O economista Gustavo Franco, sócio da gestora Rio Bravo e
ex-presidente do Banco Central (BC), avalia que a reforma da Previdência
conta com “ambiente favorável inédito” na opinião pública favorável ao
assunto e há “indicativos muito bons” de que as medida serão aprovadas.
“Minha impressão é que a economia fiscal vai ficar mais perto do texto
original”, disse ao Broadcast nesta segunda-feira, ao participar do
evento “Estadão Discute Corrupção”, realizado na sede do jornal O Estado
de S.Paulo em parceria com o Centro de Debate de Políticas Públicas
(CDPP) e a editora Companhia das Letras para discutir as operações Lava
Jato e Mãos Limpas. “A ideia de desidratação soa como uma derrota do
projeto e isso não pode acontecer”, afirmou o ex-presidente do BC. O
texto original prevê economia fiscal em 10 anos de R$ 1,1 trilhão. Para
Franco, uma eventual tramitação em paralelo no Congresso da Previdência
com o pacote anticorrupção do ministro da Justiça Sergio Moro, também
presente no evento, não deve atrapalhar a aprovação da Previdência, pois
são temas diferentes, uma de economia e outra de segurança. O
complicado seria se fossem dois temas polêmicos da mesma área. Para
Franco, em razão da complexidade da reforma da Previdência, é natural
que o projeto precise de tempo. “O texto é grande, complexo. A discussão
no âmbito do Congresso é longa”, disse ele ressaltando que o ambiente
favorável hoje para o tema é diferente de outros momentos no passado
quando se tentou fazer uma reforma da Previdência e as condições eram
mais adversas. “Há indicações muito boas de aprovação.” A prioridade do
ministro da Economia, Paulo Guedes, na reforma da Previdência é
acertada, avalia Franco. “É muito difícil ser diferente. É o primeiro
assunto que tem que ser colocado.” Perguntado sobre os três primeiros
meses de governo de Jair Bolsonaro, Gustavo Franco ressaltou que a
transição de governo de Michel Temer para Bolsonaro é uma mudança
importante de governo, com paralelo em outras como a do governo de
Fernando Henrique para o de Luiz Inácio Lula da Silva. “Não deixa de ser
uma mudança paradigmática que atinge todas as estruturas de governo,
possivelmente o jeito de governo, o jeito de os Poderes se
relacionarem”, afirmou o economista. “Essas coisas nunca estão prontas.
Tem experimentos, tem adaptações”, finalizou.
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