Marcello Casal Jr/ABr
Em um ambiente de recessão econômica e baixa confiança dos empresários,
o mercado de trabalho formal brasileiro cortou 986 mil vagas de
carteira assinada nos últimos 12 meses até agosto, informou o Ministério
do Trabalho e Emprego nesta sexta-feira (25).
Essa é a diferença entre as contratações e demissões de trabalhadores
no período, após a divulgação dos dados de agosto. No mês, foram
cortadas 86.543 vagas de carteira assinada, o quinto mês consecutivo de
cortes de postos de trabalho.
O resultado de agosto foi o pior para o mês desde 1995, quando foram perdidos 117 mil empregos formais.
Em agosto, a indústria de transformação foi a que mais contribuiu para a
redução dos empregos formais no país. O setor cortou 48 mil postos
somente no mês passado.
Como a maioria dos setores da economia, a indústria sofre com a
recessão econômica, com estoques altos e baixa confiança de
consumidores. O setor também foi afetado nos últimos anos pela perda de
competitividade para produtos estrangeiros.
Por dentro dos números da indústria, 11 dos 12 ramos monitorados
ceifaram vagas. Os destaques negativos foram os ramos da indústria
têxtil, com 10 mil postos cortados, e mecânica, com fechamento de 8.000
postos.
Motor do emprego nos últimos anos, serviços criaram 5.000 vagas em
agosto. Já o comércio cortou 13 mil vagas. Os números dos dois setores,
em tese, serão mais favoráveis a partir de setembro, quando começam as
contratações para o fim de ano.
"A tendência é que essa contratações sejam, no entanto, bem mais
modestas do que no ano passado", disse Fabio Bentes, economista da CNC
(Confederação Nacional do Comércio), que prevê fechamento de, pelo
menos, 1,1 milhão de empregos formais neste ano.
No acumulado do ano, o emprego formal acumula perda de 573 mil postos de trabalho.
O comércio automotivo e de móveis e eletrodomésticos tem apresentado os
piores resultados de emprego, segundo a CNC. Os dois setores são
também, naturalmente, os com pior resultado de vendas.
O setor agrícola, que criou vagas no mês anterior, cortou 4.000
empregos formais no mês. Porém, foi o melhor resultado para o mês desde
2004. O maior impacto veio do cultivo de café, principalmente em Minas
Gerais.
O emprego formal, com carteira assinada, foi uma das conquistas sociais
do mercado de trabalho nos últimos anos. Esse tipo de vaga tem férias,
décimo-terceiro, FGTS, seguro-desemprego, ou seja, um colchão de
proteção social e trabalhista.
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