MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 28 de julho de 2018

Empresas podem perder direito de questionar tributos


Senado avalia projeto que coloca em risco um direito constitucional: o de cidadãos e empresas questionarem na Justiça o valor dos impostos que lhe são abusivamente cobrados

Tribuna da Bahia, Salvador
28/07/2018 10:15 | Atualizado há 10 horas e 29 minutos
   
Foto: Divulgação

Um projeto que tramita no Senado coloca em risco um direito constitucional: o de cidadãos e empresas questionarem na Justiça o valor dos impostos que lhe são abusivamente cobrados. Além disso, pode acabar se associando a mais uma tentativa de reduzir a concorrência em setores de grande impacto no orçamento das famílias brasileiras, como o de combustíveis, incentivando a cartelização. Um projeto de lei de autoria da senadora Ana Amélia (PP-RS) concede poderes absolutos aos estados para punirem – até com o encerramento das atividades da empresa – o empresário que suspender, mesmo que com amparo legal, o pagamento de impostos. A punição poderá, conforme o projeto de lei, acontecer mesmo se o empresário conseguir a suspensão em caráter liminar, ou seja, até que o questionamento da legalidade de um tributo tenha o mérito julgado pela Justiça. É o que mostra reportagem de Ary Filgueira, Istoé.
A medida está em análise na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) e atinge em cheio setores como o de bebidas, cigarros e de combustíveis. Se aprovada, a matéria pode significar uma vitória para os famigerados cartéis, como o das distribuidoras de combustíveis, que, apesar de possuírem volume de venda e arrecadação superiores ao dos varejistas, chamados de bandeira branca, pagam a mesma alíquota de tributos. Na justificativa apresentada no projeto 284/2017, a senadora gaúcha colocou no mesmo balaio das modalidades criminosas que lesam o consumidor – como adulteração de produtos – os recursos judiciais classificados por ela como “utilização abusiva de medidas judiciais para afastar a tributação, sonegação e o não pagamento sistemático de tributos”. Ana Amélia alega que o projeto objetiva atingir apenas os sonegadores de impostos. Não é verdade. Segundo estudo da UHY, o Brasil ostenta hoje uma das mais altas taxas de impostos corporativos do mundo, o que inibe o crescimento econômico.
Ao conferir esse nível de poder aos estados, o projeto tornará inevitável o desaparecimento de muitas empresas em geral, incluindo as que hoje contribuem para dar alívio ao bolso do consumidor, com preços menores nos combustíveis, pois a maioria esmagadora delas é hoje autora de ações judiciais que questionam a aplicação de tributos responsáveis pelos elevados preços no mercado. Enquanto os pequenos questionam a legislação já existente, a fim de sobreviver à asfixia imposta pelos tributos, as gigantes se articulam para que a legislação seja feita para atender seus próprios interesses. Conforme ISTOÉ denunciou na edição 2528, de 6 de junho, em 2008 o lobby do Sindicato Nacional das Empresas de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) junto à Agência Nacional do Petróleo (ANP) modificou uma resolução do Ministério de Minas e Energia que garantia aos postos de gasolina escolher de qual distribuidora comprar combustível. Por Ary Filgueira/Istoé

Nenhum comentário:

Postar um comentário