MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 5 de março de 2020

Alcolumbre sinaliza convocação do general Heleno após a manifestação do dia 15


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Se for mesmo convocado, qual será a reação do ministro-general?
Amanda Almeida e Thais Arbex
O Globo 

Alvo de ataques dentro e fora do Congresso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), indicou que vai pautar a convocação do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, como uma resposta do Congresso aos recentes ataques do governo. A avaliação inicial, no entanto, é a de que o Senado deve esperar os atos de rua pró-governo e, em seguida, chamar o chefe do GSI a dar explicações ao plenário da Casa sobre a acusação de que o Congresso chantageia o governo.
Alcolumbre conduziu nesta terça-feira uma tensa reunião em seu gabinete. Com a presença de cerca de 30 senadores, ele pregou uma reconciliação interna, mas ameaçou levar “excessos” ao Conselho de Ética da Casa.
SENADORES COBRAM – A discussão acalorada entre Alcolumbre e os colegas ocorreu em meio às negociações sobre a distribuição de recursos do Orçamento de 2020. Pouco antes de suspender a sessão que analisaria o veto do presidente ao controle de R$ 46 bilhões pelo Congresso, Alcolumbre se reuniu com senadores que apelavam pelo cancelamento da votação.
Naquela tarde, o presidente do Senado havia sido cobrado publicamente pelo silêncio depois de o presidente Jair Bolsonaro compartilhar vídeo chamando para manifestações que têm o Congresso como um dos alvos. Com as portas do gabinete fechadas, também ouviu que tem a obrigação de repartir com igualdade a parcela do Orçamento cuja indicação caberá ao Senado.
A conversa ocorreu na Presidência do Senado e, durante quase duas horas, se transformou em bate-boca.
VIROU GRITARIA – Segundo relatos ao Globo, a antessala foi esvaziada, porque os gritos estavam vazando. A iniciativa do encontro foi do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que levou o grupo para o gabinete, depois de parlamentares ameaçarem obstruir a sessão caso Alcolumbre insistisse na votação.
O presidente do Senado, de acordo com participantes da reunião, chegou quando os senadores já estavam lá discutindo sobre a análise do veto e dos projetos de lei encaminhados pelo governo na tentativa de acordo.
Ao chegar, o presidente do Senado ouviu que o governo desrespeitou mais uma vez o Congresso ao mandar os projetos que fazem parte do acordo tão tarde – os textos chegaram às 17h, embora prometidos para a manhã de terça-feira.
MAIS COBRANÇAS – No embalo, os senadores reclamaram também da relação que está sendo estabelecida entre Congresso e Palácio do Planalto na gestão Alcolumbre. Desde o carnaval, o presidente do Senado tem sido cobrado a se posicionar sobre o vídeo compartilhado por Bolsonaro. Não se pronunciou publicamente. Aos colegas, respondeu que preferiu uma conversa pessoalmente ao debate “via Twitter”.
Alcolumbre respondeu que pediu respeito ao presidente Jair Bolsonaro na última conversa entre os dois, na segunda-feira:
“Disse a ele que sou o último elo entre o governo e o Congresso”, disse o senador.
RESPOSTA A KAJURU – Irritado, ele passou, então, a se defender. Disse que não aceitaria mais ataques de colegas ao próprio Senado e a ele. Citou uma declaração do senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), que o teria chamado de “vagabundo”. Em resposta, o presidente do Senado disse que “trabalha desde pequeno”.
Senadores presentes contam que ele se emocionou e prometeu não mais tolerar casos semelhantes. A partir de agora, disse, eles serão tratados pelo Conselho de Ética da Casa.
Segundo relatos, a declaração não foi contestada — nem mesmo pelos integrantes do grupo Muda Senado que estavam no encontro.
“NOVA POLÍTCA” – Kajuru é integrante desse bloco independente, que prega a “nova política” na Casa. São cerca de 20 parlamentares, que, embora não tenham número e articulação política para garantir a aprovação de suas bandeiras, como a instalação da CPI dos Tribunais Superiores, têm feito barulho na Casa, causando constrangimento ao presidente.
Foram eles que obstruíram outras sessões marcadas para votar o veto de Bolsonaro. O grupo adotou o discurso de que é o Executivo quem deve gerir o Orçamento. Para colegas, nas entrelinhas, esses senadores também taxaram os demais colegas de “chantagistas”, como classificou o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, ao falar sobre as negociações pelo controle do Orçamento.
KAJURU SE EXPLICA – “Eu não o chamei de vagabundo. Eu disse que ele não gosta de trabalhar. Fevereiro foi um mês perdido. Não votamos nada. Ele vai mandar para o Conselho de Ética todos os que discordarem dele?” — questiona Kajuru, em conversa com o Globo. Ele não participou da reunião, mas recebeu o recado de colegas presentes.
Com cobranças públicas aos colegas pela adesão a pautas que dividem o Senado, como a prisão imediata de condenados em segunda instância, o grupo vem incomodando não apenas Alcolumbre no último ano. No episódio do Orçamento, as declarações são de que não cabe ao Congresso decidir sobre a aplicação de recursos, e sim ao Executivo.
Segundo aliados de Alcolumbre, no rateio posterior dos R$ 19 bilhões que serão indicados por senadores e deputados depois do acordo com o governo, o Muda Senado ficará “por último na fila”. Com a intimidação, parte do grupo tem defendido internamente mais “moderação” nas declarações.
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