A recomendação da União dos Municípios da Bahia é que os festejos
sejam cancelados. Vitória da Conquista e Conceição do Almeida já
adotaram a medida
Foto: Reprodução / Google Imagens
Por: Yuri Abreu
Dia 23 para 24 de junho. Sanfona tocando, licor rolando e pares dançando forró em uma noite geralmente fria, mas agradável de São João. O cenário, comum no período junino, ainda mais durante o inverno, está ameaçando o principal festejo nordestino em algumas cidades do interior baiano. O motivo é a pandemia do Covid-19, uma vez que o vírus tem mais facilidade em se multiplicar em ambientes frios.
O primeiro município a declarar a suspensão do evento foi Conceição do Almeida, cidade que fica no Recôncavo baiano, distante 160 km de Salvador. Levando em conta a orientação da União dos Municípios da Bahia (UPB), a Prefeitura local decidiu cancelar o “São João do Almeidão 2020”. Em janeiro, o prefeito Ito de Bega chegou a anunciar algumas das atrações que iriam tocar na festa, a exemplo de Zezé de Camargo & Luciano, Flavio José, Cavaleiros, Léo Santana e Harmonia do Samba.
“Todos os esforços e recursos nesse momento são para garantir a saúde e o bem estar de todos. As equipes de saúde estão recebendo capacitação contínua e seguirão apostos para atender a adequadamente toda a população. O São João não é só festa e folia, é também um instrumento de geração de trabalho e renda para nosso povo. Lamentamos muito a decisão que tomamos, infelizmente”, explica a nota divulgada pela prefeitura de Conceição do Almeida nas redes sociais.
Na região sudoeste, Vitória da Conquista também optou pelo cancelamento do “Arraiá da Conquista”. No final da manhã de ontem, a Prefeitura do município, distante 509 km de Salvador, adotou a medida em virtude do avanço da Covid-19 no estado, mesmo ainda não tendo registro confirmado do novo coronavírus.
“Não possuímos nenhum caso registrado, mas sabemos, pela experiência de outros países, que essa crise vai demorar e que a prevenção é a melhor arma contra o Coronavírus. O cancelamento do Arraiá da Conquista pode representar perdas econômicas, mas para nós, do Governo, o mais importante não é a economia, e sim o bem estar de nossa gente”, destaca a nota emitida pela assessoria de comunicação da “Suiça Baiana”, conhecida por ter algumas das mais baixas temperaturas do ano no mês de junho.
Outra cidade que pode suspender os festejos juninos este ano é Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. A definição quanto a realização ou não do “Camaforró” deve sair até o final deste mês. De acordo com a assessoria de comunicação do município, como a festa exige um planejamento antecipado e ainda não se sabe quando tempo a pandemia do Covid-19 deve durar, o evento, em 2020, está ameaçado.
ANÁLISE
Outras localidades da Bahia ainda estão fazendo uma análise se devem manter a festa ou suspender a realização do São João este ano. Em Amargosa, cidade do centro-sul baiano e distante 235 km da capital baiana, a festa, até segunda ordem, está mantida, com as tratativas junto aos artistas acontecendo normalmente.
Mas, o prefeito do município, Júlio Pinheiro, já assinou um decreto em que suspende, por até 20 dias, eventos com público maior do que 20 pessoas. Conforme a assessoria de comunicação da Prefeitura, a avaliação será feita ao longo do tempo, atendendo as recomendações do Ministério da Saúde e de órgãos locais como a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), em comum acordo.
Em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano, cidade conhecida por realizar um grande São João, as datas já foram até divulgadas: de 19 de junho a 24 de junho. Em publicação recente em uma rede social, A prefeitura do município informou que está monitorando a evolução da Covid-19 e adotando as todas as medidas cabíveis, apesar de não ter nenhum caso confirmado na cidade.
“Até o momento, os festejos juninos estão mantidos. [A Prefeitura] Ressalta, porém, que seguirá todas as orientações dos órgãos competentes, agindo com total responsabilidade para proteger à saúde da população”, explica o comunicado da assessoria de comunicação de Santo Antônio de Jesus, referindo-se ao São João.
Já em Senhor do Bonfim, cidade do norte baiano com muita tradição evento, o impacto pode ser ainda maior, fazendo com até mesmo o aniversário do município, no dia 21 de maio, não aconteça, como já foi definido em Salvador para o próximo 29 de março. Por lá, os festejos começam ainda um mês antes, nas feiras e localidades no entorno.
Por enquanto, o evento principal, previsto para ocorrer entre os dias 21 de junho e 24 de junho, ainda está mantido. A ideia é de que o município não arque com eventuais custos, junto aos artistas contratados, caso a festa venha a ser cancelada. Cidade com quase 80 mil habitantes, o São João tem um impacto forte na economia de Senhor do Bonfim, principalmente no comércio e na ocupação de hotéis e pousadas.
CANCELAMENTO
Devido ao risco de proliferação do novo coronavírus, o presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro, quer que festas programadas para os próximos meses, como o São João, sejam canceladas. Para o dirigente, a momento é de precaução.
“Nós temos que fazer o dever de casa. Eu mesmo já cortei o São Pedro. Já cancelei a festa de São Pedro. Até porque não tem como aglomerar pessoas. É hora de cortes de gastos”, declarou ao portal Bahia Notícias. Segundo ele, que também é prefeito de Bom Jesus da Lapa, no oeste do estado, os cancelamentos de eventos serão necessários diante de um cenário de recessão econômica que deve abater a economia como um todo e impactar nos municípios.
Já durante uma live no Youtube, na última quarta-feira, o governador da Bahia, Rui Costa, falou sobre o São João 2020. Para o gestor, “no momento certo, vamos tomar uma decisão conjunta com os prefeitos”.
Conforme o site São João na Bahia, eventos relacionados à comunidade forrozeira como o Forró das Antigas e os festivais de Lençóis e Itacaré foram adiados para o segundo semestre. O Forró do Bosque, que é realizado em Cruz das Almas, adiou o seu evento de lançamento e o Forró da Amizade suspendeu o anúncio da data de realização.
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