos ou agressivos, mas não é verdade. Todos estes cães têm aproximadamente 2 anos. E quando eles falam sobre cães agressivos, se referem a apenas alguns animais que corriam atrás de motos no campus, mas que nunca atacaram ninguém. Eles são super mansos, nunca fizeram nenhum mal a seres humano”, explica.
Ainda conforme a Sovipa, a “briga” não é pela legalidade ou não do uso de animais nos experimentos, mas pelo descumprimento do TAC.
“Depois que fomos impedidos de entrar no canil apareceram pessoas interessadas em adotar dois cães que estão lá. Um voluntário, inclusive, foi lá pessoalmente adotar um dos animais e foi proibido. A prioridade era que estes animais fossem encaminhados para adoção e não para as experiências. Não nos deram nem a oportunidade de trabalhar nisso, de fazer a campanha de adoção”, relata a voluntária.
Protesto
Na quinta-feira (15/10), ativistas se uniram em um protesto pacífico na universidade. Eles levaram cartazes com as fotos e os nomes dos cachorros que foram levados do canil.
“Tivemos apoio do movimento estudantil neste ato em tentativa de mostrar para a comunidade acadêmica e a sociedade de Viçosa o que está acontecendo. Vamos fazer pressão mesmo para que a direção da universidade repense essa postura”, conta Francisco Duarte, voluntário da Sovipa e aluno da UFV.
“O uso dos animais na pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética da universidade, mas este comitê é muito homogêneo. Formado por biólogos e pessoas que tem mais esse pensamento de priorizar a ciência. Nós, por exemplo, da Sovipa, temos apenas uma cadeira no comitê que destoa dessa filosofia homogênea”, explica ainda.
“O dever de organizar programas de adoção é da prefeitura, mas a Sovipa vem fazendo este trabalho. Só que em 2013 tivemos problemas financeiros que nos impediram de continuar e ao invés de continuar este trabalho, o departamento o inviabilizou. Esses animais não são alvo de projeto de adoção sério, que é uma obrigação da prefeitura”, relata.
Ele também deixa claro que o problema não é com o departamento de Veterinária, mas com a conduta adotada pelo setor. “A gente é contra essa filosofia que consideramos anti-ética, de que a ciência está acima de tudo. A gente acredita que a ciência precisa caminhar para uma forma menos destrutiva e parar de tratar animais, cachorros, como objeto. E essa é uma divergência positiva, já que a universidade é um lugar de debate, de discussão de ideias. Vamos continuar protestando pacificamente contra isso”, pondera.
Ainda conforme Francisco, a falta de transparência do departamento em informar sobre o assunto, gera dúvidas. “Eles pegaram 20 cachorros, mas não temos certeza se todos estes cães serão usados. Como ficamos sabendo, a experiência vai utilizar oito cães e outros oito como grupo de controle. E os outros quatro? A gente não sabe”, conclui.
Mobilização
A polêmica em torno do caso levou o deputado Noraldino Junior, presidente da Comissão de Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a uma visita na cidade. Segundo ele, o caso foi levado para a CPI de maus-tratos em Brasília.
“Denunciei a veterinária responsável pelo descumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e por maus-tratos, de acordo com a Lei Federal 9.605. Também fiz denúncia à CPI de maus-tratos de Brasília, para que estes fatos sejam incluídos em suas investigações”, relatou.
O caso também está gerando grande repercussão nas redes sociais. A apresentadora Luísa Mell postou em sua página pessoal nessa quinta-feira (15/10) a indignação em relação ao assunto, e a postagem gerou quase 20 mil curtidas e cerca de 5 mil comentários.
Veja o post completo:
“Amigos, olhem que absurdo! Recebi a denúncia de que os cães do canil municipal de Viçosa estão sendo enviados para serem cobaias da universidade Federal de Veterinária de Viçosa, em Minas Gerais. Segundo a denúncia da Sovipa, há duas semanas, 20 cães saudáveis que estavam abrigados no canil foram encaminhados para um experimento que, ao final, os levará à morte. Mais precisamente, eles serão eutanasiados ao final de dois meses de sofrimento em que serão induzidos a desenvolver uma doença chamada displasia coxofemoral. Eu não me conformo. Não vou aceitar mais esta barbaridade. Os animais que já sofreram nas ruas com o abandono e maus tratos ainda são submetidos a essas torturas?????? Não vamos nos calar!!
Faculdade de veterinária tem que ensinar a amar e cuidar dos animais! Não a tratá-los como cobaia!!!!!! Parece que ensinam que os que não tem dono, não podem pagar, não merecem respeito! É isso?? Vamos torturar vira-latas abandonados para quem sabe um dia achar um remédio para os cães que tem donos? Lamentável!
As faculdades de veterinária deveriam é ter ambulatórios para atender os animais de pessoas carentes!! Isso sim iria fazer os alunos terem experiência e ajudaria muito os animais”.
A resposta da UFV, no entanto, vai contra todas as denúncias e apuração feitas pelos ativistas e pelas entidades. Segundo nota publicada no site da universidade nessa sexta-feira (16/10), “o Canil, administrado por uma Comissão integrada por representantes da UFV e da Prefeitura de Viçosa, prioriza a adoção como destino dos animais”.
Resposta
Confira o posicionamento da UFV sobre o assunto na íntegra:
“A UFV é uma instituição que, há 89 anos, apresenta-se como um centro avançado de pesquisas nas mais diversas áreas. Assim como acontece em outras instituições, a participação de animais em experimentos científicos é uma prática adotada pela Universidade, que segue todos os procedimentos regulamentados por órgãos competentes como Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), e Conselho Federal de Medicina Veterinária. Isso acontece com roedores, suínos, bovinos, cães e outros animais.
É fato que a participação de animas em tal finalidade é uma questão em debate em todo o mundo, sobre a qual ainda não há consenso. A justificativa que prevê tal prática se fundamenta na impossibilidade de realização de testes importantes para avanços de conhecimentos relacionados à saúde humana e animal.
No caso dos cães, os experimentos na UFV acontecem somente quando há entendimento de que esses animais são imprescindíveis para o resultado de uma pesquisa. Quando isso ocorre, eles são liberados mediante parecer aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua) da Universidade, órgão do qual faz parte a Sociedade Viçosense de Proteção dos Animas (Sovipa). Tal procedimento é adotado, inclusive, com os cães do Canil Municipal e nem sempre resulta em eutanásia.
É importante ressaltar que o Canil, administrado por uma Comissão integrada por representantes da UFV e da Prefeitura de Viçosa, prioriza a adoção como destino dos animais. Tanto é assim que um levantamento realizado pela Comissão apontou que a taxa de adoção de cães entre janeiro de 2011 a abril de 2015 foi de 30%. Esse valor é superior aos encontrados na literatura disponível, que registra valores menores que 15%. Contudo, é ainda muito aquém do necessário para que não haja acumulação de animais e, portanto, lotação do Canil.
Assim, os pesquisadores da UFV envolvidos em pesquisas com animais são conscientes de seus deveres e conduzem seus experimentos respeitando e cumprindo todos os preceitos éticos e normas legais que regulamentam tais práticas”.
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