Quem sabe agora vai? É verdade que o
presidente Bolsonaro se revelou uma completa decepção: fez o teste duas
vezes, com prova, contraprova e mais tudo o que tinha direito, e está
inteiro. J. R. Guzzo, em sua coluna no Metrópoles:
O general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança
Institucional (pouquíssima gente sabe o que significa isso, mas menos
gente ainda acha que é coisa sem importância) pegou o coronavírus. Fez
um primeiro teste e estava sem, depois fez um outro e estava com. Agora,
aguarda a “contraprova”, uma das palavras mais usadas dos dicionários
da língua portuguesa no Brasil de hoje, para ver se está mesmo doente ou não.
O general comunicou que está sem febre, sem tosse, sem mal-estar e
sem nenhum dos sintomas da epidemia. Mas lembrou também que isso não
quer dizer muita coisa: o sujeito pode estar se sentindo ótimo, e de uma
hora para outra fica doente. O futuro dirá.
Houve um tempo em que perigoso era viajar para a beira de algum rio
no Amazonas e pegar uma bela maleita, daquelas que deixar o sujeito
tomando quinino e tremendo na cama por dias e dias. Hoje, o perigo é ir
para os Estados Unidos: foi lá que o general Heleno, e mais uma porção
de membros da comitiva, pegou o vírus, na última viagem do presidente Jair Bolsonaro à Flórida.
O mundo, realmente, complicou de vez. A maior potência do planeta,
sonho de consumo número um da nossa classe média, virou um antro de
doença – embora milhares de brasileiros, vejam só, continuem querendo
fugir para lá (no último ano, 18.000 foram presos ao tentarem atravessar
ilegalmente a fronteira do México).
A presença do coronavírus
enche de esperanças a oposição brasileira: quem sabe agora vai? É
verdade que o presidente Bolsonaro se revelou uma completa decepção: fez
o teste duas vezes, com prova, contraprova e mais tudo o que tinha
direito, e está inteiro.
Mas, agora, temos o general Heleno. Talvez haja outros. Se morrer um
monte de gente no Palácio, talvez fique mais fácil um impeachment, não?
Sem vírus está difícil; mas com vírus talvez ajude. Vai saber. Ou então,
diante da gravidade da situação, os editoriais da imprensa convençam
Bolsonaro a renunciar?
O problema é que até agora morreram só quatro brasileiros que haviam contraído o vírus. Ou se acelera o processo, e se caminha para alguma coisa parecida com a Itália, ou fica tudo do mesmo jeito.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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