Referendo quer saber se gregos aceitam ou não propostas de reformas.
Governo de esquerda radical do partido Syriza faz campanha pelo 'Não'.
em imagem de arquivo (Foto: Yorgos Karahalis/AP)
O referendo tem como objetivo saber se os gregos aceitam ou não as propostas financeiras e de reforma dos credores do país, em troca do repasse de ajuda a Atenas.
O governo de esquerda radical do partido Syriza faz campanha pelo 'Não'. Segundo o primeiro-ministro Alexis Tsipras, as propostas dos credores aumentam a austeridade e não resolvem o problema da grande dívida pública da Grécia (180% do PIB).
Vários líderes europeus temem que uma vitória do 'Não' leve a Grécia a deixar o euro, uma opinião que não é compartilhada por Varoufakis.
"Se o 'Não' vencer, como recomendamos ao povo grego, começaremos imediatamente a negociar e, acreditem, existirá um acordo com bases muitos diferentes ao das instituições credoras" (FMI, BCE e Comissão Europeia), disse o ministro das Finanças.
As propostas feitas pelos credores foram apresentadas na semana passada "no modo 'pegar ou largar'", afirmou Varoufakis.
O ministro reiterou que a consulta de domingo não é um referendo sobre a permanência da Grécia na união monetária.
"Queremos desesperadamente seguir no euro, apesar de criticarmos seu marco institucional", afirmou.
Prorrogação
Os ministros da Economia da zona do euro decidiram nesta quarta-feira (1) prorrogar até depois do referendo de domingo na Grécia toda a negociação com Atenas, afirmou o ministro eslovaco, Peter Kazimir.
"O Eurogrupo está unido em sua decisão de esperar o resultado do referendo na Grécia antes de mais negociações", escreveu Kazimir no Twitter. "Não vamos colocar os cavalos na frente da carruagem", acrescetou.
A Grécia não pagou a parcela de € 1,6 bilhão de sua dívida com o FMI que venceu às 19h (horário de Brasília) desta terça-feira (30) e entrou em moratória (atraso). Também expirou o programa de ajuda financeira à Grécia. O pedido de prolongamento do pacote foi negado pelo Eurogrupo.
Dijsselboem ressaltou que não haverá negociações sobre as exigências da Europa à Grécia por reformas econômicas até o resultado do referendo de domingo (5). "Dada a situação política, a rejeição das propostas anteriores, o referendo que irá acontecer no domingo e o a recomendação do governo grego para votar 'não', nós não vemos mais espaço para negociações", apontou.
"Não haverá conversas nos próximos dias, seja entre o Eurogrupo ou com as autoridades gregas e as instituições sobre as propostas ou acordos financeiros. Nós iremos simplesmente esperar agora o resultado do referendo no domingo", disse Dijsselboem.
Em meio à crise para pagamento de dívidas, o governo grego enviou na véspera aos credores "uma nova proposta [de acordo] com uma série de modificações" em relação à que foi apresentada. O documento, que foi obtido pelo jornal britânico "Financial Times", rejeitou aumento do imposto cobrado em hotéis, mas concordou com reduções de gastos e com uma reforma previdenciária.
RESUMO DO CASO:
- A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.
- Essa dívida foi financiada por empréstimos do FMI e do resto da Europa
- Nesta terça-feira (30), venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. O país depende de recursos da Europa para conseguir fazer o pagamento.
- Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e pensões para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu nesta terça-feira
- Nesta terça, o governo grego apresentou uma nova proposta de ajuda ao Eurogrupo
- No final de semana, o primeiro-ministro grego convocou um referendo para domingo (5 de julho). Os gregos serão consultados se concordam com as condições europeias para o empréstimo.
- Como a crise ficou mais grave, os bancos ficarão fechados nesta semana para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.
- A Grécia não pagou o FMI e entrou em "default" (situação de calote), o que pode resultar na saída do país da zona do euro.
- A saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de "expulsão" de um país da Zona do Euro.
- Com o calote, a Grécia pode ser suspensa do Eurogrupo e do conselho do BC europeu.
- A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na região. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.
- Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.
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