Para
empresários e consumidores, o ano já acabou. Só resta esperar as
eleições de outubro e seus desdobramentos. Os primeiros mencionam a
insegurança jurídica causada pelo intervencionismo do governo Dilma; os
últimos veem com temor a persistência da inflação. Editorial do jornal O Globo:
A última
tentativa do governo de reanimar a economia, por meio da prorrogação do
IPI reduzido sobre veículos novos e móveis, foi mais do mesmo. Atendeu a
pedidos, principalmente do setor automobilístico, em mau momento, muito
em função da crise argentina. Pode evitar que o esfriamento das vendas
aumente, mas não resgatará as montadoras das dificuldades. As famílias
estão endividadas e apenas uma minoria troca de carro todo ano.
Há tempos
se sabe que o ciclo de crescimento econômico puxado pelo consumo se
esgotou. E só os investimentos serão capazes de acelerar as engrenagens
da produção. O governo sabe disso, tanto que, passando por cima de
preconceitos ideológicos, atrai o capital privado para projetos de
infraestrutura.
Elevar,
portanto, a indigente taxa de investimentos — de 18% do PIB, quando são
necessários 25% — implica fazer muito mais do que propagandear a vontade
de fazê-lo, e não apenas na infraestrutura. É preciso, nos termos de
Adam Smith, atiçar o “instinto animal” do empreendedor, para que ele
decida correr riscos e investir. Mas, sem confiança, ele não se moverá.
Como já não se move.
Acreditar
no futuro, próximo e distante, é vital para decisões de consumo e
investimento. E consumidor e empresário não estão de bom humor. Segundo a
Fundação Getúlio Vargas, o índice de confiança do consumidor, em maio,
caiu 3,3%, maior queda desde agosto de 2011, quando a retração atingiu
5%. O indicador se encontra próximo do nível do final de 2008, momento
em que o mundo era tragado pelo buraco negro da crise financeira
deflagrada a partir dos Estados Unidos.
Para o
consumidor, preocupa a persistência de uma inflação elevada, na faixa
superior aos 6%, muito acima da meta de 4,5%, por leniência do governo. O
empresário, por sua vez, tem várias preocupações. Diante do evidente
fracasso da política do “novo marco macroeconômico” — câmbio
desvalorizado, juros baixos e gastos públicos em alta —, é lógico que
empresas repensem planos de crescimento, engavetem projetos.
Outro
fator negativo é a insegurança jurídica, agravada pelo estilo mais
intervencionista do governo Dilma Rousseff, do qual a grande mostra é a
desestabilização financeira do setor elétrico, devido a uma medida
provisória baixada para cortar o custo da energia em 20%. A redução da
conta de luz virou arma eleitoral, e se converte num bilionário
“esqueleto” fiscal, pois o Tesouro tem financiado os rombos no sistema.
Para
agravar temores, o governo deixa claro, de forma implícita, que não
conseguirá cumprir a meta fiscal de superávit de 1,9% do PIB sem
recorrer a receitas extraordinárias e, é provável, novas doses de
contabilidade criativa. Não se confia mais na contabilidade pública.
Sendo
assim, do ponto de vista da economia e dos negócios, 2014 é um ano que
já acabou. Trata-se, agora, de esperar as eleições de outubro e
desdobramentos.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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