O
novo coronavírus ainda gera muitas perguntas e poucas respostas para a
ciência. No entanto, diversos especialistas já se pronunciaram acerca de
um parecer: a Ivermectina não combate e muito menos previne a covid-19.
Agora, médicos têm relatado casos em que o uso da substância levou
pacientes à falência hepática, ou seja, o paciente precisa de um
transplante de fígado para sobreviver. A Ivermectina, assim como a
Cloroquina e Hidroxicloroquina foram adotadas, pelo próprio governo
federal, como tratamentos e medicamentos para prevenir o coronavírus -
parte do chamado Kit Covid, com drogas que supostamente (e sem
comprovação científica) seriam eficazes no "tratamento precoce da
doença". Segundo o médico Pedro Carvalho Diniz, membro da Rede Nacional
de Médicas e Médicos Populares, que trabalha como médico plantonista da
UTI Covid e UTI geral do Hospital Universitário da Universidade Federal
do Vale do São Francisco, em Pernambuco, começou-se a falar no assunto
em abril de 2020. A discussão teve
início com base em um estudo, realizado por um instituto de pesquisa
australiano, que dizia que a Ivermectina seria capaz de interromper a
proliferação e o crescimento dos vírus. Com base nesse estudo, o uso
desse medicamento contra a covid-19 se propagou, o que "resultou em uma
grande quantidade de pessoas tomando doses altas e continuadas por muito
tempo, no intuito, de prevenir a covid", aponta Diniz. "O sintoma mais
comum é a intoxicação, mas há também o risco de falência do fígado e
muitas vezes o único tratamento possível é o transplante e se o
transplante não for realizado imediatamente em questão de horas,
pouquíssimos dias, a pessoa falece pela falência do fígado", diz ele. "A
questão é que [a pesquisa] é um estudo in vitro. O estudo in vitro é
uma parte preliminar dos estudos em medicina ou em outras áreas. A
limitação é que ele estuda na maior parte das vezes uma cultura de
células limitada, que não estão sujeitas a todas as nuances e
características das relações e interações que existem no corpo humano",
explica Diniz. Na semana passada, o presidente da Sociedade Paulista de
Pneumologia e Tisiologia (SPPT), Fred Fernandes, publicou em seu Twitter
que foi solicitado para fazer uma avaliação para uma paciente com
hepatite medicamentosa. "Hepatite medicamentosa por Ivermectina. 18 mg
por dia por uma semana. Por covid leve em jovem. Muito triste ver uma
pessoa jovem a ponto de precisar de transplante por usar uma medicação
que não funciona em uma situação que não precisa de remédio algum",
escreveu. Outra médica do estado do Ceará, relatou um caso em que um
paciente tomou três comprimidos de Ivermectina por dia durante duas
semanas para prevenir a covid-19 e estava na fila de transplante à
espera de um fígado.
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