Trump “desceu” para seu resort de inverno na Flórida para receber como
hóspede seu cada vez mais amigo Bolsonaro. Artigo de Alexandre Garcia,
publicado na Gazeta do Povo:
Durante a maior parte do tempo de nossos 131 anos de República, o
nome do nosso país foi “Estados Unidos do Brasil” e nossa primeira
bandeira republicana foi stars and stripes. Apenas nossas listras e
estrelas tinham o verde e o amarelo, ainda das casas de Bragança e
Habsburgo. Nossa primeira constituição também saiu meio cópia da
americana.
Esse mimetismo sempre pesou muito. Lutamos ombro a ombro na Itália e
sediamos o TIAR, Tratado do Rio de Janeiro, em 1947, pelo qual qualquer
agressão extracontinental a país signatário, gera a reação de todos.
Essa união ficou abalada no governo Geisel, quando o Brasil reatou com a
China Comunista, foi o primeiro a reconhecer o governo socialista de
Angola, assinou acordo nuclear com a Alemanha e rompeu o Acordo Militar
com os Estados Unidos em 1977, no governo do democrata Jimmy Carter.
Agora veio o reatamento, depois do Acordo de Salvaguardas
Tecnológicas, assinado há um ano, que envolve a base espacial maranhense
de Alcântara. O Acordo Militar agora assinado abre para o Brasil
intercâmbio de tecnologia.
Assim como a Fórmula 1 cria tecnologia de que se beneficiam os
veículos comuns, a tecnologia bélica sempre representou avanços para as
ciências e a medicina. E principalmente vai facilitar o comércio de
produtos da indústria bélica brasileira, que emprega 250 mil pessoas:
aviões, fragatas, submarinos, artilharia autopropulsada, armas
individuais, blindados, munição. Não apenas para os Estados Unidos,
interessados no Super Tucano, mas também abre portas para os 28 países
da OTAN, como França, Reino Unido, Itália, Alemanha, Índia, Coreia do
Sul. Consequência de encontro anterior entre os dois presidentes, quando
se anunciou que o Brasil virou aliado preferencial da Organização do
Atlântico Norte.
O resultado da viagem de Bolsonaro à Flórida vai além. Fortalecendo a
efetivação do Brasil como membro da OCDE – o clube da elite econômica
mundial – avança-se num sistema de Operadores Econômicos Autorizados.
Isso elimina barreiras burocráticas e fiscais para a reciprocidade entre
empresas e trabalhadores, nos dois países. A oportunidade que perdemos
ao recusar participação no NAFTA, o livre comercio no norte, agora vamos
recuperando, ao serem levantados obstáculos para o intercâmbio e acesso
ao maior mercado do planeta. E geograficamente próximo.
Trump “desceu” para seu resort de inverno na Flórida para receber
como hóspede seu cada vez mais amigo Bolsonaro. Elogiou o presidente
brasileiro pelas mudanças que vêm sendo feitas no país – a mais
importante delas é deixar a corrupção longe das estatais e do dinheiro
público. Só esse entendimento entre dois chefes de estado – um deles do
país mais poderoso da Terra – já é significativo como resultado da
visita. Além disso, conversaram sobre a democracia no continente.
Em dezembro de 2003, antes de assumir, Lula esteve na Casa Branca e
ouviu do republicano Bush: Cuide da Venezuela que cuido do Iraque. Deu
no que deu, na Venezuela e no Iraque. No fim de semana, Trump e
Bolsonaro conversaram sobre a velha ditadura de Cuba, a recuperação da
democracia na Bolívia, e a tragédia Venezuela. Incrível, mas ditaduras
apoiadas por partidos políticos que operam na democracia brasileira.
O acordo militar foi assinado no Comando do Sul, a que está afeta a
área de América do Sul e Caribe. Significativamente, antes de chegar a
Palm Beach, o presidente do Brasil fez uma escala em Roraima, que está
recebendo os refugiados da ditadura socialista bolivariana.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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