Estudo de modelagem hidrodinâmica registrou mais de 600 contribuições de 14 diferentes cidades do Vale do Taquari e da Serra Gaúcha
A Universidade do Vale do Taquari - Univates e o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) desenvolveram, logo após a inundação, as estimativas preliminares das áreas urbanas que foram atingidas durante a cheia do Rio Taquari-Antas, ocorrida em 4 e 5 de setembro de 2023.
O trabalho, no entanto, não parou por aí. Ainda em 2023, equipes das duas universidades, por meio da prática de ciência colaborativa com a população local, convocaram a comunidade para auxiliar na compilação das informações sobre os pontos que a água alcançou em diferentes cidades da região. Com o envio dos registros pelo WhatsApp de onde a água do Rio Taquari (e afluentes) chegou, foi criado um “Mapa Cidadão”.
Esse material, mais recentemente, permitiu aos pesquisadores a criação de um estudo hidrológico atualizado com as informações coletadas, simulando, com a ajuda do software HEC-RAS, o alcance da água. A ação motivou a divulgação de uma nota técnica com informações atualizadas sobre a dimensão da cheia. A área de simulação abrangeu os municípios de Santa Tereza, Muçum, Encantado, Roca Sales, Colinas, Arroio do Meio, Lajeado, Estrela, Cruzeiro do Sul, Bom Retiro do Sul e Taquari.
A validação da mancha de inundação na cheia de setembro de 2023 obtida por meio da simulação hidrodinâmica no software HEC-RAS foi realizada a partir de comparação visual com os dados obtidos em campo e do alcance da água nos principais municípios atingidos pelo evento de cheia. Para isso, foi disponibilizado um canal de comunicação com a população dos municípios atingidos com o objetivo de conhecer os limites da mancha de inundação, utilizando o compartilhamento das coordenadas (GPS) da localização do celular daqueles que enviaram informações.
A participação popular foi importante para o processo de calibração e validação desse modelo, que gerou como produto um mapeamento regional das áreas impactadas pela cheia de setembro de 2023 no Vale do Taquari, auxiliando em curto prazo os mapeamentos municipais, acessos e liberação de recursos pós-desastres, trabalhos técnicos e científicos correlatos. Em médio prazo, espera-se explorar novos estudos científicos, novas metodologias de mapeamento e participação social que permitam aprimorar os modelos, além de tornar sensível à premissa da cultura de prevenção na sociedade. Em médio/longo prazo, espera-se que o mapeamento regional auxilie como instrumento para a tomada de decisões e (re)planejamento urbano.
Os pesquisadores cruzaram as informações oriundas de diferentes fontes com as observações realizadas in loco por centenas de pessoas que, juntas, encaminharam 626 pontos de coordenadas. No processo de levantamento dos dados, estudantes de Engenharia Civil, Engenharia Ambiental e Sanitária, Engenharia Química, Biologia e Direito da Univates também tiveram participação expressiva.
Os pesquisadores destacam que incertezas referentes ao limite da mancha de inundação podem ocorrer devido à resolução espacial do modelo digital de terreno utilizado (com precisão de 30 metros), assim como imprecisões na validação devido à acurácia da aquisição dos pontos por meio de GPS (+30 metros). Além disso, ainda serão realizados estudos de validação dos parâmetros simulados por meio da comparação com dados observados.
O que é a ciência cidadã?
A atividade é uma oportunidade de a população local participar do processo científico. A ciência cidadã, também conhecida como “ciência participativa” ou “ciência comunitária”, é uma abordagem colaborativa na qual o público em geral, muitas vezes sem formação científica formal, participam ativamente do processo científico.
Isso envolve a coleta, análise e interpretação de dados científicos, bem como a contribuição para a formulação de perguntas de pesquisa e a disseminação dos resultados. No caso em específico a comunidade local do Vale do Taquari e de áreas do entorno que foram afetadas pela cheia puderam participar munindo os pesquisadores com dados que, sem a participação das pessoas, seriam de difícil acesso devido à amplitude do mapeamento que está sendo proposto.
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Texto: Redação Univates
Imagens:
1) Nível d’água da mancha de inundação estimada por meio de modelagem hidrodinâmica - Crédito - Divulgação
2) Pontos coletados em campo para validação da mancha de inundação produzida a partir de simulação hidrodinâmica - Crédito - Divulgação
3) Comparação entre a mancha de inundação gerada por meio de simulação hidrodinâmica e os pontos coletados em campo - Crédito - Divulgação
4) Mancha sobre a região de Lajeado, Arroio do Meio e Estrela - Crédito - Divulgação
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