Para colunista, performance e aparência garantem sucesso do modelo.
Mas, com apenas 2% de participação, eles não são salvação do mercado.
O que explica esta evolução dos scooters, uma espécie de “derivado de luxo” das antigas vespas e lambretas? Boa parte da atual escalada está associada ao lançamento no Brasil do Honda PCX 150, em maio de 2013, um modelo moderno que se tornou, desde a entrada no mercado europeu há 5 anos, um recordista de vendas. A posição foi mantida até o fechamento de 2013.
No Brasil, a carreira do modelo fez jus ao sucesso no velho continente, e a média das vendas mensais do PCX subiu 94% do ano passado para este, superando até as projeções da Honda, que estimava vender cerca de 10 mil unidades por ano. Mantido o ritmo atual, as vendas podem chegar ao dobro disso.
Além disso, o que seduziu mesmo os brasileiros foi a comunhão entre a boa performance global oferecida pelo motor 150cc e as rodas de 14 polegadas. Os itens são superiores aos do até então best-seller do mercado, o Honda Lead 110.
As rodas são capazes de enfrentar nossa má pavimentação de maneira muito mais competente do que as do Lead (de 12-10 polegadas) e de outro scooter bem conhecido dos brasileiros, o Suzuki Burgman 125i (de 10 polegadas). Com preço sugerido de R$ 8.290,00, há quem desembolse R$ 9 mil ou mais para tê-lo na garagem.
Apesar do bom desempenho de scooters, eles não podem ser vistos como a salvação da indústria motociclística instalada no país. A participação deles no total de vendas de veículos motorizados de duas rodas, foi de apenas 1,96% em 2013 e poderá subir para 2,85%, se a aceitação mostrada neste primeiro semestre continuar assim.
Há a suspeita de que o crescimento de mais de 30% na vendas de scooters no Brasil esteja sendo fomentado por um novo tipo de cliente para o mundo de duas rodas. Não são ex-motociclistas, mas novos usuários, pessoas que não cogitariam usar moto como meio de transporte, possivelmente, por considerá-la perigosa ou de condução complexa, mas que veem scooters com bons olhos. Eles são acessíveis, fáceis de levar, isentos de complicações e estereótipos negativos.
Esses “novos clientes” também seriam responsáveis por outro fenômeno de vendas deste ano na categoria scooter, só que em um patamar de preço e potência superior. São os donos do Dafra Citycom 300i (preço sugerido de R$ 15.240), cuja média mensal de vendas subiu 45,7% de 2013 para 2014. Maior, mais pesado e potente do que o PCX, o Citycom frequenta nossas ruas desde setembro de 2010 mas, pelo visto, precisou de um tempo a mais para chamar a atenção de quem queria um substituto para o carro ou transporte público.
No entanto, é certo que as características de praticidade dos scooters associadas a uma experiência de condução mais simples do que a da motocicleta, além da aparência amigável, exercem forte atrativo sobre um novo público. Reavaliando suas opções de deslocamento urbano, esses clientes entenderam que os scooters podem ser uma boa alternativa para reduzir o tempo desperdiçado no ir e vir das metrópoles.
Roberto Agresti escreve sobre motocicletas há três décadas. Nesta coluna no G1, compartilha dicas sobre pilotagem, segurança e as tendências do universo das duas rodas.
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