Por Alexandre Galvão
Alvo de disputa entre indígenas e milionários, a demarcação de uma
faixa litorânea na Bahia pode voltar a ser debatida na Câmara dos
Deputados.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Funai e Incra deve
apreciar requerimento do deputado baiano João Carlos Bacelar (PR), que
pede a convocação de nove pessoas envolvidas no processo de demarcação
da Terra Indígena Comexatibá, situada no município de Prado.
Segundo o requerimento apresentado pelo deputado, "a demarcação, além
de ameaçar a proteção do Parque Nacional do Descobrimento, prejudicará a
sobrevivência econômica da população, que terá quase 2/3 do seu
território tomado pela demarcação".
Dono da pousada Rio do Peixe, Luiz Polaco afirma ter contratado um
antropólogo para fazer frente à delimitação. "Temos como provar a cadeia
sucessória das posses dos terrenos, que têm mais de 10 anos", disse à
publicação.
O Ministério Público Federal, porém, tem outro entendimento sobre a
ocupação do local. Em texto divulgado em 2015, o MPF requereu à Funai e à
União que os prazos previstos na legislação para demarcação de terra
fossem respeitados.
"A Terra Indígena Comexatibá é composta por cinco aldeias (Kaí, Pequi,
Tibá, Taxá e Alegria Nova), cuja ocupação histórica no extremo sul da
Bahia é registrada desde o século XVI. A procuradora da República
Marcela Fonseca ressaltou que a conclusão do processo demarcatório terá
grande efeito pacificador dos conflitos que ocorrem com frequência na
região, devido à disputa de terras entre índios e não-índios", aponta o
texto.
O Bocão News tentou contato com o deputado, porém não obteve resposta.
CONFLITOS – em janeiro de 2015, posto de saúde, casas e
a escola do Território Pataxó Comexitibá, no sul da Bahia, foram
derrubados numa ação de "reintegração de posse", realizada pela polícia.
Os conflitos entre indígenas e não-indígenas não cessaram na região
desde então.
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