Coluna de Carlos Brickmann, distribuída hoje a vários jornais - e surrupiada aqui:
A monarquia
balançava, mas e daí? Em 9 de novembro de 1889, na Ilha Fiscal, Rio,
houve luxuoso baile em homenagem aos tripulantes do navio chileno
Almirante Cochrane. Ali se gastou 10% do orçamento anual da província do
Rio. Seis dias depois, caiu o imperador e veio a República.
Michel Temer balança,
é uma pinguela, como disse Fernando Henrique, mas e daí? O Governo
enfrenta um buraco de R$ 139 bilhões; não sabe onde buscar mais R$ 20
bilhões para chegar até o fim do ano; e a Câmara destina R$ 3,6 bilhões
de dinheiro público para pagar a campanha eleitoral. O leitor (não o
chamo de “caro leitor” porque caro é o deputado) quer pagar a campanha
de alguém? Pois terá de fazê-lo. E, se os R$ 3,6 bilhões são a maior
fatia do bolo, não são o bolo inteiro: há o Fundo Partidário e o horário
gratuito, mais uns R$ 2 bilhões. Ainda temos a troca de carros do
Senado, 83 Nissan Sentra novos para o conforto das senatoriais bundas.
O Rio do Baile da
Ilha Fiscal não paga o salário dos servidores há três meses. Mas o
governador Pezão licita o aluguel de um jatinho para seu uso, gastando
R$ 2,5 milhões por ano – assim viaja na hora que escolher.
Mas não culpe apenas
os governantes descontrolados e os parlamentares pelo delírio. O
Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, Salvador, licita empresa
“para assessorar magistrados e servidores em aulas de corrida e
caminhada”. Enfim, querem tudo! Não percebem que a paciência acabou?
Um limite, enfim
Carmen Lúcia,
presidente do Supremo Tribunal Federal, decidiu não pedir elevação do
orçamento. O aumento dos ministros é de 3%, e ponto final. Com isso,
sufocou a reivindicação do Ministério Público, que queria quase 17%. O
salário dos ministros do Supremo é, por lei, o máximo que o Estado pode
pagar a qualquer servidor (na prática, há inúmeras brechas legais, e há
quem ganhe o triplo dos vencimentos de um ministro).
Lavando…
A informação
publicada na coluna anterior, a respeito da grande união para estancar
as investigações da Lava Jato e congêneres, cada vez mais se confirma: a
Polícia Federal enviou ao Supremo o resultado da investigação sobre
Aécio Neves, informando que não há motivo para pedir que ele seja
processado. Um dos pontos-chave da conclusão da PF foi o depoimento de
Lula, seu adversário político, segundo o qual Aécio “não pediu nenhum
cargo em nenhum de seus mandatos”. Lula disse ainda que não acredita que
Aécio “possa ter pedido qualquer cargo a algum de seus ministros”.
…a Lava Jato
Antes disso, Fernando
Henrique já tinha dito ao juiz Sérgio Moro que a posse de presentes
recebidos como presidente e a busca da doação de recursos para mantê-los
e armazená-los é prática normal. Por lei, os objetos são de interesse
público, e portanto o governante não pode larga-los no depósito do
palácio. Tem de levá-los; o transporte, segurança e manutenção são
caros, e por isso há a procura de doadores que enfrentem as despesas. E o
Governo ainda não tem meios para receber os presentes, catalogá-los e
distribuí-los por seus museus. Fernando Henrique disse que, a seu ver,
se o ex-presidente quiser pode até vender os presentes, depois de
oferecê-los ao Tesouro, mas que ele não o fez e que Lula também não o
havia feito. Com isso, Fernando Henrique praticamente matou um dos
processos contra Lula.
Foice e martelo, mas de grife
A socialite Roberta
Luchsinger, membro da família que controla o banco Credit Suisse e
ex-mulher do delegado Protógenes Queiroz (hoje foragido, com sentença de
prisão transitada em julgado), decidiu doar dinheiro e objetos a Lula,
no valor de R$ 500 mil, para que ele não fique sem recursos, já que o
juiz Sérgio Moro mandou bloquear pouco mais de R$ 9 milhões de suas
contas. Roberta Luchsinger ofereceu a Lula um cheque de perto de € 30
mil (mais de cem mil reais) e objetos como sapatos Louboutin, relógio
Rolex e vestido Chanel; e pediu aos admiradores de Lula que também façam
doações, em dinheiro ou objetos que possam ser vendidos para gerar mais
recursos. Roberta não é petista, mas está próxima do partido: quer ser
candidata a deputada pelo PCdoB.
As armas turcas
A PM paulista
promoveu licitação internacional para comprar cinco mil pistolas .40.
Até agora, a Taurus era a fornecedora obrigatória, por ser a única
nacional; mas não pôde participar porque vendeu à PM armas com
problemas. Primeira surpresa: fabricantes como Colt, Jericho, Sig Sauer,
Glock, H-K, Smith & Wesson, Uzi, Walther não entraram na
concorrência, que ficou restrita a duas marcas: Beretta, italiana, e
Girsan, turca. Segunda surpresa; a Girsan, pouco conhecida no Brasil,
venceu a Beretta. O preço foi mais baixo e a arma deve ser boa, já que
obedece aos padrões da OTAN; mas por que outros fabricantes decidiram
não entrar?
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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