“Não
pude ter o primeiro contato com minha bebê quando ela nasceu, então,
fazer o método canguru foi muito emocionante. Poder carregar, sentir no
colo pela primeira vez, mesmo com ela ainda na UTI e entubada, não tem
explicação, é um momento único”, conta emocionada Emanuelly Cristinne
Souza, de 24 anos, mãe da pequena Laura. A
bebê nasceu no Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan
(HMIB), interior paraense, no último dia 15 de julho, com apenas 29
semanas de gestação. Por se tratar de um prematuro, com muito baixo peso
e desconforto respiratório, Laura precisou ser entubada e encaminhada
diretamente para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo). “Por
conta disso tudo, não tive o sonho de ter o contato com ela assim que
nasceu realizado”, lembra a mãe. O
Método Canguru é voltado para o cuidado humanizado aos recém-nascidos e
integra a participação de toda a família no processo de tratamento. A
prática consiste em manter o bebê prematuro e de baixo peso, no contato
pele a pele na posição vertical, junto ao colo dos pais, por um tempo
indeterminado e de livre escolha. No
Materno-Infantil de Barcarena, unidade do Governo do Estado do Pará que
atua como referência para gestantes de alto risco na região do Baixo
Tocantins, esse cuidado vai além da mãe, incluindo também pai e avós. "Enquanto
prática humanizada dentro das UTIs, o método estabelece uma estratégia
biopsicossocial ao recém-nascidos e seus familiares, promovendo a
participação dos pais no cuidado do bebê, além do contato pele a pele de
forma precoce, mesmo naqueles em uso de ventilação mecânica, como no
caso da pequena Laura”, explica Nataliel Miranda, coordenador da UTI
Neonatal do HMIB. Segundo
o profissional, há inúmeras vantagens na implementação dessa prática,
como redução do tempo de separação mãe/pai e filho, facilidade no
estabelecimento do vínculo afetivo, estímulo ao aleitamento materno,
auxílio no controle térmico do recém-nascido, redução do risco de
infecção hospitalar, do estresse e da dor. “Favorece ainda a estimulação
sensorial protetora do bebê em relação ao seu desenvolvimento integral e
melhora a qualidade neuropsicomotora", complementa Nataliel. Alguns
desses efeitos podem ser percebidos de forma imediata, como lembra
Emanuelly. “Quando ela estava comigo, senti diferença no meu corpo,
principalmente em relação ao estímulo do leite, que vazou bastante. Além
disso, apensar ser uma bebê agitada, ela teve um momento de calmaria
enquanto sentia o meu calor”. Etapas do Método Canguru A
prática ocorre em três etapas e de forma gradativa. A primeira começa
ainda no pré-natal na gestação de alto risco, e após a internação com o
recém-nascido prematuro na UTI Neo. Os pais são acolhidos e informados
sobre o quadro clínico do bebê, as rotinas do setor e da equipe. Durante
a internação, os pais têm livre acesso à unidade e são encorajados a
tocar no bebê para, em seguida, colocá-lo na posição canguru. Na
segunda etapa, o bebê permanece de maneira contínua com sua mãe ou pai,
que participa ativamente dos cuidados. Com o ganho do peso e a
familiarização do contato no colo, os pais ficam mais seguros,
estimulando a permanecer com o bebê na posição canguru o maior tempo
possível. Já
na terceira etapa, o bebê vai para casa, já com a saúde estável. Com a
orientação da equipe, os pais são estimulados a realizar a manutenção do
método até o bebê alcançar o peso adequado. “É
uma técnica humanizada que traz benefícios clínicos muito
significativos. Pode ser realizado de forma segura em bebês entubados e
já existem estudos e revisões que apontam de forma positiva essa
aplicação. Por isso, aqui no Materno-Infantil, a prática do método
canguru é tão fortalecida”, ressalta Lorena Portal, diretora
Assistencial do HMIB. O
Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan é gerenciado
pela entidade filantrópica Pró-Saúde e presta atendimento 100% gratuito
por meio do Sistema único de Saúde (SUS). Em agosto de 2021, se tornou o
primeiro hospital da região do Baixo Tocantins a receber o selo Amigo
da Criança, concedido pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC),
Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e OMS (Organização
Mundial da Saúde), aos hospitais que realizam o cumprimento dos dez
passos para o sucesso do aleitamento materno. |
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