Autuações ocorreram em 2007 e em 2009; prazo para quitar venceu.
Funai diz que homem não recebeu orientação nem conhecia trâmites.
A solicitação foi acatada em novembro do ano passado. Três semanas depois, um oficial de Justiça intimou o indígena e alegou que só não cumpriu a determinação porque o único bem que ele tem é uma casa, onde mora com a mãe, avaliada em R$ 15 mil. Ele relatou só ter encontrado uma televisão, uma geladeira pequena, um fogão, uma mesa com cadeiras de madeira, duas camas e um aparelho de som. Não havia carro, moto ou bicicleta.
A Funai disse em nota considerar o valor exorbitante e a situação complicada. A entidade acompanha o caso. "Sem orientação e desconhecendo as leis e os trâmites burocráticos, ele não fez defesa e não pagou a multa. E continuou produzindo artesanato", afirma. "[Ele] foi novamente multado, agora em Parintins, na festa do Boi. Suas multas cresceram como uma bola de neve."
“A situação é absurda, extremamente absurda. Pedi que do alto de suas autoridades consertem aquilo, que tomem providências. Isso foi no dia 11 [de junho] e estou até agora esperando resposta. Até agora não tive nenhuma resposta”, afirma o parlamentar. “É um indígena tentando viver do seu artesanato, é a coisa mais correta do mundo, respeito a sua cultura.”
De acordo com o deputado, Tayatasi afirma que em uma das apreensões portava itens que somavam menos de R$ 3 mil e que foi alvo de truculência. Ele fala português e está concluindo ensino médio em Oriximiná.
“Considero isso uma violência à cultura indígena, que aliás estava sendo festejada em Parintins naquela grande festa. Segundo, uma violência ao ser humano, independentemente de ser índio, porque violência não se faz com ninguém. [...] O fiscal do Ibama acha que índios vão sobreviver? É uma insanidade, eu considero. Eles vivem do que produzem, e o artesanato é a mais óbvia que pode ajudá-los a sobreviver.”
Wai Wai
Também pertencente à tribo, o indígena Paulo afirma que a aldeia tem 1.082 habitantes. O grupo tem contato com o restante dos brasileiros há cerca de 50 anos. No local há água tratada, eletricidade e um orelhão. O acesso ocorre por barco e de avião – a viagem a partir de Oriximiná dura uma hora e meia.
Segundo ele, o Ibama e a Funai conversaram com representantes da tribo pouco antes de Timoteo ser multado falando sobre a proibição de usar subprodutos da fauna na confecção dos artigos. O indígena afirma que as entidades se comprometeram a dar assistência ao grupo.
“Nós vivemos só disso. Não temos além disso, outra renda a gente não tem. Teve uma orientação, e até a gente sabia que era um decreto, mas, o que acontece, todos os indígenas, mesmo depois de orientados a gente precisava sobreviver e a gente não recebia o apoio”, diz. “A gente tem interesse de vender, e os brancos têm interesse de comprar. Eles também sabem que é errado, ‘pirata’.”
O deputado federal Nilson Pinto (PSDB-PA) declarou considerar a postura do Ibama um equívoco. “É um monumento brutal à insanidade burocrática brasileira. É uma demonstração muito clara de que o estado brasileiro não está preparado para lidar com esses brasileiros, que são brasileiros muito antes da gente.”
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