Operadores políticos já detectam essa tendência junto ao eleitorado. E Moro é visto como o único pré-candidato capaz de "roubar" votos dos grupos bolsonaristas. Leia "A demanda pela centro-direita", de William Waack:
Entre
os profissionais que operam na política cresce a convicção de que a
candidatura de terceira via é “inevitável” e tem grandes chances contra
Bolsonaro e Lula. Conversas mantidas com vários desses operadores –
nenhum deles candidato e afiliados a cinco partidos diferentes – indicam
uma noção de “timing” quase idêntica.
A
saber: as eleições ainda não estão no centro das preocupações da grande
massa do eleitorado, algo que, supõem eles, só acontecerá a partir de
agosto do ano que vem. Admitem que o quadro “psicológico” dos eleitores
hoje é de desânimo e resignação, mas a forte polarização entre os
extremos do espectro político não faz parte do grande quadro.
É
muito parecida também a linha do tempo traçada por esses mesmos
operadores. Acreditam que cerca de oito a dez candidatos disputando uma
vaga no centro pontuarão abaixo de dez pontos nas pesquisas até
aproximadamente maio do ano que vem, quando três a quatro candidaturas
surgirão com mais força. Esse número se afunila em julho, época das
convenções partidárias, e um desses nomes já teria então pontuação entre
14 e 16% das intenções de voto estimuladas.
Para
esses profissionais da política, uma pontuação nessa magnitude seria
suficiente para tirar Bolsonaro do segundo turno, no qual todos
consideram que Lula, a julgar pelo retrato do momento, tem presença
garantida. E que seria muito mais fácil montar uma “aliança nacional”
contra Lula do que contra Bolsonaro. Justificam esse prognóstico
assumindo que a “demanda” do eleitorado seria claramente por uma
candidatura de “centro-direita” (consultado, ao menos um governador de
“esquerda” concorda).
Todos
admitem que vai ser difícil “roubar” votos dos santuários
bolsonaristas, e que Moro seria o único pré-candidato hoje que reuniria
essa condição. Olham com atenção a senadora Simone Tebet, embora
prefiram considerá-la uma vice ideal. Acreditam que o tucanato terá uma
disputa perigosa entre Leite e Doria, com potencial de enfraquecer o
partido, e que Rodrigo Pacheco precisa subir vários patamares no
desempenho televisivo. Avaliam como muito difícil que Ciro Gomes consiga
transpor o cercadinho de esquerda na percepção do eleitor.
No
grande cenário traçado pelos diversos operadores políticos existe mais
um ponto em comum: consideram que o tempo está trabalhando a favor da
candidatura de terceira via. Vem daí o uso da palavra “inevitável”.
Detectam uma corrente profunda no eleitorado incapaz de associar a
palavra “esperança” a Bolsonaro ou Lula. E é esse grande movimento que
derrotará os dois.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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