Cooperativa conta com 135 associados de 25 assentamentos.
Em 2012, produziram cinco toneladas de sementes orgânicas de hortaliças.
Produzir e vender semente orgânica de hortaliça com alguma escala parecia negócio inviável. Ainda hoje, no Brasil, grande parte dos cultivos orgânicos se utiliza de sementes convencionais - tratadas com fungicidas e outros defensivos químicos. O mercado nunca dispôs de sementes orgânicas de qualidade e em quantidade para atender a demanda.
Não basta reproduzir as sementes híbridas disponíveis hoje. É preciso buscar junto a empresas de pesquisa variedades mais resistentes e adaptadas a esse tipo de cultivo.
A nova cooperativa foi fundada com apenas 12 agricultores, mas com o passar dos anos, o negócio cresceu, e hoje a chamada Bionatur conta com 135 cooperados de 25 assentamentos, espalhados por 13 municípios do Rio Grande do Sul.
Em dois dos 20 hectares do lote do agricultor Vanderlei Berté, que fica no município de Candiota, ele plantou salsa crespa, cebola, cenoura e repolho. Assim como as sementes da couve, as do repolho também ficam dentro de vagens que a planta solta depois que as flores são polinizadas. O ideal é colher e levar essas vagens para uma lona ainda amarelinhas, antes que elas amadureçam por completo.
Berté plantou pouco menos de um quarto de hectare com repolho e espera colher 25 quilos de semente, que vai vender a R$15 o quilo.
Seguindo orientação da Luana Vais, técnica agropecuária da cooperativa, para o ano que vem o agricultor pretender mudar a área plantada de lugar para aumentar a produtividade. Luana explica que para produzir semente de repolho tem que plantar a hortaliça fora da época recomendada.
Produção
Todos os agricultores da cooperativa contam com assistência técnica gratuita e aprendem logo a importância de manter o solo saudável, de fazer boas mudas, adubações orgânicas sistemáticas, plantar as mudas viradas para onde nasce o sol.
O custo de produção é mínimo. A cooperativa fornece as sementes e financia o aluguel de máquinas para fazer o preparo do solo. O biofertilizante, praticamente único produto aplicado nas lavouras, é feito lá mesmo.
A cooperativa beneficia toda a produção de agricultores em sua sede, no município de Candiota. As sementes são separadas por tamanho e peso. Dependendo da umidade, elas passam ainda por um secador. Só então, seguem para as câmaras frias. Uma amostra de cada lote é enviada para um laboratório que testa o grau de pureza e de germinação da semente.
Hoje, a Conab compra a maior parte das sementes da cooperativa. O restante é vendido em feiras, lojas agropecuárias e supermercados locais. O preço é praticamente igual ao das sementes convencionais.
Certificação
A cooperativa encara agora um grande desafio: certificar todas as propriedades que entregam as sementes agroecológicas. O processo é lento e custoso. Até agora, 41 propriedades foram certificadas e estão em processo de renovação.
O agrônomo Gilberto Zibetti, inspetor do Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural - o IBD - visita os lotes para identificar possíveis alterações e irregularidades.
Ao longo da última década a produção de sementes agroecólogicas vem se consolidando como alternativa de renda importante para os agricultores assentados do Rio Grande do Sul. Não é mais só o dinheiro do leite. Sem contar os muitos produtos cultivados também de forma orgânica para a subsistência das famílias.
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