O
retorno das atividades escolares em 2024 é uma excelente oportunidade
para estabelecer uma rotina de alimentação saudável para as crianças e
para a família, e também para ampliar o debate sobre esse tema com
outros pais, mães, cuidadores e responsáveis, com professores e com a
escola onde seus filhos estudam.
Para a nutricionista e consultora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec),
Giorgia Russo, é essencial que as escolas sejam ambientes alimentares
adequados e saudáveis, uma vez que crianças e adolescentes passam ali a
maior parte do dia e é justamente onde começam a construir seus hábitos
alimentares para o futuro.
Confira
a seguir algumas dicas que o Idec elaborou, pensando tanto nas famílias
como nos professores e escolas, para que a alimentação saudável seja um
assunto mais debatido e valorizado em 2024.
Dicas para as famílias:
- Conhecer a alimentação oferecida para as crianças e adolescentes
É
importante saber quais lanches e refeições são oferecidos na escola,
como é elaborado o cardápio da semana, quais ingredientes são
utilizados, questionar se há um nutricionista responsável e até mesmo
solicitar uma reunião de familiares com o profissional.
- Escolher opções saudáveis para a lancheira e excluir os ultraprocessados
Famílias que preparam lanche para o recreio devem escolher opções saudáveis, alimentos in natura
ou minimamente processados, evitando bebidas e alimentos
ultraprocessados. O ideal é contar com a participação da criança na
escolha e no preparo. Algumas sugestões:
- frutas como protagonistas da lancheira: frutas da época são mais baratas e podem ser cortadas e acondicionadas em potinhos
- pão de queijo caseiro - veja uma receita no Mapa das Feiras Orgânicas do Idec
- pão caseiro recheado com queijo ou geleia sem açúcar
- sanduíche natural sem molhos
- fatia de bolo caseiro
- iogurtes naturais
- Incentivar a cantina a oferecer mais opções saudáveis e restringir os ultraprocessados
O
Decreto Presidencial nº 11.821 (leia mais abaixo) recomenda que Estados
e municípios criem regulamentações para restringir a comercialização e a
doação de produtos alimentícios ultraprocessados no ambiente escolar
das redes públicas e privadas de educação básica.
- Propor a criação de uma Comissão de Alimentação na escola
Se
as famílias percebem que o tema da alimentação poderia ser mais
debatido na escola ou que algumas transformações no ambiente alimentar
são necessárias, podem propor a formação de uma Comissão de Alimentação,
incluindo professores, diretores, estudantes, pais, cantineiros etc.,
para construir soluções viáveis em conjunto com a comunidade.
Dicas para as escolas e os professores:
Uma
escola que oferece alimentação saudável e que educa para a construção
de hábitos saudáveis para o futuro é grande aliada da saúde das crianças
e adolescentes. É importante que a escola promova bons hábitos
alimentares e tenha conteúdos sobre educação alimentar e nutricional de
forma transversal em seu currículo para todas as faixas etárias, além de
ter a comunidade envolvida nessas ações.
- Falar da alimentação oferecida na unidade escolar
É
importante que os alunos, os cuidadores e responsáveis saibam o que é
oferecido na escola, em termos de alimentação: se a comida é preparada
localmente ou vem de uma cozinha central, de onde vêm os ingredientes e
quem os seleciona, quem elabora o cardápio, quem cuida da cantina e
quais produtos são oferecidos aos estudantes.
Vale assistir aos mini documentários da campanha Comer Bem na Escola para se inspirar com ações realizadas em todo o Brasil.
- Criar uma horta para estimular os alunos a cuidarem dos alimentos
Uma
horta é um experimento ideal para os alunos colocarem as mãos na terra,
lidarem com sementes e aprenderem sobre o plantio de alimentos. "Muitas
sementes brotam com facilidade e rapidez nessa época do ano. As plantas
alimentícias não convencionais (PANCs) são muito adaptadas ao nosso
clima e não exigem tanto manejo, além de darem uma lição de educação
ambiental", orienta Giorgia Russo.
- Ter aulas de cozinha e preparar receitas fáceis e saudáveis
"Cozinhar é um importante caminho para a adoção de hábitos alimentares saudáveis, porque estimula o consumo de alimentos in natura
ou minimamente processados e ainda nos conecta com os alimentos,
gerando autonomia. Desenvolver habilidades culinárias é uma recomendação
do Guia Alimentar para a População Brasileira para promover saúde e a
escola é um ótimo local para isso", comenta a nutricionista do Idec.
- Criar conteúdos interdisciplinares sobre comida e alimentação
A
educação alimentar e nutricional é um tema transversal da Base Nacional
Comum Curricular da educação básica. Uma escola que promove ações de
educação alimentar e nutricional de forma estruturada em todas as etapas
de aprendizagem vai contribuir para a formação dos estudantes sobre
alimentação adequada e saudável, levando a bons hábitos alimentares.
- Ter aulas sobre alimentação saudável e sobre a rotulagem de alimentos
Outra
sugestão é falar sobre opções saudáveis e ingredientes que, em excesso,
provocam prejuízos para a saúde. Importante também orientar os alunos
sobre como ler os rótulos de alimentos e bebidas embalados,
especialmente com o aviso da lupa, explicando a diferença dos
ingredientes que utilizamos em casa e nos restaurantes daqueles que a
indústria utiliza nos preparos, conhecidos como aditivos alimentares.
Idec e alimentação saudável nas escolas
O
Idec debate e valoriza o tema da alimentação saudável para crianças e
adolescentes no ambiente escolar há muitos anos. Recentemente, foi
lançada mais uma fase da campanha Comer Bem na Escola,
que tem o objetivo de destacar a importância de práticas e políticas
para a formação de hábitos alimentares adequados e saudáveis. A campanha
Comer Bem na Escola é promovida pelo Idec em parceria com o Instituto
Desiderata, a FIAN Brasil e a ACT Promoção da Saúde.
E para o Idec, 2024 tem um sentido mais especial, com a publicação do Decreto Presidencial nº 11.821,
que orienta ações para a promoção de uma alimentação mais saudável no
ambiente escolar em todo o Brasil. O decreto, assinado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, tem como base materiais elaborados pelo Idec
nos últimos anos, como o projeto de lei (PL) modelo incluído no
documento “Alimentação Saudável nas Escolas - Guia para Municípios".
Nenhum comentário:
Postar um comentário