A jornalista Eliane Cantanhêde afirmou que a robusta manifestação de ontem na Avenida Paulista
prova
o que todos já sabem: que o Brasil não é unanimemente lulista, o que
exige que Lula faça mais do que ter ministros excelentes (sério?).
Muitos comentaristas no exterior também trataram os atos como se fossem
puramente de rejeição a Lula.
O
STF equivocadamente ficou de fora dos holofotes dessas pessoas. Se o
ato deveria ser pedagógico para alguém, era para os poderosos togados,
que, não me iludo, desprezarão qualquer lição da realidade, preferindo
cultivar a fantasia que criaram para si mesmos de que são heróis
aclamados pela pátria.
Não
tenho nenhum problema em polarizar contra o mal em si. A juristocracia e
o lulopetismo são inimigos existenciais da liberdade e merecem ser
questionados e confrontados com vigor à altura do horror que
representam.
Todos
que chancelaram a volta de Lula ao poder e justificam as ações
autoritárias do Judiciário estão, em alguma medida, se comprometendo
moralmente por fazê-lo; já o disse e não o renego. Contudo, e não
podemos deixar que a polarização nos cegue quanto às complexidades
humanas, isso não os torna um oceano de milhões de canalhas uniformes.
Conheço,
sim, pessoas que persistem tomadas por uma ilusão ideológica estúpida,
votando em alguém que não deveria ter saído da cadeia, mas são capazes
de atos de extrema generosidade. O mundo não é tão simples quanto nossas
postagens de frases de efeito contra nossos opositores.
Só
que os tirantes que mandam no Brasil hoje não alcançam isso em relação à
massa oposta. Os togados vomitam arrogantemente sua certeza de que é
apenas uma minoria de extremistas de direita, fascistas e fanáticos que
não os aplaude.
O
que a manifestação ser grande demonstra – não, insisto, que eles vão
reconhecê-lo – é o ridículo de tal narrativa. Qualquer que seja nossa
opinião sobre Bolsonaro – todos sabem que sou crítico e só lhe dei apoio
pragmático -, o fato é que uma parcela imensa da sociedade é tanto
contra Lula quanto contra a juristocracia.
Essa
parte imensa da sociedade não aceita ser tratada diariamente como um
monstro que precisa ser escorraçado à força da vida pública como
sujeira.
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