Brigadistas flagram em MT milhares de peixes mortos em ritual indígena
Lagoa da Terra Indígena de Urubu Branco ficou coberta de peixes mortos.
Segundo brigadistas, índios usam substância de cipó para matar os peixes.
Milhares de peixes morreram em ritual de pesca indígena no interior de Mato Grosso (Foto: Agência da Notícia)
Brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios
Florestais (Prevfogo) flagraram durante os trabalhos para conter o
avanço do fogo na Terra Indígena de Urubu Branco - que é consumida pelas
chamas há mais de 20 dias em Confresa, a 1.160 quilômetros de Cuiabá
– uma mortandade de peixes em uma lagoa pertencente à etnia dos
tapirapés. Entre os peixes mortos, os brigadistas encontraram espécies
de tucunarés, traíras e lambaris.Em entrevista ao G1, o chefe da Brigada do Prevfogo da cidade, Raimundo Batista de Paula, informou que os peixes morreram durante um ritual indígena de pesca. No ritual, segundo o chefe da brigada, os índios utilizam um cipó conhecido na região como timbó. Em contato com a água, o vegetal libera uma substância tóxica capaz de matar os peixes em questão de minutos. “Eles colocam o cipó na água que acaba retirando o oxigênio. Os peixes morrem e eles só retiram os pescados maiores. Os pequenos ficam na lagoa”, informou.
Ainda de acordo com informações do chefe da brigada, os indígenas preferem deixar os peixes de menor volume na lagoa como alimento para os pássaros. Aos brigadistas, os indígenas também relataram que a substância não faz mal à saúde e sempre foi usada entre eles no ritual.
Ao G1, o secretário de Agricultura de Confresa, José Pereira, ressaltou que registrou oficialmente a mortandade dos peixes, mas adiantou que a prática não configura crime ambiental por se tratar de um ritual que integra a cultura dos índios. “Registramos para o nosso conhecimento. A Funai também foi comunicada sobre o ocorrido, mas não podemos tomar nenhuma atitude pelo fato de ter sido registrado numa terra indígena”, salientou o secretário.
Dificuldades
Além do tempo seco e dos ventos que alastram as chamas de um lado a outro no território indígena, o chefe da Brigada de Combate a Incêndios na cidade disse que enfrenta a insistência dos índios em atear fogo no local. "A gente fez um trabalho muito intenso para apagar as chamas, mas eles (índios) sempre acabam colocando fogo novamente", salientou. Ele informou que um grupo de 20 brigadistas deixou a região nesta sexta-feira (14) rumo a outras áreas com maior volume de focos de calor.
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