Rogério Galindo, do blog Caixa Zero, via Gazeta do Povo:
Quando chegar a hora, Marina Silva
(Rede) terá de ser empalhada e enviada para estudo em algum
departamento de Ciência Política nacional. O projeto poderá se chamar:
“A mulher que não foi presidente porque não aceitou entrar no jogo”.
Não se está dizendo
que Marina seja santa, embora na comparação com a maior parte de seus
pares seja uma séria concorrente à auréola. O ponto é que ela
aparentemente se recusa a aceitar o óbvio: que só vira presidente da
República quem aceita um certo grau de mutreta, de compromisso com o
errado.
Marina começou sua
trajetória de presidenciável com um lance esquisito, deixando o petismo
quando estava no auge, no ministério do Meio Ambiente. Descontente com
os compromissos do lulismo com o pessoal do desmatamento, pegou seus
colares indígenas e partiu para outra.
Em 2010, fez quase
vinte milhões de votos num partido que prometia ficar fora do jogo
pesado, o PV. Mas achou que precisava de um ambiente ainda mais
garantido, e formou sua Rede. E lá está entocada e intocável.
Geraldo Alckmin e Ciro Gomes
se puseram em leilão. O PT, que em leilão comprava partidos às dúzias,
só não o faz hoje por falta de interessados (a Justiça impôs o limite
que a moral não conseguiu). Os supostos candidatos que representam o
“novo” em geral entram rapidinho no mesmo esquema (a não ser quando são
bizarros a ponto de se verem negados até por outros extremistas).
Alguém poderá dizer
que PSol, PSTU, o partido Novo e sei-lá-mais-quem também não buscam o
jogo sujo. Mas a diferença é que esses não são viáveis, e às vezes nem
querem ser. São anticandidatos, por vezes meros mascotes ideológicos.
Marina chegou a liderar a corrida presidencial em 2014.
Por esses dias, a
candidata da Rede reclamou que seu partido fez uma coligação no Rio de
Janeiro, com Romário, do Podemos. Talvez seja a única vitória em estado
grande que o partido tem reais chances de conquistar.
Marina, em certo
sentido, é como o PT dos anos 80, antes de aderir à picaretagem
pragmática, antes de decidir que ou entrava no jogo dos Carlinhos
Cahoeira, dos Marcos Valério, dos Joesley, ou jamais chegaria à
Presidência. Só que ela jamais fez a guinada. E por isso nunca chegará
lá.
O que diz muito sobre nosso sistema político.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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