Cooperativa de artesãs gera trabalho e renda através da venda de peças.
Artesãs produzem mandalas, jarros, esculturas, objetos de decoração.
primeiras peças feitas pelas mulheres
(Foto: Patrícia Andrade/G1)
A proximidade com os ceramistas possibilitou à dona Raimunda mais que boas vendas. No convívio diário com barro e tinta, ela descobriu sua vocação. “Sempre quis fazer pintura em tecido e nunca tive a oportunidade. Quando trabalhava como vendedora de lanches, uma senhora que pintava desenhos em cerâmica perguntou se eu não tinha vontade de aprender a técnica. Aceitei o convite e, depois disso, fiquei apaixonada por artesanato com barro”, conta.
O primeiro passo para investir no novo ofício foi reunir um grupo de mulheres para fazer bijuterias, já que os homens eram os únicos responsáveis pela produção cerâmica da região, as mulheres cabia apenas o trabalho de pintura das peças. O segundo passo foi a qualificação e melhorar a produção das bijuterias. O parceiro escolhido para esta empreitada foi Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que promoveu cursos de capacitação em modelagem de bijuterias em cerâmica para as artesãs e ajudou a evitar o desperdiço na produção.
Com a capacitação, elas formalizaram a união e criaram a Cooperativa de Artesanato do Poti Velho (Cooperart Poty). O grupo era composto por mulheres que trabalhavam nas olarias, além das esposas de pescadores e donas de casa. Com cooperativismo, elas começaram a produção de bijuterias e jarros. No começo, poucas pessoas acreditavam que a Cooperativa traria lucros. As desconfias surgiam dentro de casa.
da Cooperart (Foto: Gilcilene Araújo/G1)
Junto com a parceria do Sebrae, logo vieram outros parceiros e entre eles estavam o Banco do Brasil e o Instituto Walmart. E cada vez mais capacitações vieram, e as mulheres começaram a acreditar no potencial. A prova disso é que elas começaram a produzir esculturas e objetos de decoração. As primeiras peças foram inspiradas justamente nas empreendedoras: a mulher do bairro Poti Velho. Em uma coleção formada por cinco bonecas, elas retratam a dura vida que já levaram e contam um pouco da história do bairro, o mais antigo de Teresina.
“A mulher da olaria carregava tijolos na cabeça o dia inteiro por R$ 10. A mulher do pescador acompanhava o marido para limpar os peixes no barco. Os traços físicos e religiosos da população também são preservados na mulher religiosa, na ceramista e na contista”, afirma Raimunda Teixeira.
Colhendo os frutos
“Hoje em dia eu já tenho o meu próprio dinheiro, ajudo em casa, ajudo meu esposo. Não preciso mais pedir para poder fazer uma conta porque eu mesma posso pagar”, diz Maria de Jesus Lima de Araújo.
peças para decoração (Foto: Patrícia Andrade/G1)
“Quando carregávamos tijolos na cabeça não chegavam a receber um salário mínimo. Atualmente, o salário chega a três salários mínimos, e com isso eu realizei meu sonho vê meus filhos numa vida um pouco tenho. Ronaldo Teixeira trabalha comigo e os filhos de muitos artesãos não precisam deixar de frequentar a escola para carregar tijolos na cabeça”, comemora.
E o ano de 2013 foi de comemoração para as artesãs. Em setembro, a Cooperart Poty foi selecionada para participar da exposição Mulher Artesã Brasileira, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. Um documentário contando a história da Cooperart Poty também foi exibido na exposição.
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