Está
chegando a hora de brincar o Carnaval. Foliões e foliãs de todo o
Brasil irão invadir as ruas para curtir as festividades com muita
alegria e descontração em um evento rico em cultura.
Porém,
para você curtir seu ritmo favorito, seja frevo, samba, axé e tantos
outros sem prejuízo à saúde, é importante tomar alguns cuidados com a
voz e a audição. A alegria transborda na folia de momo, mas a exposição a
sons de alta intensidade (trios elétricos) e o uso intenso da voz nos
blocos de rua, por exemplo, podem trazer complicações.
A
precaução deve ser redobrada principalmente para as pessoas que
utilizam a voz como instrumento de trabalho, como é o caso dos
vendedores, professores, atendentes de telemarketing, entre outros.
A
preocupação com esses excessos deve ser estendida principalmente aos
músicos, que nesse período chegam a uma jornada de trabalho de mais de
seis horas por dia. Nesses casos, a orientação de um fonoaudiólogo
especializado em voz é indispensável para evitar fadiga vocal, perda de
qualidade da voz ou perda da voz (afonia) durante a maratona vocal, seja
em cima de um trio elétrico com chuva e/ou sol ou nos palcos.
Com
o objetivo de orientar músicos e foliões, o Conselho Regional de
Fonoaudiologia 4ª Região (PE, BA, AL, SE e PB) está divulgando algumas
dicas e orientações a respeito dos cuidados que devemos ter durante as
festividades carnavalescas, tanto com a voz e a audição. Confira:
VOZ
Aos foliões
Os
foliões devem evitar os excessos. Os problemas vocais são
multifatoriais e estão relacionados com qualidade do sono, hidratação,
alimentação adequada, excesso de álcool e fumo. O fumo é o inimigo
número 1 da voz. Na “melhor” das hipóteses causa enfisema pulmonar e
edema de Reinke, quando não causa câncer de boca, laringe ou pulmão.
Dez dicas para manter a voz saudável na folia
1. Evitar o cigarro;
2. Beber com moderação;
3. Utilizar roupas confortáveis;
4. Articular bem as palavras;
5. Não forçar a voz;
6. Poupar a voz durante períodos pré-menstruais, crises alérgicas e estados gripais;
7. Ingerir bastante líquido em temperatura ambiente;
8. Evitar alimentos que causem azia e má-digestão;
9. Evitar gritar, falar muito alto ou cantar durante muito tempo;
10. Treinar a voz participando de corais ou escolas de canto com orientação profissional.
Aos músicos
Para
manter o mesmo ritmo e qualidade vocal durante as horas de show, o
acompanhamento especializado de um Fonoaudiólogo é indispensável. O
tratamento permitirá a conquista de novos hábitos e o restabelecimento
da resistência e rejuvenescimento da voz. Alguns exercícios são
recomendados para os artistas durante os shows, como o aquecimento da
laringe antes do início do show e o desaquecimento após a maratona de
festa. A intenção desse acompanhamento fonoaudiológico é evitar no
cantor fadiga vocal, perda da qualidade da voz ou afonia (colapso na
voz).
AUDIÇÃO
De
acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia
Cérvico-Facial, durante o Carnaval a intensidade de som pode chegar a
120 decibéis (seja nas ruas, som do trio elétrico ou no sambódromo). No
entanto, nosso ouvido suporta apenas uma intensidade de 85 decibéis por
cerca de oito horas. Se o som atinge 110, a tolerância cai para apenas
meia hora. E 120, cai para apenas 15 minutos. Essa exposição prolongada
ao barulho (como acontece com trabalhadores de fábricas e indústrias que
não protegem os ouvidos, pode levar em alguns anos à perda definitiva
da audição.
Segundo
a Sociedade Brasileira de Otologia, é durante o Carnaval que se
verifica um aumento no número de casos de pessoas que apresentam
problemas nos ouvidos, causados, principalmente, pelos ruídos derivados
de caixas de som super potentes de clubes e trios elétricos.
É
importante lembrar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a
poluição sonora a terceira maior do meio ambiente, perdendo apenas para
a poluição da água e do ar. A exposição a sons intensos é a segunda
causa mais comum de deficiência auditiva. Muito se pode fazer para
prevenir a perda auditiva induzida por ruído, mas pouco pode ser feito
para reverter os danos que ela causa.
Aos foliões e músicos
O
uso de protetores auriculares de silicone moldável é bastante
recomendado para os foliões que querem evitar problemas auditivos sérios
neste carnaval, no entanto, o acessório pode atrapalhar a comunicação
e, por isso, o seu índice de utilização é quase zero. É recomendável o
uso de protetores auriculares em crianças, que são mais sensíveis ao
barulho.
Outra
dica é fazer intervalos de 10 minutos longe do som de alto volume, a
cada meia hora. Dando, dessa forma, tempo para o ouvido se recuperar.
Outra dica importante é manter uma distância de pelo menos 10 metros da
fonte sonora, sejam elas bandas, caixas de som ou trio elétrico.
Em
caso de exposição intensa ao som alto, vale destacar que se o zumbido
ou sensação de abafamento durar mais de três dias, a recomendação é
procurar um otorrinolaringologista para verificar se houve alguma lesão.
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