Há 30 anos, o mercado de picapes no Brasil se resumia à Chevrolet D20 e Ford F-1000, além das leves Saveiro, Fiorino, Pampa e Chevy. No entanto, com a abertura das importações, as picapes Full Size desapareceram e o segmento foi dominado pelas médias. A Chrysler até chegou a fabricar a Dogde Dakota, mas teve vida curta.
Até ontem, o braço norte-americano da FCA tinha apenas a imensa Ram 2500 como opção, gigante que está no mercado há cerca de 15 anos e com vendas homeopáticas. E quando todos esperavam que ela encontraria uma solução para finalmente ter uma representante entre as médias, eis que surge a Ram 1500 Rebel, que faz qualquer picape vendida aqui parecer um carrinho de feira.
Isso porque essa picape chega para se posicionar num degrau acima das médias convencionais. Com seis metros de comprimento, o utilitário tem cerca de 60 cm a mais que uma picape média. Ela está mais para uma Full Size “compacta” do que para uma média esticada e nos Estados Unidos disputa mercado com Ford F-150 e Chevrolet Silverado.
Muscle Truck
Como já foi dito, a picape estreia na versão esportiva Rebel e por nada modestos R$ 400 mil. Para justificar esse preço nababesco, ela é equipada com um imenso Hemi V8 5.7 de 400 cv, que acelera de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos. Seu torque de 56,7 mkgf garante muita força para encher a caçamba. Mecânica que posiciona a picape como Muscle Truck, segundo a marca norte-americana.
De acordo com a fabricante, sua capacidade de reboque é de 5 toneladas. Mas sejamos muito francos: não se trata de um carro de carga. Essa picape chega como um utilitário esporte com caçamba. Nos EUA ela compete com a poderosa F-150 Raptor.
Para se ter uma ideia, essa picape conta com suspensão elevada, amortecedores Bilstein, sistema de tração 4x4 com seletor eletrônico, reduzida, assistente de declive e demais ferramentas essenciais para o uso fora de estrada.
Sua transmissão é de oito marchas e ela também conta com desligamento de cilindros. Em baixa demanda, a picape opera apenas com quatro câmaras de combustão. Trata-se de um recurso antigo nos V8 Hemi da Chrysler. O antigo 300C já contava com esse sistema, em meados dos anos 2000.
Estratégia
Mas por quê um carro tão caro? Para início de conversa, a 1500 não é uma média. A Ram não tem um modelo do porte de S10 ou Ranger em seu portfólio. Outro ponto é o fato de ser importada. Seria impossível concorrer com as nacionais (S10 e L200), assim como as argentinas (Amarok, Ranger, Frontier e Hilux), que são contempladas pelo Mercosul.
Assim, a solução foi trazer uma opção de nicho, para fazer brand, como gostam de dizer os elegantes executivos de marketing. Ou seja, um carro para atrair as atenções. Para se ter uma ideia, sua pré-venda terá apenas 100 unidades (que esgotou em 18 horas). Sua irmã 2500 vendeu desde janeiro quase 1,2 mil unidades, enquanto o setor de picapes acumula 149 mil carros emplacados, segundo a Fenabrave. Ou seja, não dá para competir, mas é possível se posicionar como referência.
Interior
Por dentro, a Rebel tem pacote farto de conteúdos com direito a um sistema Uconnect de 12 polegadas, montado em posição vertical (como nos modelos Volvo). Essa tela agrega, além das funções de navegação, conexão, câmeras e entretenimento, uma parte para climatização, que não interfere na exibição das demais informações.
O módulo está conectado a um sistema de áudio Harman Kardon, com 900 Watts distribuídos em 19 falantes. E para completar, ele conta com redutor ruído “Noise Cancelling”, que funciona com um woofer que envia frequências contrárias aos sons externos. Completa o pacote o teto solar panorâmico.
Fala que não bateu aquela vontade de ser rico igual aos 100 felizardos que esgotaram a pré-venda?
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