MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 31 de agosto de 2019

Ameaça ao 'ouro' do Cerrado: praga ainda pouco conhecida ataca pequizeiros de 13 cidades mineiras


Pesquisadores mineiros buscam soluções para combater uma praga, ainda pouco conhecida, mas que vem dizimando pequizeiros no Norte do Estado. Até o momento, foram detectadas mariposas de hábitos noturnos, que constroem túneis nos troncos das árvores, sugando a seiva das plantas. Identificado em espécies de pelo menos 13 cidades, o problema ameaça a subsistência de mais de 13 milhões de agricultores que tiram parte do sustento do fruto conhecido como “ouro do Cerrado”.
Maior produtor do país, Minas é responsável por 192 milhões de quilos de pequi por ano – média de 70 quilos por árvore. Sexto município em participação, Japonvar, a 100 quilômetros de Montes Claros, concentrou a etapa inicial das investigações contra a praga. O processo é conduzido pela Epamig e pela Emater-MG. Foram coletadas amostras do inseto, que pertence à família Coccidae.
“A mariposa fêmea põe os ovos no tronco do pequizeiro, de onde saem as lagartas que penetram na árvore. A maior parte das espécies dessa família são brocas de caules e raiz, que constroem túneis no interior da planta, interrompendo o fluxo de seiva progressivamente e levando os pequizeiros à morte”, detalha o agrônomo especialista em insetos Antônio Cláudio Ferreira da Costa, da Epamig.
Praticamente todas as áreas visitadas apresentaram sinais de ataque da broca do tronco do pequizeiro, conforme o engenheiro agrônomo Ildeu de Souza, do escritório regional da Emater em Janaúba. A rota das cidades afetadas inclui Espinosa, São João da Ponte, Santo Antônio do Retiro, Montezuma, Grão Mogol, Lontra, Japonvar, Brasília de Minas, Montes Claros, São João da Lagoa, Jequitaí, Cristália e Ibiracatu.
Praga ataca pequizeiros no Norte de Minas
PASSO A PASSO Larvas são coletadas com ajuda de telas de nylon instaladas ao redor das árvores. Animais foram levados para laboratório da Epamig em Nova Porteirinha, onde irão se desenvolver, por um a dois anos, até completar o ciclo de vida. Objetivo é reunir o máximo de elementos possíveis sobre a espécie para, então, desenvolver estratégias assertivas de combate à praga
Estratégias
Coordenador-técnico de fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio revela que essa é a primeira ocorrência de pragas nos troncos dos pequizeiros. Para ele, o ataque pode estar relacionado a um desequilíbrio ambiental. “Pequizeiros existem há muitos e muitos anos e nunca houve uma praga que os ameaçasse assim. Podem estar por trás disso a seca acentuada na região e o desmatamento, que afetam o equilíbrio biológico”, detalha.
Estratégias definitivas de controle e combate aos insetos, por sua vez, só poderão ser criadas à medida em que as larvas forem melhor identificadas. “Precisamos do inseto adulto para definir a espécie e, assim, conhecer toda a informação científica que existe sobre ela, criando medidas necessárias”, explica o pesquisador Antônio Cláudio da Costa.
Até o momento, foram coletadas cerca de 20 lagartas. O material está sendo analisado no laboratório de entomologia da Epamig Norte, em Nova Porteirinha, no Norte do Estado. A expectativa é a de que as larvas cheguem à fase adulta dentro de um a dois anos.
Pesquisador da Epamig, Antônio Cláudio da Costa explica que, em princípio, há duas possibilidades de combate à doença que afeta os pequizeiros: o uso de inimigos naturais – fungos, bactérias e vermes que atacam os insetos sem ameaçar as plantas – e de feromônios – substâncias usadas pelos animais para atrair o sexo oposto.

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