Inteligência artificial no mercado de contabilidade já é realidade, e exige novo perfil e atuação dos profissionais
Um estudo elaborado por uma accountech de Curitiba – a ROIT Consultoria e Contabilidade – aponta um novo cenário para a atuação de contadores nos próximos cinco a dez anos. A definitiva robotização dos processos e a reforma tributária que vai exigir mudanças na gestão fiscal das empresas impõem qualificação para funções de planejamento e decisões estratégicas. Além disso, deverá ser a década da consolidação dos escritórios.
De acordo com o levantamento, desde 2016, pelo menos, o número de profissionais liberais no mercado brasileiro de contabilidade vem caindo, ao passo que a quantidade de escritórios se eleva. Há quatro anos, eram 532,9 mil profissionais; hoje (2020), são 514,9 mil. Por outro lado, em 2016, eram 55 mil escritórios em todo o país; em 2020, passam dos 70 mil. “Com o crescimento de escritórios, fica ainda mais difícil a contratação de profissionais experientes”, observa o sócio e CEO da ROIT, Lucas Ribeiro, coordenador do estudo.
Conforme explica Lucas Ribeiro, além da incorporação de profissionais por escritórios, estes tendem, em um período de até dez anos, estarem concentrados em grandes empresas – por meio de redes, fusões e franquias, em um processo semelhante ao já experimentado por outros segmentos da economia. “Costumo citar como exemplo o mercado de farmácias e supermercados, que de uns anos para cá passou a ser concentrado em grandes redes. É o que começa a acontecer com o setor de contabilidade”, ilustra o executivo.
Também se identifica, para os próximos anos, o ingresso no mercado de contabilidade de empresas originalmente de outros setores, porém exercendo a prestação de serviços contábeis. Bancos e empresas de tecnologia de ERPs (softwares de gestão empresarial) passam a ser novos atores, disputando fatias com escritórios essencialmente de contabilidade. A automatização dos processos, por meio da inteligência artificial, dispensando, assim, o trabalho humano para tarefas operacionais, estará na base desse movimento para a década de 2020.
COMO LIDAR?
Como lidar com a situação que se avizinha e se manter competitivo no mercado profissional de contabilidade? Para Lucas Ribeiro, o investimento em qualificação faz-se imprescindível. “O contador sempre teve fama de ‘gerador de guias’, o que nunca foi verdadeiro, afinal, os escritórios passaram anos tendo que investir tempo, dinheiro e energia em atender demandas absurdas do fisco. Mas agora essas tarefas, e inúmeras outras, são feitas por robôs, e então os profissionais poderão, enfim, atuar como verdadeiros analistas e consultores, decisivos para a gestão completa de um empreendimento”, explica o CEO da ROIT.
A experiência da accountech curitibana é um indicativo do que está por vir. Ou melhor, já está vindo. “A ROIT é um desses casos em que o uso da inteligência artificial não é mais projeto, nem tendência: é absoluta realidade”, assinala Lucas Ribeiro. Segundo o executivo, o robô contábil da ROIT já ultrapassou a marca de 8 milhões de lançamentos contábil e quase 2 bilhões de cenários tributados. "Essa produtividade só é possível em função da automação", assegura.
IMPACTO
Um estudo da Fundação Getúlio Vargas divulgado no ano passado traça três possibilidades de cenário de avanço da inteligência artificial nas mais variadas atividades econômicas, para os próximos cinco anos. Da mais otimista para a mais pessimista, as projeções apontam para redução de até 4 pontos percentuais nos postos de trabalho.
Impacto que o setor de contabilidade não está imune. Pelo contrário, deverá ser um dos mais afetados, adverte Lucas Ribeiro. Por isso, continua ele, a qualificação passa por investimento em automatização de processos.
“Apesar da disruptura que causa, a tecnologia deve ser encarada como aliada, e não como uma ameaça. A automatização de atividades operacionais aumenta a produtividade e libera o profissional para se focar em planejamento e decisões estratégicas", reitera.
LUCRO REAL
A ROIT foca sua atuação prestando serviços a empresas que estão no regime tributário do Lucro Real. É um nicho pequeno em quantidades de empresas – representam só 3% dos CNPJs (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) de todo o Brasil. Entretanto, é o segmento em que está 62% do potencial de receita para o mercado de contabilidade, de acordo com o estudo da ROIT.
“A partir de dados públicos da Receita Federal identificamos um total de 18 milhões de CNPJs em todo o território nacional, desconsiderando CNPJs do serviço público e outros segmentos, que não demandam contratações de profissionais ou escritórios de contabilidade. O potencial de receita anual, total, é de R$ 158,3 bilhões, hoje. Mas, para aproveitar esse potencial, profissionais e escritórios precisam estar preparados”, sublinha Lucas Ribeiro.
A reforma tributária deve tornar o regime do Lucro Real mais vantajoso, em boa parte dos casos, do que os regimes do Simples Nacional e do Lucro Presumido. Logo, depois de aprovada e entrar em vigência, a reforma deverá estimular as empresas a migrarem de regime – tarefa que terá o profissional de contabilidade como ator chave nesse processo.
“Profissionais e escritórios que estiverem mais preparados, desde já, terão condições de aproveitar muito melhor as oportunidades que essa nova realidade trará”, avisa o executivo da ROIT.
MAIS INFORMAÇÕES
• E-book da ROIT sobre o mercado contábil disponível em https://mundo.roit.ai/pt-br/ ebook-estudo-mercado-contabil- brasil
• E-book da ROIT sobre o mercado contábil disponível em https://mundo.roit.ai/pt-br/
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Lucas Ribeiro, CEO da ROIT Consultoria e Contabilidade. Crédito: ROIT baixar em alta resolução |
Crédito: Pixabay baixar em alta resolução |
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