Antes da alta temporada, redes de hotéis já registram altos índices de ocupação
Com a alta do dólar, o brasileiro foi obrigado a refazer seus planos de viagens. Altos custos com alimentação e estadia no exterior fizeram a demanda por passagens aéreas despencar, obrigando as companhias a anunciarem promoções de até 90%. Mesmo assim, a opção da classe média do país por destinos domésticos é cada vez mais nítida.Nas praias de São Paulo e Rio de Janeiro, os aluguéis de casas para oito dias durante o Réveillon não saem por menos de 30 mil reais, impulsionados pela grande procura.
Em outubro e novembro, ainda considerados meses de baixa estação, a taxa de ocupação dos hotéis já atinge a faixa de 70 a 75%.
"O brasileiro está viajando mais dentro do país. Para algumas classes não importa o aumento do dólar. É um número reduzido, mas para eles não tem crise. O turista classe média que foi muito impactado. Ele até pode comprar uma passagem a prazo, mas lá fora as compras são feitas ou com dinheiro vivo ou com cartão de crédito, que tem 6% de imposto", analisa o diretor da Federação Nacional de Turismo, Vitor Daniel.
Atualmente o avião é escolhido como meio de transporte em cerca de 17% das viagens dos brasileiros, afirma José Francisco Salles Lopes, diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas do Ministério do Turismo, que ainda confirma a tendência de que o turismo doméstico seja incrementado. "Fazemos uma pesquisa mensal sobre a intenção de viagens para os próximos seis meses. De uma forma geral, há nesse ano um crescimento das definições por viagens internas, influenciadas pela estrutura do preço do dólar".
Além da cotação da moeda norte-americana, a crise econômica generalizada também afeta o setor. Como a maior parte das viagens são feitas com automóveis, o aumento do preço da gasolina limitou a distância dos locais procurados. "Praticamente 50% dos brasileiros vêm buscando atrativos turísticos em seu próprio estado. Para a própria região, essa proporção chega a 80%", afirma Lopes.
Neste contexto, apenas grandes operadoras que podem congelar o câmbio conseguem manter o fluxo de viagens para o exterior, avalia o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio, também informando que os índices de ocupação para o fim do ano já apontam que as reservas de hotéis estão quase esgotadas no país. "Do segundo semestre para cá temos obtido resultados bons e ainda projetamos um verão muito positivo, com grande fluxo para os hotéis das capitais".
Thiago Avila, supervisor administrativo do Hotel do Frade & Golf Resort, em Angra dos Reis, no sul do Estado do Rio de Janeiro, diz que o aumento da procura já é evidente. "Alguns feriados foram um termômetro e neles verificamos um aumento de fluxo. A alta do dólar trouxe um publico que não viria em outro cenário", avalia.
As elevadas temperaturas são outro fator que deve aquecer o turismo nacional, principalmente nas regiões serranas e nos parques aquáticos do país. Responsável pelo marketing da Pousada Les Roches, em Petrópolis, na região serrana fluminense, Cíntia Palha aposta que o forte calor vai garantir o movimento local. "Estamos cheios desde abril em todos finais de semana, as pessoas têm preferido ficar aqui".
Marcelo Vieira, coordenador de Relações Públicas do Beach Park, maior parque aquático da América Latina, em Fortaleza, afirma que a perspectiva para a alta temporada é de completa lotação. "Além do aumento do dólar, outro fato importante é que no período de julho de 2014 o volume de movimento foi abaixo do que esperávamos, devido à Copa do Mundo. Esperamos então que essas pessoas viagem agora esse ano".
Outra vantagem é que, com o real mais barato lá fora, a chegada do turista estrangeiro ao país também é facilitada, lembra o Secretário Estadual de Turismo do Rio de Janeiro, Nilo Sergio Felix. "Em 2014, o país recebeu 6,4 milhões de estrangeiros. A previsão para 2015 é que esse número seja maior". Para o secretário, o quadro atual é uma boa chance não apenas para as capitais brasileiras. "O interior do Rio teve nesse último fim de semana taxa de 85% de ocupação, é uma oportunidade para o turismo interno".
De acordo com o vice-presidente administrativo da Associação Brasileira de Agências de Viagens, Edmar Bull, com o empurrão do setor doméstico, "o turismo no Brasil deve ter um crescimento de 5% em relação ao ano passado".
*programa de estágio do JB
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