
Charge do Clayton (Arquivo Google)
Profanar significa macular, aviltar, desonrar, injuriar, ofender e outros sinônimos mais. Ao assistirem pela televisão, no final da tarde desta sexta-feira (22/5), ao vídeo da reunião ministerial de um mês atrás (22/4), no Palácio do Planalto, comandada pelo presidente da República, os brasileiros viram e ouviram a mais nefasta e ultrajante profanação dos cargos de presidente da República e comandante-em-chefe das Forças Armadas Brasileiras.
Foi pavoroso. Foi deploravelmente inédito. E a profanação partiu do próprio presidente da República, o que torna a profanidade cometida de gravidade extremada.
NO PRÓPRIO PALÁCIO – E muito mais grave, ainda, porque o ultraje, a maculação, a desonra se deram no interior da sede central do governo federal na capital da República, presentes todos os ministros de todos os ministérios.
“A dignidade, o decoro, o zelo, a consciência dos princípios morais são os primados maiores que devem nortear o servidor público”. É o que está escrito logo do artigo 1º do Código de Ética Profissional do Servidor Público do Poder Executivo Federal, quando trata “Das Regras Deontológicas”, como consta do Decreto Federal nº 1171, de 22.6.1994.
Mas nada disso foi observado. E tudo isso nem precisava constar escrito como norma de conduta, como imperiosa diretriz, porque são princípios comezinhos da civilidade, da urbanidade, do trato social, do respeito ao próximo, do respeito a si próprio, da reverência e liturgia do cargo, da função, do múnus que recebeu dos eleitores brasileiros.
RAIVOSO E DESBOCADO – O que se viu foi um presidente da República desesperado, raivoso, desbocado, descontrolado, pornográfico, a pregar o confronto armado e a externar e desfilar, com naturalidade e sem pejo, sem o mínimo acanhamento, palavrões e palavrões, um atrás do outro. Um monte de palavrões.
“É o jeito dele”, dirão. Mas esse jeito é incompatível com a nobreza, a lhaneza, a singeleza dos cargos que ocupa, da cadeira em que se senta, dos poderes que detém, dos palácios onde trabalha e reside com sua família, da faixa presidencial que recebeu do povo brasileiro na tarde de 1º de janeiro de 2019. Foi horroroso. Foi deprimente.
NÃO É CORRUPTO… – “Ele xinga, fala palavrão, mas não é corrupto”, dirão também. Mas não ser corrupto não é virtude. É dever. Vem do berço, do ambiente em que viveu da tenra idade até se tornar adulto. Na expressiva votação que recebeu em 2018 e que o elevou à presidência do Brasil, o eleitor apostou e desejou um mandatário probo-decente e probo-decoroso.
Não vamos aqui tocar noutras abordagens sobre o valor probatório do vídeo para o inquérito policial instaurado. O tema é a profanação que todas as instituições nacionais, principalmente as Forças Armadas e o povo brasileiro (ou 220 milhões de habitantes, como sistematicamente o presidente se refere aos brasileiros) assistiram pela televisão no final da tarde desta sexta-feira (22/5), cometida pelo presidente da República contra o cargo para o qual foi eleito: presidente da República e, consequentemente, comandante-em-chefe das Forças Armadas brasileiras.
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