Há
vegetarianos, há veganos, mas a grande maioria de nossos leitores ama
uma boa picanha na brasa. Há abstêmios, há quem não goste, mas a grande
maioria de nossos leitores quer uma cerveja de qualidade na hora da
picanha.
Então,
por que tanto escândalo só porque as Forças Armadas compraram no ano
passado 714 mil quilos de picanha, com cerveja suficiente para o que der
e vier? Tudo no capricho: cerveja Stella Artois importada da Bélgica,
ou Heineken, ou Skol, tudo puro malte, coisa fina. Até mesmo a Skol não é
das comuns, é também puro malte. Coisa para bons paladares – o que
explica até como o general-ministro da Saúde ficou daquele tamanho. E
tudo caríssimo.
Quer
dizer, caríssimo para nós, caro leitor. Para eles, mais caro ainda: as
garrafas de cerveja saíram por R$ 9,80 – veja o preço no supermercado
mais próximo. A deles deveria sair por preço menor, já que comprada em
grande quantidade; mas saiu mais cara, bem mais cara. Nas 76 licitações
da picanha, há preço de uns R$ 85 o quilo. A Picanha Nobre Swift Ouro,
na loja chique da Swift dos Jardins, SP, sai por R$ 77 o quilo – e no
varejo, não no atacado.
Como
se vê, é falsa a informação de que o Governo sobrevive de beber o nosso
sangue. Há coisas mais nutritivas. Os preços que o Governo paga estão
em documentos oficiais. É por isso que um grupo de deputados federais
acionou o Tribunal de Contas da União e a Procuradoria Geral da
República para investigar as compras. A suspeita é de sobrepreço, ou
superfaturamento.
O lobo e o pelo
A
vantagem de ter idade, já ensinava o sábio Octavio Frias de Oliveira, o
mago que transformou a Folha num império empresarial, é ter visto tudo
acontecer, e o contrário também. Este colunista lembra que, nos tempos
do presidente Médici, os incontáveis militares gaúchos que foram para
Brasília odiavam a carne do gado da região. E ia um avião da FAB toda
semana para o Rio Grande do Sul buscar a carne adequada para eles. A
explicação era de que a tripulação tinha de cumprir determinado número
de horas de voo. Por que não indo a Porto Alegre buscar a ótima carne do
bom gado gaúcho?
A vida é bela
Do
excelente colunista carioca Aziz Ahmed, de O Povo: “O BNDES, Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, paga a seus funcionários
R$ 1.521 de auxílio-refeição e R$ 654 de cesta-alimentação”. Isso é que
é pensar em tudo: o auxílio-refeição é para o funcionário pagar a conta
do restaurante e a cesta-alimentação para ajudar na alimentação do lar.
Houve queda no valor do auxílio-refeição por causa do home-office? É
claro que não: os funcionários não têm culpa nenhuma da pandemia.
SP-NY
Talvez
alguém consiga explicar-me por que o governador Doria, em boa fase por
ter conseguido trazer ao Brasil a vacina que o presidente ainda está
procurando, brigou com boa parte de seu partido para expulsar Aécio
Neves e tirar a presidência de Bruno Araújo? Bruno Araújo era gente sua e
o próprio Doria o havia indicado; Aécio não é um político tão
importante que justifique uma briga. Resultado, não só Araújo continua
no comando, e agora sabendo que Doria não o quer, como Aécio ficou no
partido e há tentativas de lançar à Presidência, em vez de Doria, o
governador gaúcho Eduardo Leite.
Lembrando
Fiorello la Guardia, o lendário prefeito de Nova York: “O político tem
de ciscar para dentro. Quem cisca para fora é galinha”.
Os nomes
Ainda
falta muito tempo para as eleições presidenciais. Já se lançaram o
governador Doria (mal nas pesquisas) e Fernando Haddad, tentando mais
uma vez fazer o papel de Lula – mais ou menos como escalar Renato Aragão
para substituir Sylvester Stallone em Rocky 22. Mandetta? Seu DEM
rachou. E, daqui a um ano e meio, quem se lembrará do ministro da Saúde
que, no início da pandemia, virou herói? Luciano Huck? Pode ser – mas
ele não é o Sílvio Santos, que por pouco não rachou a candidatura de
Collor e, se não fossem os tribunais, teria sido altamente competitivo.
Moro? Hoje parece um candidato forte. Se a destruição da Lava Jato pegar
mal, ele ganha força, mas tem de manter-se forte até outubro do ano que
vem.
Ainda falta articulação para lançar um nome – mas cadê os bons articuladores políticos do país?
Palpite
Preste
atenção na empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza: caso o plano
que vem articulando para vacinar toda a população do país antes do fim
do ano dê certo, ela pode ser a novidade eleitoral. Terá feito aquilo
que ninguém conseguiu fazer, sua reputação é excelente, já mostrou que é
muito competente e capaz de fazer o que é preciso. Mas, exatamente por
isso, espere pelos obstáculos que vão colocar-lhe no caminho. Não
podemos nos iludir: salvar vidas, ajudar a vencer a pandemia, melhorar a
situação da população, nada importa para os lá de cima.
Importa é não ter adversário.

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