MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 7 de março de 2015

Moro vai investigar Dilma através do inquérito sobre Palocci


Carlos Newton
O ministro José Eduardo Cardoso, que estava fugindo da imprensa desde o escândalo de suas “conversações” com advogados de empreiteiras, subitamente voltou à cena e convocou entrevista coletiva em pleno fim de semana, para se jactar da divulgação da lista de envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras.
Cardozo, que não se candidatou e hoje precisa desesperadamente se manter no Ministério, dedicou a entrevista a elogiar a presidente Dilma Rousseff e dizer que as investigações sobre o envolvimento dela não deram em nada. “Não há o menor indício”, declarou ele.
Acontece que Cardozo é um ministro da Justiça que necessita de tradução simultânea em matéria jurídica. Nada do que ele declarou consta do relatório do procurador-geral Rodrigo Janot, que simplesmente afirmou que a presidente Dilma estaria livre de inquérito, porque a corrupção não teria ocorrido no atual mandato dela. Mas tal argumento, por óbvio, não permite a Cardozo proclamar apressadamente a inocência da chefe do governo.
O fato incontestável é que a presidente foi citada em depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef.
CITADA DIRETAMENTE
Ao abordar o financiamento da campanha presidencial de 2010, Costa declarou que, a pedido de Youssef, autorizou destinar à campanha de Dilma R$ 2 milhões desviados de contratos da Petrobras e que originalmente seriam destinados ao PP. E o pedido de reforço de verba partiu do ex-ministro Antônio Palocci, que coordenava a campanha de Dilma.
Costa ressalvou que Yousseff não esclareceu a ele se o pedido deste montante foi feito pessoalmente por Palocci ou se por meio de algum assessor. “Apenas mencionou que era um pedido vindo de Antônio Palocci.”
O ex-diretor afirmou também ter conhecido Palocci em 2004, quando o ex-ministro integrava o Conselho de Administração da Petrobras e Dilma Rousseff então presidia o colegiado, como ministra de Minas e Energia. Costa esteve em “várias reuniões com Antônio Palocci, pois este era membro do conselho e também ministro da Fazenda”.
Detalhe importante: Youssef desmentiu o depoimento do ex-diretor Paulo Roberto Costa. Mesmo assim, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entendeu que “a suposta solicitação da vantagem deve ser apurada em relação a quem a teria feito”. Janot então pediu a remessa dos autos para a Justiça Federal no Paraná, em razão de Palocci não ter mais foro privilegiado e de as citações não terem conexão com outros investigados no âmbito do STF.
NAS MÃOS DE MORO
Traduzindo: através do inquérito sobre Antonio Palocci, Dilma vai acabar sendo investigada pelo juiz Sérgio Moro. E tem mais, claro. Num de seus depoimentos da delação premiada, o doleiro afirmou que o presidente Lula e a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, também tinham conhecimento do esquema de desvios de recursos. Youssef relatou que após a crise do mensalão, em 2005, teve conhecimento de que o então presidente Lula sabia do esquema de propina na Petrobras. Segundo o relato do doleiro, Lula procurou o presidente do PP à época, deputado José Janene, para discutir como acalmar os parlamentares do partido, descontentes com a perda do financiamento ilícito que recebiam via mensalão e que passou a ser compensado pelo petrolão.
NA PETIÇÃO DE GLEISI
Em outro depoimento, o doleiro voltou a tocar no assunto, conforme está registrado no pedido de abertura de inquérito contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), no qual consta a transcrição de depoimento de Youssef em que ele “gostaria de ressaltar que tanto a presidência da Petrobras, quanto o Palácio do Planalto tinham conhecimento da estrutura que envolvia a distribuição e repasse de comissões no âmbito da estatal”.
A declaração reproduzida na petição sobre Gleisi foi feita após o doleiro detalhar as circunstâncias em que supostamente entregou R$ 1 milhão à campanha de Gleisi ao Senado, em 2010.
Ou seja, o jogo não acabou, está apenas começando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário