Flanelinhas protestam contra ‘Zona Azul’ e um é preso por desacato

Manifestantes fecharam Terminal Urbano nesta segunda-feira (20).
Flanelinhas acusam polícia de agressão; PM rebate.

Aline Nascimento Do G1 AC

Cerca de 30 flanelinhas fecharam o Terminal Urbano contra o 'Zona Azul' (Foto: Adriano do Santos / Arquivo Pessoal)

Pelo menos 30 flanelinhas fecharam o Terminal Urbano, no Centro de Rio Branco, nesta segunda-feira (20), em protesto contra o estacionamento rotativo 'Zona Azul'. Entre os motivos para a manifestação, está a demora no início dos cursos técnicos do Plano de Apoio à Requalificação dos Flanelinhas. Houve confronto entre policiais militares, que fazem o policiamento no local e os manifestantes. Uma pessoa foi detida por desacato e encaminhada para a Delegacia de Flagrantes (Defla).
Segundo o flanelinha Marcos Firmino, de 25 anos, o ato é contra o estacionamento rotativo  implantado em dezembro de 2014 nas principais ruas do Centro. Após a implantação do sistema, os flanelinhas estão impedidos de atuar na região central.  "Somos pais de família. É contra a Zona Azul, porque a gente mora alugado e tira o sustento da família daqui. A zona azul está roubando nosso dinheiro, se a gente sair daqui vamos ficar desempregados", diz.
Ainda de acordo com Firmino, os manifestantes foram agredidos pelos policiais com spray de pimenta e cassetete. Ele afirma que o protesto era pacífico, mas que a polícia começou a agredir os manifestantes.

"Já chegaram batendo na gente. Bateram num flanelinha com uma barra de ferro. Meteram o pau na gente, tacaram spray de pimenta e disseram que se não saíssemos iam levar todo mundo preso. A gente só queria o nosso direito", conta.
O mecânico Adriano dos Santos, de 29 anos, testemunhou o protesto dos flanelinhas e afirma que os manifestantes foram agredidos, sem razão, pelos policiais que estavam no local.
"Ocorre que os manifestantes pararam na frente, fecharam a rua. Os policiais chegaram e disseram para eles evacuarem a rua. Eles reivindicaram, disseram que ficariam até chegar a reportagem. Eles [policiais] já meteram spray de pimenta nas pessoas e assim um deles, um policial, saiu com um pedaço de ferro maltratando um cidadão de bem, que  caiu, e os policiais pegaram e deram um cadeado nele enquanto os outros batiam no homem. Eles confrontaram contra os flanelinhas", reclama.

Um protesto uma pessoa foi presa por desacato (Foto: Adriano do Santos / Arquivo Pessoal)

O chefe do gabinete militar da prefeitura, Cleudo Maciel, rebate as acusações. Segundo ele, os policiais conversaram com os manifestantes para que a via fosse liberada e os coletivos seguisse viagem com os passageiros.
"'Os policiais conversaram com eles explicando que as pessoas estavam em trânsito no local com algum compromisso e que o ato fosse feito em outro lugar. Houve essa advertência e eles não aceitaram. Durante a conversa, um deles com uma barra de ferro, reagiu de forma agressiva. Houve o desacato contra os policiais que estavam atendendo a ocorrência e, diante desse desacato, foi feita a condução pela ameaça que existia pelo suspeito estar portando um instrumento que poderia causar algum tipo de lesão ao policial", esclareceu.
Ainda de acordo com Maciel, os policiais não usaram barra de ferro para repreender os  flanelinhas. Ele afirma que o policial só encaminhou o flanelinha à Defla porque houve o crime de desacato.
Entenda o caso
​O estacionamento rotativo 'Zona Azul' foi implantado em dezembro de 2014 nas principais ruas do Centro de Rio Branco. Com a instalação do estacionamento, os guardadores de carro precisam sair das ruas onde cobram para guardar e limpar os carros. 
Para não deixar os flanelinhas desempregados, a Prefeitura de Rio Branco decidiu oferecer cursos técnicos para 138 flanelinhas, cadastrados pela Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social (Semcas). O projeto de lei foi aprovado em dezembro do ano passado pelo vereadores da capital e tem como objetivo facilitar a entrada dos flanelinhas no mercado de trabalho. 
As aulas deveriam começar em fevereiro deste ano, mas devido a enchente histórica que afetou o estado do Acre as aulas foram adiadas, de acordo com o diretor da Semcas, Fábio Fabrício.  As primeira aulas de três cursos devem começar na próxima quarta-feira (22).