Guilherme Mazui
G1 — Brasília
O embaixador da Noruega no Brasil, Nils Martin Gunneng, afirmou nesta sexta-feira (7) que o país europeu pode ajudar o Brasil na área ambiental, caso haja “vontade política”, e que está pronto para “recomeçar” a parceria. A Noruega é o principal financiador do Fundo Amazônia, que está parado desde 2019.
Gunneng deu a declaração durante debate virtual promovido pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), com a participação do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal.
EMPRESAS POLUIDORAS – O embaixador foi questionado se o Brasil poderia adotar regras para dificultar investimentos de fundos em empresas poluidoras. Gunneng declarou que a decisão cabe ao Brasil e que a Noruega pode ajudar na preservação “se tem vontade política”
“O que nós podemos fazer é tentar ajudar se tem vontade política. É isso que nós podemos fazer. É isso que tentamos fazer por meio do Fundo Amazônia. Importante para nós dizer que nós estamos prontos para recomeçar, nós estamos prontos para trabalhar junto com o Brasil. Nós achamos o Brasil um amigo grande e nós queremos trabalhar junto com vocês “, disse o embaixador.
Criado em 2008 para financiar projetos de redução do desmatamento e fiscalização, o Fundo Amazônia está parado desde abril de 2019, quando o governo do presidente Jair Bolsonaro extinguiu os colegiados Comitê Orientador (COFA) e o Comitê Técnico (CTFA), que formavam a base do Fundo.
DINHEIRO PARADO – À época, a Noruega e a Alemanha suspenderam repasses ao fundo. Em resposta, Bolsonaro afirmou que o Brasil não precisava do dinheiro da Alemanha para preservar a Amazônia. No ano passado, a rede Observatório do Clima apontou que o fundo tem cerca de R$ 2,9 bilhões parados.
Gunneng elogiou o modelo do fundo, que reconhece o trabalho do Brasil para preservar suas florestas, e lembrou que as regras foram definidas pelo próprio governo brasileiro. Segundo ele, a Noruega ficou de fora do conselho de governança do fundo por respeito à soberania do Brasil.
“Falando de soberania, é difícil pensar um exemplo melhor de respeito à soberania de um país sobre seu território e recursos naturais do que o fundo Amazônia. Nós acreditamos que o modelo do Fundo Amazônia funciona muito bem, a prova é que diversos países florestais seguiram o mesmo modelo”, declarou.
DIÁLOGO COM MOURÃO – O embaixador ainda disse que o diálogo com Mourão, no Conselho da Amazônia, é “positivo” e que espera que o Brasil consiga reduzir o desmatamento ilegal até julho, quando se encerra o ano base de medição feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Esperamos realmente que o Brasil consiga reduzir desmatamento nos três meses restantes deste ano florestal. Se tivermos uma boa redução neste ano, muita coisa pode mudar”, afirmou.
Mourão tem dito e repetiu que espera apresentar redução de desmatamento em cerca de 15% no desmatamento ilegal ao final do ciclo 2020-2021, período que se encerra em 31 de julho.
MOURÃO SE EXPLICA – O vice-presidente disse que o governo se esforça para retomar os investimentos, na linha defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, que tem solicitado apoio financeiro de governos e empresas estrangeiras.
“Esperamos chegar ao entendimento necessário para retomada do financiamento de novos projetos”, disse Mourão.
Dados do Inpe até 29 de abril registraram que a área sob alerta de desmatamento na Amazônia Legal em abril foi a maior para o mês desde 2016: 581km². Foi o segundo mês consecutivo em que os índices batem recordes históricos mensais.
ELOGIO À NOVA META – O embaixador ainda elogiou o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter reafirmado na Cúpula de Líderes sobre o Clima a intenção de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. Gunneng espera, agora, que o
“Recebemos positivamente a reafirmação do compromisso brasileiro de zerar o desmatamento ilegal até 2030 feito pelo presidente Bolsonaro em seu discurso na Cúpula de Líderes sobre o Clima. Estamos ansiosos para vermos em breve a tradução desse compromisso em resultados na redução do desmatamento na Amazônia”, disse.
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