MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Trilogia completa de Kenzaburo Oe

 

Você

Trilogia completa de Kenzaburo Oe




Título: O menino da triste figura

Autor: Kenzaburo Oe

Tradutor: Jefferson José Teixeira

ISBN: 978-65-86068-99-3

Formato: 16 x 23 cm | 512 pág.

Lançamento: 17 de fevereiro de 2025

Em comemoração ao aniversário de 90 anos de Kenzaburo Oe, celebrado em 31 de janeiro, anunciamos O menino da triste figura, o segundo volume da trilogia do autor.

Os mistérios do vale e da floresta; histórias, lendas e mitos contados pelos habitantes do vilarejo ao longo de gerações; uma incessante busca pela conexão entre este mundo e o outro — e um elemento que conecta todos: a memória. Em O menino da triste figura, o escritor Kogito Choko, alter ego de Kenzaburo Oe e também protagonista em A substituição ou As regras do Tagame (vol.1) e Adeus, meu livro! (vol.3), retorna a sua terra natal no interior da ilha japonesa de Shikoku.


Junto com seu filho Akari, Kogito toma residência em uma casa da família herdada após a morte recente da idosa mãe e se vê em uma tentativa de remontar próprio passado para escrever uma nova obra literária. Desta vez, contando com a ajuda da espirituosa Rose, uma pesquisadora literária estadunidense, ele deseja escrever sobre o “menino”, uma figura emblemática e intangível que inúmeras vezes ajudou a salvar as pessoas da região. Acompanhado também por alguns conhecidos de longa data, Kogito embarca em uma jornada de descobertas pelo vale e pela floresta, visitando locais e se encontrando com jovens que poderiam dar continuidade às lendas de sua terra natal.

Oe, de pronto, evidencia sua intertextualidade no título com uma alusão ao apelido criado por Sancho Pança para se referir ao dom Quixote: “o Cavaleiro da Triste Figura”. Se por um lado, da poesia consagrada ao texto religioso, as personagens dão voz a Shakespeare, Yeats, Blake, à Bíblia, a poemas clássicos da literatura japonesa, por outro, notamos autorreferências a obras anteriores escritas por Kogito, cujos títulos são — coincidência ou não — muito próximos aos empregados pelo próprio Oe em suas obras. Não são raras as vezes em que Rose compara Kogito ao fidalgo de La Mancha, seja pelas peripécias onde acaba machucado ou por demonstrar inclinação à causas aparentemente perdidas. Ao redor dele, com frequência são traçados paralelos que causam menções a outros personagens do romance de Cervantes, como Sancho Pança, Dulcineia, Rocinante e o Cavaleiro da Branca Lua.


Enquanto os aspectos físico e histórico do mundo narrativo descrito pelo autor parecem se encaixar a nossa realidade, o recorte ao qual temos acesso parece mostrar um universo que depende da palavra para poder funcionar.


Curiosidade


No primeiro momento, fazer uma relação entre “O menino da triste figura”, do autor japonês Kenzaburo Oe, e "Dom Quixote", escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes, pode parecer improvável, principalmente nos contextos históricos e culturais, mas ambas as obras podem ser exploradas por meio da mescla de elementos ficcionais conjugados com peças da realidade, a busca pela identidade, a luta contra a realidade e a complexidade humana, temas recorrentes nas obras de Kenzaburo Oe.


Outra relação pode ser feita através da linguagem narrativa dos autores. Tanto Oe quanto Cervantes utilizam uma linguagem rica em simbolismo, marcada por uma imaginação abundante, reflexões profundamente filosóficas e experiências pessoais, fato que pode ser reforçado com a citação da Academia Sueca na entrega do Prêmio Nobel a Kenzaburo Oe: "um escritor que com força poética cria um mundo imaginado em que a vida e o mito se condensam para formar uma imagem desconcertante da atual condição humana".


Em “O menino da triste figura”, Oe, de pronto, evidencia sua intertextualidade no título com uma alusão ao apelido criado por Sancho Pança para se referir a dom Quixote: “o Cavaleiro da Triste Figura”. Em toda a obra, é fácil notar referências ao romance espanhol, como a comparação de Kogito ao fidalgo de La Mancha, seja pelas peripécias nas quais acaba machucado ou por demonstrar inclinação a causas aparentemente perdidas. Ao redor dele, com frequência são traçados paralelos que fazem menções a outros personagens do romance de Cervantes, como Sancho Pança, Dulcineia, Rocinante e o Cavaleiro da Branca Lua.


Kenzaburo Oe, considerado um dos principais romancistas contemporâneos do Japão, prova mais uma vez sua genialidade em “O menino da triste figura”, o segundo volume da trilogia composta também por “A substituição ou As regras do Tagame” (vol. 1) e “Adeus, meu livro!” (vol. 3).

SOBRE O AUTOR


kenzaburo oe nasceu em 1935, em Ose, vilarejo de Shikoku, a menor das quatro principais ilhas do Japão. Oe tinha seis anos quando estourou a Segunda Guerra Mundial, durante a qual seu pai morreria. Uma de suas avós era contadora de histórias e carregava assim os mitos e as tradições do clã Oe, impactando o jovem Kenzaburo.


Com a derrota do Japão na guerra, ocorreram enormes mudanças no país, inclusive onde cresceu Oe. Os alunos nas escolas passaram a receber uma educação diferente, aprendendo princípios ocidentalizados, ao que Oe manifestaria reservas. Aos dezoito anos, pegou pela primeira vez o trem até a capital do país e, um ano depois, estudava literatura francesa na Universidade de Tóquio. Através da influência do realismo grotesco de Rabelais, passou a reinterpretar a história de seu povoado e a sua própria.


Começou a escrever em 1957. Compôs um poderoso ensaio sobre o bombardeio atômico de Hiroshima e o terrível legado da catástrofe, além de uma extensa lista de ficção que se utiliza bastante do Japão pós-guerra para retratar uma geração marcada por tanta tragédia. Assume então uma posição pacifista e antimilitarista que marcaria fortemente sua atuação cívica.


A vida e a carreira literária de Oe entraram em crise com o nascimento de seu primeiro filho, Hikari, portador de uma deformidade craniana que lhe resultou em comprometimento cognitivo. Apesar disso e mesmo por causa disso, Oe adquiriu novo fôlego e nova perspectiva sobre a existência e a escrita, em que Hikari tomaria uma posição central.


No Brasil, algumas de suas obras foram publicadas pela Companhia das Letras. Pela Estação Liberdade, A substituição ou As regras do Tagame (2022) e Adeus, meu livro! (2023).


Recebeu os mais importantes prêmios literários do Japão, incluindo o Akutagawa, o Tanizaki e o Yomiuri; em 1994 foi o segundo japonês a ser laureado com o Nobel de Literatura, após Yasunari Kawabata em 1968. Faleceu em 2023, aos 88 anos.



Se voc

Nenhum comentário:

Postar um comentário