Desesperados
com as delações da Odebrecht, Renan, Requião et caterva conspiram
abertamente contra a Lava-Jato. Editorial do Globo:
As
memoráveis gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado, de conversas com próceres do PMDB sobre formas de conter a
Lava-Jato, ilustram bem o que acontece no momento no Senado, com a
tramitação do projeto de autoria do senador Renan Calheiros (PMDB-AL),
um dos gravados, para supostamente conter abusos de autoridade, com a
relatoria de Roberto Requião (PMDB-PR), da tropa de choque de defesa de
Lula e Dilma.
De
intenção meritória — autoridades precisam mesmo ser contidas, no uso
abusivo do poder —, o projeto, na verdade, é um ataque direto de
políticos implicados em escândalos contra agentes públicos dedicados a
reprimir a corrupção: juízes, procuradores, policiais e quantos mais
forem.
Das
conversas gravadas por Machado, também apanhado pela força-tarefa de
Curitiba, participam vários das listas de (Rodrigo) Janot e de (Edson)
Fachin, procurador-geral e ministro do Supremo responsável pelo
inquérito da Lava-Jato. Como o próprio Renan, os peemedebistas Eunício
Oliveira (CE) e Romero Jucá (RR). As gravações registraram o tom de
conspiração contra a Lava-Jato.
É uma
articulação que prossegue. Na quarta, Requião leu na Comissão de
Constituição e Justiça do Senado seu relatório substitutivo. Em tese,
incluiria algumas sugestões, mas continuou enviesado.
Uma das
provas disso é que, ao contrário do que afirmara, não incluiu no texto
recomendações do juiz Sérgio Moro, da Lava-Jato, ouvido no Senado sobre o
tema, num simulacro de abertura a opiniões divergentes.
Em nota,
Moro negou ter concordado com o texto de Requião, e este retirou o nome
do juiz do relatório. Em debates no Senado, Moro havia proposto que se
incluísse no projeto que juízes não podem ser processados por
divergências em relação à interpretação das leis. Tampouco o Ministério
Público, ao propor indiciamentos, nem policiais ao cumprirem
determinação judicial. Aceitar isso significaria acabar com a
independência da Justiça e do MP, um dos requisitos do estado
democrático de direito.
A
mobilização de políticos contra a Lava-Jato também tem registro em
outros projetos de lei. O deputado Wadih Damous (PT-RJ), por exemplo,
próximo a Lula, protocolou, dentro do espírito da conversa gravada por
Sérgio Machado, projeto para proibir preso assinar acordo de colaboração
premiada. Ora, ora.
Outro
alvo de todos é revogar o entendimento do Supremo de que pena confirmada
em segunda instância pode começar logo a ser cumprida.
Parece
no mínimo estranho que Renan, Requião e outros continuem a conspirar
contra a Lava-Jato, em meio à reverberação das delações da Odebrecht. A
explicação pode ser simples: por desespero.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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