O público não vai acreditar mais na imprensa se continuar sendo
informado de crises que não existem. Coluna de J. R. Guzzo, publicada
pelo portal Metrópoles:
Alguém por aí se lembra da crise da carne, que ainda há umas poucas
semanas estava ameaçando o Brasil, os brasileiros, a alimentação
popular, a taxa de inflação, o bem de todos e a felicidade geral da
nação? Pois é: o que aconteceu com a Grande Crise da Carne, por conta da forte alta de preços no atacado e no varejo, durante dias seguidos?
O que aconteceu foi o seguinte: quando os preços estavam subindo, o
assunto era um dos interesses mais urgentes da mídia. A cada dia, novas
manchetes, e a cada telejornal, apresentadores com cara de apocalipse
anunciando: “Hoje, o preço da carne subiu mais tanto e bateu o recorde
de ontem”, etc. etc. Quando os preços começaram a cair, como era
inevitável que cairiam, não saiu praticamente nenhuma notícia dizendo: “Hoje, o preço da carne baixou mais tanto”.
Resultado: só houve a crise na carne, e não houve o fim da crise da
carne. O assunto simplesmente sumiu – e o público, que havia sido mal
informado sobre o aumento dos preços, não foi informado sobre a sua
redução. Soube dos preços indo ao açougue, e não pela mídia.
Os veículos de comunicação já vão mal das pernas, em termos de
credibilidade. As notícias só existem quando abrem espaço para se dizer
que tudo vai mal – e que a culpa deve ser do governo. Se não é assim,
não interessa. O público não vai acreditar mais na imprensa se continuar
sendo informado de crises que não existem.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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