MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Em semestre difícil para motos, scooters seguem em alta


Para colunista, performance e aparência garantem sucesso do modelo.
Mas, com apenas 2% de participação, eles não são salvação do mercado.

Roberto Agresti Especial para o G1

Honda PCX 150 (Foto: Divulgação)Vendas do Honda PCX 150 no Brasil superaram expectativas da montadora (Foto: Divulgação)
As incertezas do cenário econômico brasileiro dos primeiros 6 meses de 2014 não pouparam o setor das motocicletas, que teve recuo de cerca 12% nas vendas do período se comparado ao primeiro semestre do ano passado. Mas um segmento está se destacando: o de scooters. Na primeira metade deste ano, ele já cresceu 31,8%, de acordo com a Abraciclo, a associação dos fabricantes do setor.
O que explica esta evolução dos scooters, uma espécie de “derivado de luxo” das antigas vespas e lambretas? Boa parte da atual escalada está associada ao lançamento no Brasil do Honda PCX 150, em maio de 2013, um modelo moderno que se tornou, desde a entrada no mercado europeu há 5 anos, um recordista de vendas. A posição foi mantida até o fechamento de 2013.
No Brasil, a carreira do modelo fez jus ao sucesso no velho continente, e a média das vendas mensais do PCX subiu 94% do ano passado para este, superando até as projeções da Honda, que estimava vender cerca de 10 mil unidades por ano. Mantido o ritmo atual, as vendas podem chegar ao dobro disso.

Um aspecto técnico destaca o PCX entre seus concorrentes: ter o sistema chamado de “start-stop”, que desliga e religa automaticamente o motor nas paradas, com intuito de economizar combustível e diminuir emissões de poluentes.
Além disso, o que seduziu mesmo os brasileiros foi a comunhão entre a boa performance global oferecida pelo motor 150cc e as rodas de 14 polegadas. Os itens são superiores aos do até então best-seller do mercado, o Honda Lead 110.
As rodas são capazes de enfrentar nossa má pavimentação de maneira muito mais competente do que as do Lead (de 12-10 polegadas) e de outro scooter bem conhecido dos brasileiros, o Suzuki Burgman 125i (de 10 polegadas). Com preço sugerido de R$ 8.290,00, há quem desembolse R$ 9 mil ou mais para tê-lo na garagem.
Lead 110 verde metálico (Foto: Divulgação)Honda Lead 110 era a mais vendida antes da PCX 150 (Foto: Divulgação)
Participação ainda é bem pequena
Apesar do bom desempenho de scooters, eles não podem ser vistos como a salvação da indústria motociclística instalada no país. A participação deles no total de vendas de veículos motorizados de duas rodas, foi de apenas 1,96% em 2013 e poderá subir para 2,85%, se a aceitação mostrada neste primeiro semestre continuar assim.
Há a suspeita de que o crescimento de mais de 30% na vendas de scooters no Brasil esteja sendo fomentado por um novo tipo de cliente para o mundo de duas rodas. Não são ex-motociclistas, mas novos usuários, pessoas que não cogitariam usar moto como meio de transporte, possivelmente, por considerá-la perigosa ou de condução complexa, mas que veem scooters com bons olhos. Eles são acessíveis, fáceis de levar, isentos de complicações e estereótipos negativos.
Esses “novos clientes” também seriam responsáveis por outro fenômeno de vendas deste ano na categoria scooter, só que em um patamar de preço e potência superior. São os donos do Dafra Citycom 300i (preço sugerido de R$ 15.240), cuja média mensal de vendas subiu 45,7% de 2013 para 2014. Maior, mais pesado e potente do que o PCX, o Citycom frequenta nossas ruas desde setembro de 2010 mas, pelo visto, precisou de um tempo a mais para chamar a atenção de quem queria um substituto para o carro ou transporte público.
Dafra Citycom 300i CBS (Foto: Renato Durães/Divulgação)Dafra Citycom 300i CBS chegou ao Brasil em 2010 (Foto: Renato Durães/Divulgação)
É cedo para imaginar que nossas grandes cidades com trânsito cada vez mais travado, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador ou Belo Horizonte, serão invadidas por senhores engravatados ou senhoras de "tailleur" pilotando scooters, como é comum ver em Milão, Paris, Madri ou Londres.
No entanto, é certo que as características de praticidade dos scooters associadas a uma experiência de condução mais simples do que a da motocicleta, além da aparência amigável, exercem forte atrativo sobre um novo público. Reavaliando suas opções de deslocamento urbano, esses clientes entenderam que os scooters podem ser uma boa alternativa para reduzir o tempo desperdiçado no ir e vir das metrópoles.
Roberto Agresti (Foto: Arquivo pessoal)

Roberto Agresti escreve sobre motocicletas há três décadas. Nesta coluna no G1, compartilha dicas sobre pilotagem, segurança e as tendências do universo das duas rodas.

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