No dia 4 de junho,
depois de um encontro de 75 minutos com Lula, Frei Betto deixou a cadeia
em Curitiba com informações reconfortantes para os devotos do
ex-presidente engaiolado em 7 de abril. Segundo o visitante, Lula está
bastante animado, mais magro e bem penteado, cuida do físico com
exercícios numa esteira, anda escrevendo cartas para meio mundo e virou
leitor voraz de jornais e livros.
Não é pouca coisa.
Mas não é tudo, avisam outras melhoras notáveis no plano espiritual. Por
exemplo: Lula não perde por motivo nenhum a missa das seis da tarde
transmitida pela TV Aparecida e agora recorre com frequência bem maior a
orações que até recentemente nem tentava decorar. Antes de se
despedirem, contou Frei Betto, os dois rezaram juntos.
Neste 22 de junho, o
relato de Frei Betto foi corroborado pelo ex-presidente uruguaio Jose
Mujica, que encontrou um Lula “com alguns quilos a menos, lendo muito e
preocupado com o futuro do Brasil”. Somados, os depoimentos informam que
cadeia faz milagre.
No caso de Lula, fez
um obeso desgrenhado aprender a domar o cabelo e a gula. Fez um
analfabeto funcional, inimigo feroz de leituras e letras, aprender a
escrever cartas e devorar mais de 20 livros em algumas semanas. Fez um
católico que só aparecia na igreja em campanhas eleitorais posar de fiel
fervoroso. Fora o resto.
Se os visitantes não
mentiram, por que essa insistência em tirar Lula da gaiola? Em apenas
dois meses e meio, ocorreram mudanças de espantar um Gabriel Garcia
Márquez. Pelo andar da carruagem, daqui a dez anos o chefe da seita
certamente estará pronto para ser premiado com o Nobel de Literatura,
canonizado e promovido a santo padroeiro dos presidiários.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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