MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Estação Liberdade solta o imponente épico de Victor Hugo sobre a Revolução Francesa

Estação Liberdade solta o imponente épico de Victor Hugo

sobre a Revolução Francesa

Em Noventa e três Hugo tenta resolver seus conflitos e dívidas frente à revolução de 1789

Título: Noventa e três

Autor: Victor Hugo

Tradução: Mauro Pinheiro

ISBN: 978-85-7448-291-0

Formato: 14 x 21 cm / 416 páginas

Lançamento: 23/10/2023

Preço: R$83,00

Noventa e três, publicado originalmente em 1874, depois do levante da Comuna de Paris, é um épico de Victor Hugo sobre a Revolução Francesa. Nome maior do romantismo francês, o escritor traz uma vez mais as contradições que fizeram de seus personagens o retrato fidedigno da humanidade.

Acompanhamos em Noventa e três a história de um trio durante as revoltas contrarrevolucionárias de 1793, período correspondente à Convenção. Lantenac, o homem do rei e de uma França prestes a deixar de existir para sempre; Cimourdain, ex-padre e um implacável gênio da revolução; e Gawain, sobrinho de Lantenac e herdeiro espiritual de Cimourdain.

Dividida em três partes, cada uma com visões diferentes daqueles eventos, a história tem como palco, principalmente, a Bretanha e Paris. O turbilhão imprevisível da revolução em uma sociedade marcada por fortes contrastes e rupturas traz à tona os ideais iluministas diante das trevas da guerra civil entre monarquistas e republicanos.

Por meio de comentários e observações do narrador onisciente, sabe-se que Victor Hugo está a favor dos revolucionários. Não obstante, seus adversários não são retratados como vilões. Todos eles, independentemente do lado em que escolheram lutar, são homens idealistas e de inteligência e moral elevadas em meio às barbaridades da guerra.

A tarefa de Victor Hugo, já no crepúsculo de sua longa trajetória, de escrever este que foi seu último romance, era considerada por ele necessária e, ao mesmo tempo, impossível. “Impossível, a menos que você adicione o sonho”, revelou o monumental autor.

O AUTOR

Victor Marie Hugo nasceu em 26 de fevereiro de 1802, em Besançon, França. Foi educado por vários tutores e estudou em escolas privadas. Tornou-se escritor aos 15 anos, e logo assumiu um lugar excepcional na história da literatura ocidental, dominando todo o século XIX graças a sua fecunda genialidade e à diversidade de sua produção. Escreveu desde poesia lírica, satírica e épica até romances e dramaturgia em prosa e em versos. Chegou a ser considerado poeta oficial da nação francesa. Em 1827 redigiu o famoso prefácio de Cromwell, tido como o manifesto do movimento romântico na França. Tornou-se membro da Academia Francesa em 1841. Suas obras mais famosas são os romances Notre-Dame de Paris (1831), publicado pela editora Estação Liberdade, e Os miseráveis (1862). Também foram publicados pela editora O último dia de um condenado (1829) e O homem que ri (1868). No final da carreira, passou um longo período no exílio, por oposição ao império de Napoleão III. Teve longa militância contra a pena de morte. Faleceu em 22 de maio de 1885, em Paris, e está enterrado no Panthéon.

 

TRECHOS

“Vivia-se publicamente, comia-se em mesas postas diante das portas; sentadas à entrada das igrejas, as mulheres desfiavam velhos tecidos cantando ‘A Marselhesa’, o parque de Monceau e o jardim de Luxemburgo serviam como terreno de manobras militares, em todos os cruzamentos havia armeiros trabalhando sem parar, fabricavam fuzis diante dos olhos dos transeuntes que aplaudiam; em todos os lábios as mesmas palavras: Paciência. Estamos vivendo uma revolução.” [p. 109]

“Lugar imenso. Todos os tipos de humanos, inumanos e sobre-humanos estavam ali. Um acúmulo de antagonismos. Guillotin evitando David, Bazire insultando Chabot, Guadet zombando de Saint-Just, Vergniaud desdenhando de Danton, Louvet atacando Robespierre, Buzot denunciando Égalité, Chambon difamando Pache, todos execrando Marat. E quantos nomes ainda seria preciso mencionar! Armonville, chamado de Boina Vermelha porque estava sempre com seu boné frígio, era amigo de Robespierre e desejava, “depois de Luís XVI, guilhotinar Robespierre” por uma questão de equilíbrio; Massieu, colega e quase sósia do bom Lamourette, um bispo que legou seu nome a um beijo35; Lehardy, do Morbihan, que estigmatizava os padres da Bretanha; Barère, o homem das maiorias, que presidia quando Luís XVI foi levado ao tribunal e que era para Paméla o que Louvet era para Lodoïska…” [p. 186]

“Julho passou, agosto chegou, um vento heroico e feroz varria a França, e dois espectros acabavam de surgir no horizonte. Marat com uma faca no peito, Charlotte Corday sem cabeça, a situação se tornava trágica. Quanto à Vendeia, vencida em sua grande estratégia, ela se refugiava nas menores, as mais temíveis, como dissemos; essa guerra era agora uma imensa batalha retalhada dentro do bosque; os desastres do grande exército, dito católico e real, começavam; um decreto deslocou para a Vendeia as tropas de Mayence; oito mil vendeanos tinham sido mortos em Ancenis; os vendeanos haviam sido rechaçados de Nantes, desalojados de Montaigu, expulsos de Thouars, caçados em Noirmoutier, expelidos de Cholet, de Montagne e de Saumur; eles evacuavam Parthenay; abandonavam Clisson; fugiam de Châtillon; perdiam a bandeira em Saint-Hilaire, foram derrotados em Pornic, em Sables, em Fontenay, em Doué, em Château-d’Eau, em Ponts-de-Cé; eles estavam encurralados em Luçon, batendo em retirada em Châtaigneraye, em debandada em Roche-sur-Yon; entretanto, de um lado, eles ameaçavam Rochelle, e de outro, nas águas de Guernesey, uma frota inglesa, sob as ordens do general Craig transportando juntos os melhores oficiais da Marinha francesa e vários regimentos ingleses, aguardava apenas um sinal do marquês de Lantenac para desembarcar.” [p. 269-270]

“O velho monarquista rebelde estava acuado em sua toca; evidentemente, não poderia escapar; e Cimourdain fazia questão de ver o marquês decapitado em sua região, em uma praça, em suas terras e, de algum modo, diante de sua casa, a fim de que a residência feudal visse cair a cabeça do homem feudal e que o exemplo fosse memorável.” [p. 321]


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