As ações dos 'virtuosos' cosmopolitas do movimento Stop Funding Hate deixam claro quem pretende viver num mundo de opinião única. Brendan O'Neill, da Spiked para a nova edição da revista Oeste:
Os
novos censores da opinião de parte expressiva da sociedade, esse
exército do Twitter que tenta privar indivíduos e alguns veículos de
mídia de financiamento, são os verdadeiros intolerantes “de raiz”. As
pessoas se confundem com a palavra “intolerância”. Elas imaginam que o
termo só se aplica a racistas horríveis ou a sujeitos que acham que as
mulheres só servem para o trabalho doméstico. Na verdade, a definição do
dicionário fala em intolerância em relação àqueles que têm opiniões
diferentes. E é esse o comportamento perpetrado pelo movimento Stop
Funding Hate, cujo propósito alegadamente é interromper a propagação do
chamado “discurso de ódio”. Na verdade, toda a sua razão de existir é a
intolerância a formas alternativas de pensar. Todo esse movimento é
preconceituoso.
A
intolerância deles esteve totalmente exposta nos últimos dias quando
tentaram cancelar o GB News antes mesmo que fosse lançado. GB News é um
canal de notícias que surgirá no Reino Unido neste ano e será comandado
pelo jornalista Andrew Neil. Ele promete ser uma alternativa à safra
atual de emissoras que, nas palavras de Neil, se tornaram “cada vez mais
distantes da maioria das pessoas”. O debate nacional ditado pela mídia
se tornou “metropolitano demais, sulista demais, classe média demais”,
diz Neil.
Surge
a fúria dos apoiadores do Stop Funding Hate, que gostam bastante da
mídia tradicional exatamente como ela é. Afinal, quem quer dar atenção a
nortistas e proletários horríveis? Então, naturalmente, o Stop Funding
Hate quer acabar com o GB News antes que ele transmita sua primeira
palavra.
Seus
censores donos da verdade foram ativados. O Stop Funding Hate tuitou:
“Se quiser impedir uma TV em estilo Fox News na Inglaterra, mande uma
mensagem para sua operadora de celular usando a hashtag #DontFundGBNews.
Exija que eles não anunciem no GB News nem em nenhum outro canal em
estilo Fox News, e explique por que isso é importante para você”.
É
um comportamento clássico do Stop Funding Hate (SFH). A estratégia
desses agitadores intolerantes de classe média é manobrar o poder
corporativo para tentar silenciar as vozes das quais eles discordam ou
que desaprovam. Eles conseguiram retirar anúncios de publicações que
cometeram a temeridade de publicar coisas de que não gostaram. E agora
estão tentando, por antecipação, acabar com um financiamento fundamental
para o GB News. No Brasil, a sociedade testemunhou às investidas do
grupo Sleeping Giants contra veículos como o grupo Jovem Pan e o jornal
Gazeta do Povo. A rigor, trata-se da mesma atitude, com base nos mesmos
“princípios”.
O
SFH teve a audácia de rotular as marcas de conteúdo das quais discorda
de “extrema direita”. Sua tática é transformar o poder econômico não
democrático das elites capitalistas em arma e usá-lo para punir jornais,
revistas e emissoras que se atrevam a ofender suas sensibilidades
delicadas.
O
mais impressionante é a intolerância pura. A crença, chocante em sua
falta de entendimento de si mesmo, é que os gestores desse movimento têm
o direito de nunca se deparar com uma ideia, opinião ou matéria que os
incomode ou ofenda. Imagine os níveis colossais de autoestima
necessários para pensar assim, para acreditar que você é tão especial,
tão correto e tão incontestavelmente moral que qualquer um que discorde é
basicamente o diabo e deve ter sua receita cortada — pessoas que querem
que a mídia publique e transmita apenas mensagens aprovadas pela elite.
Você já pensou em se mudar para a Coreia do Norte?
Os
apoiadores do SFH estão em plena atividade para fazer com que o Big
Business faça o trabalho sujo deles e castigue novos veículos de mídia. O
antidemocrático ativista Femi Oluwole, do grupo Our Future Our Choice,
fez um apelo para que a operadora de telefonia móvel EE não anunciasse
no GB News afirmando que, caso contrário, cancelaria seu plano de
celular. A escritora Natasha Devon, da emissora de rádio LBC, marcou a
Vodafone no Twitter para avisar que a empresa perderia “uma cliente da
vida toda” se ousasse anunciar num canal de notícias cheio de “discurso
de ódio de direita”. Claro que nada sugere que o GB News vá promover
esse tipo de retórica. Devon está só inventando coisas.
É
difícil decidir se vale rir ou chorar diante dessa cruzada woke
ameaçando romper seus contratos se as operadoras de telefonia celular
anunciarem no GB News. É uma mistura de Veruca Salt, personagem do livro
Charlie e a Fábrica de Chocolate (1964), com Torquemada. Esnobes
cosmopolitas privilegiados acostumados a ter tudo estão batendo o pé e
jogando seus brinquedos (ou, pelo menos, seus celulares) do carrinho
diante da perspectiva — horror dos horrores — de que logo exista um
veículo de mídia que não compartilhe seus preconceitos anti-Brexit,
antimassas, identitários e não liberais.
É
engraçado e ridículo, mas claro que também é sério. Stop Funding Hate e
outros agitadores do tipo, que defendem a ideia de que opiniões
perigosas não tenham uma plataforma — “perigosa” significa qualquer
opinião que se desvie do consenso ruidoso sobre tudo, desde transgêneros
até migração —, estão ajudando a alimentar uma cultura profundamente
preocupante de censura.
Sua
intolerância teve um impacto. O SFH lançou uma cruzada misógina contra o
site para pais e mães Mumsnet, condenando seus fóruns pelo conteúdo
“transfóbico”. O que o grupo de fato quis dizer é que o Mumsnet oferece
um espaço para mulheres conversarem livremente sobre autoidentificação
de gênero. Por que isso pode ser um problema para os direitos da mulher?
Não podemos deixar essas mulheres arrogantes conversando aberta e
livremente entre si, não é mesmo? O Stop Funding Hate conseguiu
convencer algumas empresas a parar de anunciar no Mumsnet. O movimento
quer que essas bruxas sejam silenciadas.
A
intolerância do SFH também pode ser vista em sua obsessão classista com
os tabloides. Como todos os defensores da censura woke, os apoiadores
do Stop Funding Hate são especialmente temerosos sobre o que é publicado
nos tabloides porque consideram os leitores desse tipo de veículo uma
multidão inculta, uma massa bovina, passível de ser enganada pelas
“porcarias” que leem em seu jornal matinal.
Agora,
com a cruzada contra o GB News, todos esses preconceitos estão se
juntando. A intolerância para com pensamentos alternativos; o horror
diante da perspectiva de que um veículo de mídia possa explorar formas
de pensar não metropolitanas e que não são de classe média; o desdém em
relação a um canal de mídia que diz que vai amar a Inglaterra (ainda que
nunca a eximindo de seus defeitos) — tudo isso confirma que o lado woke
do debate é o verdadeiro discurso de ódio. Eles odeiam mulheres que se
recusam a aceitar a ideologia de fluidez de gênero, odeiam a imprensa
dos tabloides e todos os que a leem, e odeiam a diversidade de opiniões.
Essas
tentativas loucas e intolerantes de acabar com a emissora antes mesmo
de seu lançamento confirmam por que o GB News é uma iniciativa tão
importante. A esta altura, tudo o que incomode as elites antenadas e
questione suas ortodoxias é uma coisa boa.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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