São Paulo, 9 de abril de 2025 - Durante a 9ª edição do Simpósio Internacional de Cirurgia Endovascular - Science 2025, realizado em São Paulo na última quinta-feira, especialistas discutiram uma nova abordagem integrada e multidisciplinar para o tratamento do lipedema
– doença que atinge cerca de 10 milhões de mulheres no Brasil. O
evento, que reuniu profissionais de saúde nacionais e internacionais de
diferentes áreas, trouxe à tona a complexidade dessa condição, muitas
vezes mal compreendida, e destacou a importância de um tratamento que
aborde todos os aspectos sistêmicos que afetam a saúde da paciente.
Para o idealizador do Science e um dos principais especialistas no tratamento clínico de lipedema, Dr. Vitor Cervantes Gornati, é essencial visualizar o conceito do "Iceberg do Lipedema", enfatizando que a doença não se resume ao que é visível
– o acúmulo de gordura – mas envolve fatores submersos, como disfunção
microvascular, inflamação crônica, alterações musculares e metabólicas,
fibrose e dor crônica. "O tratamento do lipedema deve ir além do foco
apenas na gordura. Deve incluir também estratégias na modulação da
inflamação, na melhoria da saúde vascular e na promoção da mobilidade e
tratamento da dor de maneira multifatorial".
Por
ser um distúrbio inflamatório complexo, a abordagem inadequada do
lipedema pode levar a tratamentos ineficazes, visto que a doença envolve
seis pilares interligados que demandam uma atenção multifatorial,
conforme destacado no evento:
- Inflamação Crônica – A inflamação causa hipertrofia das células de gordura, além de gerar dor e fibrose.
- Disfunção Vascular – Problemas como insuficiência venosa e congestão linfática podem agravar o quadro de edemas e fibrose.
- Fibrose e Matriz Extracelular – A ativação de fibroblastos altera a matriz extracelular, dificultando a drenagem linfática.
- Disfunção Neurossensorial – A dor intensa, muitas vezes resistente a analgésicos, reflete a atividade inflamatória nos nervos periféricos.
- Alterações Metabólicas – O lipedema está ligado a desequilíbrios hormonais, dificultando a perda de peso, mesmo com dieta e exercício.
- Dificuldade no Ganho Muscular
– O aumento da massa muscular é crucial para melhorar o retorno venoso e
linfático, mas o lipedema pode dificultar esse processo.
Relação com os hormônios - A endocrinologista Dra. Juliana Bicca, que esteve no Science 2025, acrescentou que o tratamento do lipedema deve levar em consideração a metabolização hormonal distinta
do tecido adiposo. "O tecido adiposo no lipedema não apenas armazena
gordura, mas também funciona como uma unidade de produção hormonal, o
que impacta a metabolização hormonal local", explica. Ela destacou que
as mulheres com lipedema frequentemente enfrentam irregularidades
menstruais e condições como a síndrome dos ovários policísticos (SOP),
tornando o tratamento hormonal uma abordagem eficaz para aliviar
sintomas como dor e inchaço. |
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