MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Secretário de Comunicação do Planalto recebia por fora pagamentos ilegais do PMDB


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A especialidade do assessor de Temer é não fazer nada
Carlos Newton
O atual secretário de Comunicação Social da Presidência, Márcio de Freitas Gomes, entrou na alça de mira das investigações, porque seu salário na campanha eleitoral de 2014 foi pago pela Tesouraria da candidata Dilma Rousseff e não pelo vice Michel Temer, comprovando que as duas campanhas eram feitas em conjunto e com caixa único. Como jornalista, Márcio de Freitas Gomes é um ilustre desconhecido, mas não há dúvida de que se trata de um personagem importante, que precisa sair do anonimato e ser conhecido pelo respeitável público que lhe paga os salários e os penduricalhos – o povo brasileiro.
UMA SITUAÇÃO ESTRANHA – Embora o presidente Michel Temer tenha requisitado em setembro o diplomata Alexandre Parola para atuar como porta-voz, Márcio de Freitas Gomes é da cota do ministro Eliseu Padilha e continuou ostentando oficialmente o título de secretário especial de Comunicação Social, vinculado diretamente à Casa Civil.
Surgiu, portanto,  uma situação estranha. Pela primeira vez desde que o cargo foi criado no governo João Figueiredo, o secretário de Comunicação Social não é porta-voz e está subordinado diretamente à Casa Civil e não ao presidente da República. Além disso, no palácio há mais um secretário de Imprensa, que se chama Douglas de Felice e pertence ao terceiro escalão, vejam a esculhambação que reina na sede do governo.
A SERVIÇO DO PMDB – Praticamente desde o início da carreira, Márcio de Freitas vem trabalhando para o PMDB e em 2009 foi contratado para assessorar Temer na presidência da Câmara. Em 2011, com a posse de Dilma/Temer, foi contratado para servir à Vice-Presidência.
Em maio deste ano, quando Dilma foi afastada, Temer não quis nomeá-lo para Secretária de Comunicação e Freitas ficou revoltado. Ameaçou pedir demissão e conseguiu montar um lobby com apoio de todos os caciques do PMDB, incluindo Eduardo Cunha. Temer recuou, teve de aceitar nomeá-lo, mas não quis conversa com ele, deixando-o subordinado diretamente à Casa Civil. Aliás, quando foi anunciada a nomeação de Freitas, em maio, nem houve divulgação do currículo do secretário, simplesmente porque ele não tinha nenhuma experiência expressiva como jornalista, sempre fora assessor do PMDB e de Temer.
No Planalto, desde o início Freitas trabalha para a Casa Civil e se tornou um dos principais fomentadores das campanhas difamatórias montadas pela dupla Padilha/Geddel para desestabilizar ministros que não se alinhavam aos caciques do PMDB, como Medina Osório (Advocacia-Geral da União) e Marcelo Calero (Cultura).
DENÚNCIA DE CALERO – Somente agora, com a demissão de Calero, é que o desonroso esquema realmente veio à tona. Tendo presenciado à campanha sofrida por Medina Osório, de quem se tornara amigo, o ministro da Cultura estava atento ao lance e deu a sorte de ser alertado por jornalistas da Folha, que perceberam a estratégia difamatória armada pelo “núcleo duro” do Planalto, integrado por Padilha, Geddel, Freitas e Gustavo do Vale Rocha, subsecretário de Assuntos Jurídicos da Casa Civil. (Detalhe importante – desde o início do governo Temer, Moreira Franco se afastou desse grupo).
O “núcleo duro” chegou a espalhar que a demissão de Calero ocorrera porque ele pedira que o presidente vetasse o projeto que classifica a vaquejada como patrimônio cultural imaterial. Mas a grande maioria dos jornalistas já tinha conhecimento do que ocorrera a Medina Osório, e a manobra difamatória desta vez não foi adiante.
Calero então deu a explosiva entrevista a Natuza Nery e Paulo Gama, da Folha, e detonou o esquema liderado por Padilha e Geddel.
GANHANDO DINHEIRO – Márcio de Freitas Gomes não tem projeção como jornalista, mas sempre soube garantir um bom faturamento. Nos últimos oito anos em que assessorou Temer na presidência da Câmara e na vice-presidência da República, não havia trabalho a fazer, com salário equivalente hoje a quase R$ 13 mil. O mais importante, porém, era o faturamento por fora, pois Freitas sempre foi muito bem pago pelo PMDB para desenvolver esse talento de não fazer absolutamente nada.
Em 2014, por exemplo, em apenas quatro meses recebeu um adicional de R$ 109 mil, transferidos da conta da campanha de Dilma, equivalentes a R$ 27,3 mil mensais, sem ter prestado serviço algum à candidata.
No ano seguinte, 2015, o PMDB repassou a Freitas R$ 240 mil, em pagamentos mensais de R$ 20 mil à empresa Entretexto Serviços, da qual ele é sócio-proprietário, embora a Lei 8.112/90 proíba servidor público de “participar de gerência ou administração de sociedade privada”.
ESCREVEU 22 PÁGINAS – Segundo registros do Tribunal Superior Eleitoral, Freitas ganhou os R$ 240 mil em 2016 para fazer “análises políticas” mensais, mas no decorrer do ano inteiro ele só conseguiu escrever 22 páginas, ou seja, menos de duas páginas por mês – e cada preciosa página, portanto, custou R$ 10 mil ao PMDB.
Este esculacho com uso ilegal do Fundo Partidário foi denunciado pelo repórter Rubem Valente na Folha, em 21 de agosto. A matéria mostra que Freitas fatura hoje quase R$ 16 mil mensais no Planalto, além do generoso cartão de crédito corporativo e mais R$ 3,5 mil a cada reunião de que participa como membro do Conselho de Administração da EBC.
Valente tentou saber se o PMDB continuou pagando em 2016 os R$ 20 mil mensais por fora, com recursos públicos do Fundo Partidário, mas a direção do partido e o próprio Márcio de Freitas se recusaram a dar informações a respeito. Ou seja, trata-se de um secretário de Comunicação que não se comunica, a não ser que esteja a serviço de campanhas difamatórias.
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