Planta encontrada em MG usa substância grudenta para pegar insetos.
Especialistas brasileiros começaram estudo ao verem foto no Facebook.
“Só de ver a foto, a princípio, já deu pra levantar a suspeita de que era uma nova espécie. Ela parecia muito diferente. Entrei em contato com o fotógrafo e três meses depois estávamos viajando para estudá-la. Chegando lá e vendo ao vivo confirmamos a nossa suspeita”, diz o pesquisador ao G1.
Gonella, que atualmente mora na Alemanha, onde faz seu doutorado sanduíche no Jardim Botânico de Munique, fez a pesquisa em parceria com o também brasileiro Fernando Rivadavia, botânico que mora nos Estado Unidos. O estudo, iniciado em 2013, foi publicado no periódico internacional "Phytotaxa", na última sexta-feira (24), com a ajuda de Andreas Fleischmann, pesquisador do Jardim Botânico de Munique.
pequenos insetos em suas folhas
(Foto: Paulo Gonella)
Dieta carnívora
As folhas da planta têm “tentáculos” que soltam gotas de uma substância grudenta capaz de aprisionar pequenos insetos, fonte de sua dieta carnívora. Os “tentáculos”, na realidade glândulas da folhagem, são vermelhos e reluzentes, e seu visual em contraste com o verde é o que atrai os pequenos artrópodes.
Como a maioria das espécies do gênero Drosera, as folhas e os “tentáculos” se movimentam, podendo até dobrar, e aprisionam a presa ao soltar mais da substância colante em gotas que lembram gotículas de orvalho – daí o nome popular “orvalhinha” das plantas do gênero. Os insetos morrem sufocados e são digeridos por enzimas expelidas pela planta. Os animais são fonte de nutrientes como nitrogênio e fósforo.
Risco de extinção
Os pesquisadores brasileiros voltaram à região em 2014 para ver se a planta estava presente em outras montanhas da região, mas não a encontraram. “Ao que tudo indica ele é endêmica dessa única montanha e ocorre bem no topo”, diz Gonella. O gênero tem cerca de 250 espécies em áreas tropicais de todo o mundo.
Por estar em uma região que já sofreu muito desmatamento, os pesquisadores ressaltam no artigo científico que ela já pode ser considerada ameaçada de extinção, de acordo com os critérios e categorias da lista da vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), tida como referência mundial.
“Nossa expectativa é que [a nova planta] sirva de bandeira para preservar o local em que foi descoberta, que é pouco preservado e uma região promissora para a descoberta de novas espécies”, diz Gonella.
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