MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 3 de março de 2017

Cientista político não aposta em queda do governo Temer



Por Guilherme Reis | Fotos: Gilberto Júnior/Bocão News
Para o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Joviniano Neto, a delação de Marcelo Odebrecht referente a doações feitas à campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2010 e 2014 podem estremecer o governo Michel Temer (PMDB) se os recursos forem comprovados como pagamento de propina. “As grandes empresas doavam para todos os candidatos que eles viam que tinham alguma chance. Doavam para o favorito e a outro como seguro. Quando uma doação é colocada sob suspeita, enfraquece a situação de quem recebeu doação. Estamos com uma crise do modelo de financiamento, aliado à falta de credibilidade dos políticos”, avaliou, mas sem apostar na queda do atual governo.
 
Segundo o professor, as recentes polêmicas envolvendo o financiamento privado de campanhas eleitorais, o que passou a ser proibido nas últimas eleições, colocaram em crise a relação entre empresas e o Poder Público. “Chamaram a delação da Odebrecht da delação do fim do mundo porque ela atingiria todos os partidos. O que se coloca em questionamento é a relação entre as empresas e o modo de financiamento da campanha”, opinou, citando o fato de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, ter feito lobby no Congresso para conseguir aprovar matérias de interesse da empreiteira.
 
“Isso não é ilegal, pode ser visto como tráfico de influência mas também como lobby. Isso é papel de lobista. Ainda não aprovamos nenhuma lei regulamentando o lobby no Brasil, como fizeram nos Estados Unidos, onde o lobby se organiza, faz relatório... Lá tem lobista atuando registrado e fazendo propaganda do que conseguiu aprovar”, explicou.
 
Ainda na avaliação de Joviniano Neto, a defesa de Temer deverá se basear na tentativa de provar que todas as doações recebidas foram legais, e que o fato contribui para reduzir ainda mais a popularidade do peemedebista. Entretanto, ele ressaltou que o presidente ainda possui forte apoio do Congresso e de grupos econômicos. “Temer tem a favor dele a maioria dos parlamentares, grupos empresariais nacionais e internacionais e grandes setores da mídia que vão dar a ele pelo menos o direito de se defender. Mas é um governo impopular que aprova medidas impopulares mas necessárias. Democracia não é isso”, disse.

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