MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 6 de março de 2015

Renan e Cunha desmentem o Planalto e deixam Dilma muito mal


Carlos Newton
Como se sabe, na terça-feira foi vazada propositadamente pelo Planalto a informação de que constam da lista do procurador-geral Rodrigo Janot os nomes do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e do deputado Eduardo Cunha (PMDB-TJ), que coincidentemente presidem Senado e Câmara.
Toda a grande mídia anunciou que Renan e Cunha haviam sido “avisados” pelo Planalto de que seus nomes constavam da lista, como se tivesse ocorrido um ato de gentileza e deferência do Executivo aos dirigentes de um dos outros poderes da República, o Legislativo.
Até então, não se sabia que se tratava de uma iniciativa da cúpula do Planalto visando a desmoralizar os presidentes do Senado e da Câmara, que estavam resistindo a cumprir determinadas ordens da presidente Dilma. Mas a verdade logo começou a surgir.
A notícia foi transmitida em caráter sigiloso (em “off”, como se diz no linguajar jornalístico) aos jornalistas que fazem diariamente a cobertura da Presidência da República, mas todos eles tiveram o cuidado de atribuir a explosiva informação a “assessores do Planalto”, embora sem indicar nomes.
PLANO MAL EXECUTADO
O plano para desmoralizar Renan e Cunha e fazê-los se curvar ao governo começou a desmoronar justamente quando a informação foi atribuída a “assessores do Planalto”. Além disso, os articuladores da manobra esqueceram outro detalhe importantíssimo. Antes de os assessores passarem a notícia aos repórteres, os presidentes do Senado e da Câmara já deveriam ter sido comunicados a respeito da lista, para que depois ninguém pudesse culpar o Planalto por espalhar a “notícia”, porque haveria também possibilidade de a  informação ter sido vazado pelas próprias assessorias de Renan de Cunha, o que ficaria difícil precisar no meio da confusão que fatalmente se formaria.
O fato é que nem a presidente Dilma Rousseff nem o ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil, se deram ao trabalho de avisar Renan e Cunha. E esta falha foi fatal, porque o Planalto acabou dando mais um tiro no pé, como se dizia antigamente.
NINGUÉM OS AVISOU
É claro que a delicada e desabonadora informação não poderia ser transmitida a Renan e a Cunha por um simples assessor do Planalto. A comunicação (ou “o aviso”, como saiu publicado) teria de ser feita pessoalmente pela presidente Dilma ou pelo ministro Mercadante,  em nome dela. Caso contrário, ficaria evidente que uma informação dessa gravidade fora levada ao conhecimento de funcionários subalternos do Planalto, o que representaria uma traição aos dois políticos do PMDB, até então ainda supostos aliados, na condição de dirigentes do principal partido de apoio ao governo.
Como se vê, Dilma e Mercadante são os dois principais aloprados do Planalto. Não tiveram o cuidado de avisar Renan e Cunha, antes que os assessores espalhassem a “notícia”,e agora os presidentes do Senado e da Câmara se sentem traídos e não há mais possibilidade de reconciliação com o Planalto.
TOCA TELEFONE, TOCA
No desespero pela “alopragem” (neologismo criado por Eduardo Cunha), a presidente Dilma já ligou várias vezes para Renan, mas ele não atende. Nem vai atender.
Renan e Cunha já desmentiram publicamente os assessores do Planalto, afirmando que ninguém lhes falou nada sobre a lista do procurador-chefe Janot, ou seja, foram apanhados de surpresa.
Devido a essa “alopragem”, o segundo governo de Dilma, que mal começou, tem agora um encontro marcado com o fracasso. A base aliada não existe mais, a ainda presidente não conseguirá aprovar nada no Congresso, a crise política, econômica e social se aprofundará inexoravelmente. E ela tentará ficar no poder enquanto puder, fingindo que não está acontecendo nada, como se fosse aluna do célebre professor Pangloss.
Se Dilma não souber quem foi Pangloss, pode perguntar a Lula, que com certeza já conhece profundamente as sábias lições do renomado pensador francês. Conforme foi divulgado semana passada pelos dirigentes do Instituto Lula, nos últimos dois anos o ex-presidente se tornou um leitor compulsivo dos clássicos da literatura universal. Pelos títulos citados por seus assessores, a biblioteca de Lula é de fazer inveja. Podem acreditar.
Quanto ao impeachment, é só uma questão de tempo.

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